Este é o primeiro post sobre as condições de acessibilidade na região da Pampulha, em Belo Horizonte, onde fica a arena Mineirão, a Lagoa e o Conjunto Moderno, com edifícios projetados por Niemeyer, jardins de Burle Marx e obras de Cândido Portinari.
O conjunto arquitetônico moderno da Pampulha foi declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco no dia 17 de julho. Ele leva a assinatura de importantes nomes da arquitetura e das artes, como Oscar Niemeyer, Roberto Burle Marx e Cândido Portinari. O reconhecimento do valor desse conjunto tem um aspecto prático: elementos do complexo arquitetônico deverão ser restaurados e deverá ser estabelecida uma estratégia de turismo para a área, além de medidas para melhorar a qualidade da água da Lagoa da Pampulha.
O Conjunto inclui os edifícios e jardins da Igreja de São Francisco de Assis (Igrejinha da Pampulha), o Cassino (atual Museu de Arte da Pampulha), a Casa do Baile (atual Centro de Referência em Urbanismo, Arquitetura e Design de Belo Horizonte) e o Iate Golfe Clube (hoje Iate Tênis Clube), construídos quase simultaneamente entre 1942 e 1943, além do espelho d´água e a orla da Lagoa. O conjunto também contempla a Praça Dino Barbieri (em frente à Igreja São Francisco de Assis) e a Praça Alberto Dalva Simão (próxima à Casa do Baile), ambas projetadas por Burle Marx. (Informação extraída daqui)
Para ser bem honesta com vc, acho lamentável que o belo-horizontino, de modo geral, valorize tão pouco os tesouros que há na cidade, enquanto incensa monumentos ou paisagens que não chegam aos pés dos nossos. A Pampulha guarda a genialidade de vários artistas e descortina a visão ambiciosa de Kubitschek, então prefeito, que decidiu que o local poderia abrigar muito mais que um simples reservatório de água (a Lagoa da Pampulha). Por causa disso, Belo Horizonte é depositária de obras que mostram o nascimento da arquitetura moderna no Brasil. Saiba mais aqui, na reportagem da Globo News, que também mostra belas imagens aéreas da região.
Há muito tempo planejo fazer postagens especiais sobre a Pampulha; afinal, ela é um marco turístico e é lá que se localiza a arena Mineirão, onde se realizam jogos mais destacados, como os das Olimpíadas ou da Copa do Mundo. Surgiu agora a oportunidade, e, por coincidência, justamente na semana em que a Unesco concedeu o título.
Neste primeiro post, com a parceria da fotógrafa e psicóloga Marta Alencar, mostramos o Museu de Arte, a Casa do Baile e damos a dica de um bar. E recebo também, no post seguinte a este, o auxílio de Pedro Muriel Bertolini, trazendo resenhas de três importantes restaurantes da região, para o turista ou frequentador não ficar desassistido.
Vamos lá?
A inscrição na Lista do Patrimônio Mundial significa que o Conjunto Moderno da Pampulha passará a contar com o compromisso de proteção da Unesco e de todos os países signatários da Convenção para a Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural, o que hoje significa contar com o resguardo de 190 países. Além disso, o aporte de recursos e a valorização dos patrimônios culturais mundiais tendem a contribuir para fomentar o turismo na região, o que gera novos investimentos na economia local e empregos para a população.
Museu de Arte da Pampulha
Há bem mais de 20 anos que adquiri o hábito de ser turista em minha própria cidade. Eu saía quase todo fim de semana com o então namorado, para conhecer BH palmo a palmo. Visitávamos diversos lugares e fotografávamos tudo! Depois passei a fazer isso também com amigos, e foi por essa época que visitamos o Museu, numa ensolarada manhã de domingo, quando ele estava apinhado de pais passeando com seus pequenos. Ficamos um bom tempo tomando sol no gramado. Tempos depois, retornei para uma apresentação de música indiana (o museu tem uma sala dedicada a apresentações musicais) e achei tudo mágico: a bonita iluminação, o clima intimista e a belíssima vista da Lagoa, à noite. Que bom que eu estava lá! Voltei ainda para uma exposição da escultora Camille Claudel, quando tive o prazer de ver de perto sua obra pela primeira vez. Ainda guardo o bóton da mostra.
Mas que pena: já na época, tudo revelava ausência de zelo com o patrimônio. O Museu nunca teve nem mesmo um site para divulgar sua programação. E fiquei triste de ver que, passados tantos anos, a falta de cuidado permanece. Por isso recebi com alegria e esperança a declaração da Unesco, pois acredito que haverá a revitalização que esse patrimônio merece.
A acessibilidade do Museu se resume ao legado original: não há degraus na entrada, o piso térreo é plano, e há rampas (embora muito íngremes) para acesso aos pisos superiores e à sala de apresentações musicais. Não há elevador.
É possível acessar os jardins da parte de trás, de onde se tem uma bela vista da Lagoa, mas, logo no início, há lajotas que dificultam a circulação da cadeira; será preciso auxílio. Depois, o piso fica plano. Os jardins estão construídos em desnível, então não haverá como circular com a cadeira. Mas é possível contornar o prédio (a largura do passeio é de cerca de 80 cm).
Não há vagas para cadeirantes, e estacionar é difícil, por conta do numeroso público que visita o local. Mas os funcionários se superaram em gentileza e atenção, destinando-nos um local praticamente na porta.
Não há banheiro adaptado.
Não desanime. É tudo muito bonito e, se quiser tirar fotos, elas com certeza ficarão lindas! Está vendo como as minhas, tiradas pela Marta Alencar, ficaram?
Anote:
Localização: Av. Otacílio Negrão de Lima, 16.585 | como chegar
Horário: de terça a domingo, das 9 às 19h
Contato: map.fmc@pbh.gov.br – Tel: (31) 3277-7946
Para saber mais:
Museu de Arte da Pampulha na Enciclopédia Itaú Cultural
Museu de Arte da Pampulha no programa Conhecendo Museus, da TV Brasil
Atenção: há planejamento de que o Museu feche para reforma a partir deste mês. Então, procure se informar antes de bater com a cara na porta, hein? Sobre isso, leia mais aqui.
Casa do Baile
Chegamos à Casa do Baile para fotografar num momento de festa. Estava acontecendo a abertura da Exposição Juscelino Kubitschek, que ficará em cartaz até 22 de agosto (horário de visitação: terça a domingo das 9h às 18h; quintas até as 21h).
Também não oferece vaga reservada, e é muito difícil estacionar no entorno, muito mesmo. Mais uma vez pedimos aos seguranças que nos indicassem uma possibilidade, e eles nos permitiram parar em cima da calçada. Gente, não é legal isso, né? Danifica a calçada. Mas foi o que puderam fazer, porque não havia como estacionar por perto.
Curtimos um pouco a festa, com boa música e salgadinhos, demos uma olhada na exposição e assistimos a um belo pôr de sol. Vejam as belas fotos!
Anote:
Localização: Av. Otacílio Negrão de Lima, 751 | como chegar
Horário: de terça a domingo, das 9h às 19h.
Contato: cb.fmc@pbh.gov.br – Tel: (31) 3277-7443
Para saber mais:
Casa do Baile no site Arquitetos Associados
Site Museu Virtual Brasil
Comer e beber na Pampulha
Butiquim São Jorge
Marta e eu finalizamos o dia no Butiquim São Jorge, localizado na Avenida Fleming, que reúne excelentes opções para comer e beber. Essa avenida pode ser alcançada facilmente a partir da Igrejinha da Pampulha (sobre a qual falarei no próximo post).
Liguei antes, a fim de saber se tinha acessibilidade. Confirmada, zarpamos para lá.
Há rebaixamentos de calçadas, mas não estão de acordo com o padrão recomendado pela norma de acessibilidade: não têm a inclinação correta, nem piso tátil. Mas considero que assim é melhor que nada.
A entrada não tem degrau, somente uma rampa suave. Há uma varanda em torno do bar, muito agradável. Para acessar a parte interna, um desnível de uns dois centímetros recebeu um tapetinho para amenizá-lo. É tranquilo ultrapassá-lo para ter acesso ao banheiro, que é grande e simples de usar.
O local é charmoso, os frequentadores são alegres e simpáticos, e o atendimento é bom. Comemos apenas uns pasteizinhos, então não vai ser possível falar sobre qualidade da comida. Eles estavam apenas razoáveis, assim como o suco que tomei. Mas somente isso não nos permitiria avaliar com justiça, não é mesmo?
Me parece um bom local para quem está na região curtir a noite alegre da capital mineira!
Para saber mais:
Site do Circuito Gastronômico da Pampulha
A partir deste ponto, o blog receberá a colaboração do amigo Pedro Muriel Bertolini, que indicará três bons restaurantes da região. Vou publicá-lo num post à parte, a fim de que este não fique muito extenso.
Abração e até o próximo post sobre a Pampulha, com a Igrejinha de São Francisco e o Parque Ecológico! Não perca!
Para saber mais sobre a Pampulha:
Acessibilidade no Mineirão
Site do Mineirão | Jornal Estado de Minas | Blog do Cadeirante: aqui e aqui
Blitz de acessibilidade nos estádios Independência e Mineirão
Pampulha no Fantástico
Sobre o serviço de limpeza da água da Lagoa