Inhotim: acessibilidade para cadeirantes

Por que conhecer Inhotim? Na verdade, posso relacionar aqui inúmeras razões e ainda, certamente, terei deixado alguma de fora. Mas, além de ser único no mundo, este lugar nos oferece beleza, conhecimento e contato com a natureza. A visita ao local rende descobertas fascinantes, e deve ser por isso que vem gente do mundo inteiro conhecê-lo. Neste post, além de te mostrar obras, galeria e paisagismo, te dou detalhes sobre a acessibilidade para cadeirantes. Vamos?

É impossível não se encantar com Inhotim (Foto: Marta Alencar)

 

Inhotim é, ao mesmo tempo, museu de arte contemporânea e jardim botânico.

Possivelmente, é algo diferente de tudo que você já viu. Não me parece exagero dizer que é como se estivéssemos entrando num universo paralelo.

O local reúne várias possibilidades de nos atrair. Certamente, teremos vontade de conferir o  paisagismo que enche os olhos e restaura as energias. Mas também nossa curiosidade nos moverá a conhecer as galerias de arte, que expõem obras curiosas e impactantes. Muitas dessas obras estão a céu aberto, interagindo com a paisagem.

Além de tudo, Inhotim oferece itens de acessibilidade que tornam possível a visita de cadeirantes, apesar de se localizar em uma área com relevo acidentado. Vou detalhar tudo!

[Post publicado em 2015 atualizado em 14/01/2021]

 

Uma metamorfose ambulante

 

O site de Inhotim esclarece que ele é a única instituição brasileira com acervo de excelência internacional de arte contemporânea. Na verdade, temos à disposição um modelo bem diferente daquele dos museus convencionais.

Estive lá pela primeira vez em 2010, quando publiquei dois posts a respeito, no endereço antigo do Cadeira Voadora. Mas, por morar em Belo Horizonte, tenho o privilégio de poder visitar o local de vez em quando. Afinal, fica perto, a cerca de 60km, no município de Brumadinho.

Sendo assim, resolvi atualizar as informações que publiquei, postando uma compilação aqui. 

No entanto, como Inhotim nunca é o mesmo, retorne aqui de vez em quando, porque certamente o post terá passado por atualização. Nestes 12 anos, novas galerias surgiram, e estacionamento, recepção assim como regras para o transporte interno sofreram alterações.

E um alerta importante: antes de ir, consulte o site do local (coloquei o link lá embaixo) e confirme as informações de que necessita.

Não se esqueça de que cadeirante bem-informado tem menos chance de passar perrengues!

 

É nesta jardineira elétrica que você poderá percorrer todo o parque.

Jardineira para percorrer o parque, que tem rampa, mas não tem cintos de segurança. [Todas as fotos pertencem ao meu acervo, exceto quando indicado]

 

Acessibilidade

 

Agora, vamos falar sobre como é a acessibilidade em Inhotim? O site do local dá algumas informações, que vou reproduzir aqui, junto com as observações que fiz.

Como sou cadeirante, meu olhar está mais voltado para este público. Para outras informações, aconselho a entrar em contato com o Instituto, pelo site, pelas redes sociais ou por telefone.

 

Informações do site oficial

 

O site informa que Inhotim possui diferentes tipos de pisos e nivelações variadas, tanto na parte externa quanto nas galerias. Na verdade, algumas galerias e obras de arte apresentam características que limitam o acesso, como, por exemplo, uma em que é possível caminhar sobre cacos de vidro.

Além de empréstimo de cadeira de rodas, o Instituto disponibiliza 50 minutos de transporte interno gratuito, sujeito à disponibilidade, para visitantes com deficiência ou mobilidade reduzida. Como o agendamento deve ser feito na recepção, no dia da visita, sugiro que você chegue no horário de abertura.

Fiz um vídeo para te mostrar variações do piso na área externa. É só clicar aqui para conferir.

 

 

Banheiros e circulação pelo parque

No mapa do parque (aqui), há indicações para encontrar os banheiros adaptados. Prefiro usar o da recepção, que não é totalmente acessível, mas tem barras de segurança, bom espaço e pia com rebaixamento. Além disso, estava sempre limpo e bem-cuidado.

Em minha opinião, Inhotim oferece acessibilidade suficiente para uma grande parte dos cadeirantes se aventurarem. Isso, apesar do terreno íngreme em algumas áreas, do piso irregular nos jardins e da falta de acesso em algumas galerias e pavilhões.

Leve um acompanhante com braços fortes para te ajudar, e assim você terá mais chances de conhecer mais locais.

 

Algumas galerias com acesso

 

Aqui estão algumas galerias que considero mais viáveis para cadeirantes. Porém, os próprios motoristas das jardineiras elétricas certamente saberão dar informações mais precisas.

Na verdade, os monitores das galerias também costumam estar bem-informados. Uma das marcas do Instituto é a excelente capacitação dos funcionários, e isso é louvável.

 

A foto acima mostra a obra Narcissus Garden, que tem esferas de aço que se movimentam suavemente com o vento, sempre formando um novo desenho. (Todas as fotos pertencem ao meu acervo pessoal)

 

Na foto, tirada em 2011, estou na entrada da galeria Adriana Varejão.

 

Nas duas fotos acima, você vê a Galeria Adriana Varejão. Cadeirantes têm acesso ao primeiro piso pela entrada principal (onde estou, na segunda foto). No entanto, o acesso ao segundo piso é feito por uma rampa que se inicia no terraço. Para chegar lá, é preciso contornar o prédio, e a área é bem íngreme. Assim, sugiro pedir ao motorista do carrinho que pare lá, pois pode ser muito radical subir “a pé”.

 

Sonic Pavilion. De acordo com o site de Inhotim, "construção dentro da qual o espectador ouve uma transmissão contínua de sons emitidos a centenas de metros no interior da Terra e captados por microfones geológicos". Não é possível descrever... Fica no alto de um morro, acessível usando as jardineiras. Há uma rampa na entrada. Fascinante.

 

Este é o Sonic Pavilion, que você não pode deixar de conhecer de forma alguma. De acordo com o site de Inhotim, é uma “construção dentro da qual o espectador ouve uma transmissão contínua de sons emitidos a centenas de metros no interior da Terra e captados por microfones geológicos”. Esse som é transmitido em tempo real, e vai mudando, porque depende da movimentação geológica. Doido demais, né? Eu achei! O local fica no alto de um morro, e é acessível usando as jardineiras elétricas. Para entrar, há uma rampa.

 

Onde comer

 

Onofre e eu estamos almoçando no Restaurante Tamboril

 

Inhotim tem dois restaurantes e alguns outros locais para lanche.

Na foto acima, estou almoçando com o Onofre no Restaurante Tamboril, que tem entrada sem degraus, mas com piso revestido com pedras. Além disso, tem banheiro amplo, com porta larga e pia que permite aproximação frontal.

Do lado externo, há algumas mesas no agradável jardim.

O valor do almoço está associado à qualidade, variedade e complexidade do que é servido, então não é baixo. Nas vezes em que estive lá, o preço era único pelo buffet livre. Como isso pode variar, é melhor checar antes de iniciar a comilança… rs

Quando estive lá com o Dió, almoçamos no Restaurante Oiticica, que é mais barato, porque a variedade é menor, e as preparações menos sofisticadas. O buffet era self-service com balança. O local é bonito e tem vista para o jardim e o belíssimo lago. Vi placa indicando banheiro acessível, mas, como não o visitei, desconheço as condições.

 

As duas fotos acima são do Café das Flores

 

Antes de almoçar, ou à tardinha, vale tomar um café com pão de queijo no Café das Flores, que também tem comidinhas e sanduíches. Você verá que é um local romântico e muito agradável, que tinha os preços altos, mas constatei redução na última vez em que estive lá, em 2019.

 

Já ouviu falar no tamboril?

 

A famosa árvore tamboril. Esta foto é um clichê: todo mundo que vai a Inhotim faz esse clique! rsrs

 

 

Nas fotos acima, você pode conferir a famosa árvore denominada “tamboril”.

Ir a Inhotim e não conhecer essa árvore, que é centenária e um dos símbolos do lugar, é como ir a Roma e não ver o Papa. hahaha

Tire uma foto lá! É clássica, para não dizer clichê… rs. Na primeira foto, estou com Onofre; depois, eu comigo mesma; por fim, a foto que tirei do Dió.

 

Mais três galerias imperdíveis

 

Para finalizar, indico mais três galerias, todas viáveis para cadeirantes. 

A galeria True Rouge nos apresenta uma instigante obra de Tunga, que já pode ser observada através dos vidros, à medida que nos aproximamos dela, margeando o belo lago.

 

É nesta jardineira elétrica que você poderá percorrer todo o parque.

Estou assentada em uma muretinha em frente à Galeria True Rouge, com o belo lago ao fundo.

 

The Murder of Crows fica numa sala com 98 caixas de som que produzem uma escultura sonora. Não dá pra explicar as sensações que a gente experimenta ouvindo a história contada por Janet, cuja voz sai de um gramofone no centro do salão. Na verdade, a música, o som do mar e o barulho das gaivotas, tudo parece estar presente ali, fisicamente, e não saindo de caixas de som. Chegamos, às vezes, a nos assustar com os passos, cujos sons, apesar de saírem dos alto-falantes, são impressionantemente reais. 

Galeria Psicoativa Tunga: tem dois pisos e várias salas, varandas, recantos, formando um conjunto que achei impactante. Foi a galeria de que mais gostamos, pela riqueza de emoções e reflexões que despertou em nós. A arquitetura é belíssima, um espetáculo à parte, com a galeria encravada na floresta. 

 

Não se iluda…

 

Para realmente terminar, preciso te fazer um alerta.

Não se iluda achando que conseguirá conhecer Inhotim em apenas um dia. Afinal, é algo difícil mesmo que você permanecer no local durante todo o horário de visitação e que não tenha nenhuma deficiência.

Isso, porque o parque é imenso, há muitas galerias, e não vale a pena ter pressa. No meu modo de ver, é preferível conhecer menos coisas e usufruir mais, contemplar as paisagens e obras sem pressa, tomar um cafezinho, almoçar e até cochilar no gramado…

Na verdade, tudo isso faz parte da experiência, concorda?

 

Para saber mais:

Site de Inhotim

Faça uma visita virtual

Baixe um mapa antes de ir

Guia BH Acessível e arredores | Post do Cadeira Voadora

 

About Laura Martins

Laura Martins criou o blog Cadeira Voadora em 2011 para compartilhar suas experiências de viagem em cadeira de rodas. Para ela, viajar desenvolve inúmeras habilidades, nos faz menos intolerantes por conviver com as diferenças e ajuda a construir inclusão, porque as cidades vão ficando mais preparadas à medida que as pessoas vão se fazendo visíveis. Entre em contato pelo e-mail contato@lauramartins.net.

2 Comments

  1. Querida Laura,
    estou escrevendo um livro, Viagem ao Topo do Mundo, e encontrei seu post sobre o Inhotim e vou usa-lo para escrever capitulo sobre esse lugar orgulho da raça!
    Grato,
    Antonio

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