Viagem ao Chile: como é voar pela Latam e acessibilidade no aeroporto de Santiago

 

Quer saber como está sendo o atendimento Latam às pessoas com deficiência física? E como é a acessibilidade no Aeroporto Internacional Arturo Merino Benítez, em Santiago? Leia aqui!

 

Observe a altura do balcão de atendimento no check-in do aeroporto de Santiago. Estou assentada em minha cadeira de rodas, sendo atendida pela moça do coque. Em nenhum momento ela se levantou para conversar comigo, mesmo que não estivéssemos ouvindo uma à outra.

 

♥ Abaixo, no Para saber mais, você encontra os links para todos os meus posts sobre o Chile! 😉

 

Viagens aéreas permanecem sendo um grande desafio para pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida, ainda mais quando vamos para lugares em que a acessibilidade ainda não avançou – ou avança a passos de tartaruga.

O aeroporto de Santiago tem muito o que melhorar em matéria de acessibilidade. E, no que se refere à companhia aérea escolhida, a Latam deixou bastante a desejar. Vou te explicar por qual razão digo isso, não sem antes te alertar que, quando compartilho essas informações, ou impressões, não quero te desanimar de viajar. Longe disso! O que eu quero é apenas te prevenir, para que você tome as precauções necessárias para ter menos perrengues. Vambora!

 

Esta foto foi postada há apenas cinco dias no Instagram do Ciudad Accessible, mostrando a mesma situação pela qual passei, no mesmo aeroporto.

 

 

Atendimento Latam

 

Durante anos considerei a Tam a melhor companhia aérea brasileira. No que se referia ao atendimento às pessoas com deficiência, também sempre a apreciei muito, tanto que evitava a todo custo utilizar os serviços de outras companhias aéreas.

Contudo, devo admitir que o atendimento das concorrentes melhorou. Já os serviços da Tam, após a fusão com a Lan, infelizmente, no meu ponto de vista, caíram de qualidade. Que pena.

Aqui no Brasil, nem tanto. O atendimento nos aeroportos de Confins (Belo Horizonte) e Guarulhos (São Paulo) foram eficientes. As aeronaves A319 nas quais voamos na ida para Santiago estavam em boas condições, limpas, as poltronas eram confortáveis e havia espaço para as pernas. Além disso, a tripulação ofereceu um atendimento cordial, educado e fez o que pôde, por exemplo, para superar as deficiências do banheiro da aeronave. O espaço interno era minúsculo. E, na minha vez de usá-lo, havia acabado a água para lavar as mãos. Prontamente, o comissário me trouxe uma garrafa de água mineral, e o problema foi resolvido com glamour.

Mas fazer a transferência da cadeirinha de transbordo para o minúsculo banheiro não teve nenhum glamour. Não foi uma manobra simples. Examinamos qual dos três banheiros tinha largura suficiente para a passagem da cadeira; entrei de frente e foi assim que fiz a transferência. Era tão pequeno que, se houvesse turbulência, não haveria perigo de cair do vaso sanitário, porque não havia espaço para isso.

Antes da viagem, na aquisição de passagens, notei que a experiência no site também piorou. Várias vezes ele estava travado, e eu tinha de entrar novamente mais tarde. E não foi possível escolher as refeições on-line; tive de telefonar para fazer isso.

E no retorno ao Brasil? Bem, a situação conseguiu ficar pior.

Ao chegar ao aeroporto de Santiago para o check-in, o balcão prioritário não tinha atendente. Demorou a aparecer uma funcionária. O atendimento foi lento, muito lento.

Após, foi a hora de pegar a cadeira de rodas que havíamos solicitado para minha mãe pelo site, quando adquiri as passagens. Pasmem: cerca de 30 minutos se passaram até que trouxessem a cadeira para ela, que tem mobilidade reduzida e não consegue ficar de pé por longo tempo, muito menos caminhar longas distâncias.

Agora vamos falar da aeronave que fez a rota Santiago-Guarulhos: era antiga e feiosa; parecia ter saído de um filme de época. Mas até aí tudo bem; o pior foi a falta de espaço a bordo, até para mim que sou bem pequena… A distância entre os joelhos e a poltrona da frente era inexistente; não era possível o passageiro que estava na janela passar pelos outros dois para ter acesso ao corredor. Para fazer isso, os colegas de voo tinham que se levantar.

Quando chegamos a São Paulo (aeroporto de Guarulhos), tivemos novos problemas, desta vez com a conexão. Já havia mais de uma hora e meia que eu tinha embarcado (cadeirante entra antes, né?), e a aeronave não decolava; aliás, nem mesmo haviam fechado as portas. Funcionários do aeroporto entravam e saíam a todo minuto, mas ninguém nos informava o que estava acontecendo. Até que as pessoas começaram a se levantar, porque ficaram nervosas. Só então o comandante avisou, pelo sistema de som, que havia um problema na placa do computador, e não poderíamos partir até que fosse resolvido.

Resultado: grande número de passageiros exigiu que houvesse troca de aeronave. Quando enfim embarcamos em outra aeronave, outro problema aconteceu, pois uma passageira declarou estar passando mal. Mais duas horas de atraso. Ao todo, quatro horas.

Estou resumindo muito. Houve várias intercorrências, mas não vou tomar seu tempo com isso. Basta que você saiba que tudo foi bastante desorganizado e estressante.

Para piorar, em Guarulhos os funcionários da Latam colaram etiquetas adesivas nas rodas da minha cadeira; não encontraram outro lugar, embora de todas as outras vezes tenham colado na lateral, na barra traseira, na dianteira. E você sabe como é difícil arrancar essas etiquetas, né?

Isso tudo é desconcertante. Seria inteligente, por parte da companhia, oferecer um serviço melhor, até porque ela tem excelentes horários de viagem, e foi por isso que nós a escolhemos. Mas, em uma próxima ida ao Chile, creio que vou preferir chegar de madrugada, a não ser que eu tenha notícias de que os serviços tenham melhorado.

Pode ser falta de sorte nossa? Sim, claro. Mas é você quem vai nos contar se sua experiência atual com a Latam tem sido diferente, para que possamos formar uma ideia mais justa.

Como eu disse antes, não quero te desanimar. Mas não seria honesto da minha parte se eu omitisse essas informações. Arme-se de paciência quando for viajar e procure conhecer seus direitos, até mesmo para exigi-los no caso de atraso maior do que o permitido pelas normas.

 

Aeroporto de Santiago

 

Agora, vou te falar sobre a estrutura do aeroporto de Santiago. Ele é simples e pequeno, mas com uma área bem grande de Duty-Free, que nós não pudemos aproveitar, por causa da lentidão do check-in. Se bem que, pelo que observamos numa rápida passada de olhos, os preços não estavam atrativos.

Há vários restaurantes e cafeterias, com opções bastante variadas.

Os banheiros variam: usei um bastante estreito, que era uma cabine dentro de um banheiro feminino que tinha várias outras cabines. E usei um exclusivo, bastante amplo, limpo, muito bom.

Os funcionários do aeroporto que nos auxiliaram no desembarque, quando chegamos a Santiago, foram muito prestativos, pacientes e cordiais.

O que me incomodou com força no local foi mesmo o balcão do check-in. Fui atendida no prioritário; era tão alto que eu não enxergava a funcionária, só a ponta do coque do cabelo. A todo momento ela se dirigia a um dos meus acompanhantes, porque eu simplesmente não escutava nada do que ela falava! Fala sério. Isso não é coisa que se faça com um ser humano.

Bem, essas experiências não foram exatamente agradáveis, mas fazem parte da vida e vão persistir enquanto estivermos avançando rumo à acessibilidade. Também enfrentei um balcão ridículo assim na Inglaterra, no aeroporto da cidade de Newcastle…

 

Para esquecer tudo, o melhor foi encher nossos olhos com a indescritível visão da Cordilheira dos Andes, vista da janelinha do avião. É claro que a foto feita com o celular não é capaz de te passar nem 10% do encanto…

 

Dito isso, reitero: o Chile é apaixonante. E tenho fé de que a luta por acessibilidade vai se fortalecer, portanto essas condições hão de melhorar.

Até o próximo post, que será o último da série #CadeiraVoadoraNoChile, com dicas de passeios e restaurantes em Santiago! Vou te falar do delicioso bar de vinhos BocaNáriz e do Sky Costanera, uma torre de onde se avista toda a cidade de Santiago, a partir do 61º andar. Imperdível!

 

♥ Abaixo, no Para saber mais, você encontra os links para todos os meus posts sobre o Chile! 😉

 

Cenas do próximo capítulo: esta é a vista que captei do 61º andar do Sky Costanera. Muito linda, não?

 

 

Para saber mais:

 

Série #CadeiraVoadoraNoChile

 

Mobilidade em Santiago, feriados irrenunciables e agência contratada para passeios

Valparaíso e Viña del Mar

Vinícolas: Concha y Toro, Santa Rita e Veramonte

Hotel acessível em Santiago

Viagem aérea (Latam) e aeroporto de Santiago

 

Chile em outros sites e blogs

Nota: quando indico blogs ou sites, isso não significa que eu concorde com todas as percepções dos autores, principalmente nos que oferecem informações sobre acessibilidade. Mas mesmo assim indico, porque oferecem informações detalhadas e importantes. Sobretudo, preste atenção nas datas de cada post e se foram atualizados, porque tudo muda o tempo todo!

 

Nós no Chile

Dúvidas frequentes sobre viagem para o Chile

Santiago no blog Viaje na Viagem

Santiago para cadeirantes no blog Mão na Roda 

Chile para cadeirantes no blog Casadaptada

Santiago para cadeirantes no BHLegal

Como é Santiago para deficientes

Metrô de Santiago – acessibilidade

Un recorrido por Santiago: rutas y accesibilidad universal

 

 

About Laura Martins

Laura Martins criou o blog Cadeira Voadora em 2011 para compartilhar suas experiências de viagem em cadeira de rodas. Para ela, viajar desenvolve inúmeras habilidades, nos faz menos intolerantes por conviver com as diferenças e ajuda a construir inclusão, porque as cidades vão ficando mais preparadas à medida que as pessoas vão se fazendo visíveis. Entre em contato pelo e-mail contato@lauramartins.net.

Comments are closed.