Paris: dicas para cadeirantes | Post 1

 

Curtindo um solzinho no Jardin du Luxembourg. Na época, eu usava muletas e órtese, mas também cadeira de rodas

 

Volta e meia alguém entra em contato perguntando se tenho dicas para cadeirantes que vão a Paris. Tenho sim, muitas! É que os posts sobre a cidade estavam no endereço antigo do blog, mas vou transferi-los para cá, a fim de facilitar a consulta.

Esteja atento para o fato de que viajei para lá em 2008, então as informações precisarão ser confirmadas. Mas é preciso lembrar que devemos checar todas as informações que lemos em blogs, porque as coisas mudam com o tempo e também porque grande parte dos textos se baseia mais em impressões que em fatos.

Serão vários posts, e após cada um deles colocarei um print dos comentários do endereço antigo, porque são preciosos! Como eu poderia descartar a participação dos leitores?

 

Era uma vez um sonho…

 

Conhecer Paris era um sonho antigo – e, convenhamos, nada original. Seria minha primeira viagem ao exterior (estávamos em outubro de 2008), e eu tinha muitas inseguranças, por causa da deficiência física.

Como seriam a viagem aérea e as conexões, quem levaria minha bagagem? Será que encontraria banheiros públicos acessíveis? E se eu adoecesse, ou se minha musculatura não aguentasse tamanha exigência, o que faria?

Estava indo sozinha, para encontrar meu amigo Guile em Genebra (leia o post a respeito), onde ficaria três dias, e então seguiríamos para Paris, de TGV (o trem-bala francês).

Mesmo com todas as pesquisas que havia feito sobre o acesso de cadeirantes a aeroportos e às cidades que iria visitar, me perguntava se tudo funcionaria bem ou se as informações poderiam não se confirmar. Sabemos que isso ocorre com mais frequência do que todos gostaríamos, infelizmente.

 

Mas e a parte boa?

 

Por outro lado, havia o grande incentivo dos amigos. Guile, em Genebra, estava me dando todo o apoio possível, resolvendo coisas à distância.

No Brasil, Alcione me incentivou quanto pôde e muniu-me de informações sobre tudo, desde expressões em francês para o dia a dia até regras de etiqueta. Já Ary e Euder me ajudaram a montar uma maletinha de medicamentos alopáticos e homeopáticos para necessidades diversas.

Ainda tem mais: Ilma e companhia se juntaram para encaminhar as melhores vibrações lá da Casa de Everilda. E Glaucilene e Sabrina, na fisioterapia e no pilates, prepararam minha musculatura para os desafios. Conforme você vê, melhor assessoria seria impossível.

 

Guile caprichou no apoio que me deu para que tudo transcorresse da melhor forma. Na foto, estamos em Chennonceau.

 

 

Problemas? Imagina…

 

Se tive problemas na ida? Inúmeros!

O voo da Air France atrasou demais, e por isso perdi a conexão para Genebra, mesmo sendo um voo code share. Nós, passageiros, tivemos que esperar quase três horas por outro!

Na aeronave, tive problemas com o assento, porque a chefe de cabine não permitiu que eu ficasse no que me havia sido destinado pela desinformada atendente no check-in, pois era uma saída de emergência, local não permitido para quem precisa de ajuda em caso de pane.

E, por fim, minha mala extraviou-se, o que é comum quando se perde conexão, mas só fiquei sabendo disso depois. Mas eu cheguei, amassada, com fome – e feliz, por mais estranho que possa parecer…

 

Flanando pelas ruas, a gente encontra os lugares que ficaram marcados pela história

 

 

Hotel perto do Louvre

 

Guile e eu em frente ao Louvre

Ficamos em um hotel muito bacana e acessível para cadeirantes: o Grand Hôtel Du Palais Royal. Tratei tudo por e-mail, sem dar um telefonema, e deu tudo certo, mesmo sendo 2008, na era pré-Booking.

 

Acessibilidade no hotel

 

Havia um degrauzinho de dois centímetros na entrada, apenas, mas parece que não há mais, porque sofreu uma reforma. Mesmo assim, para mim não chegava a ser um problema.

Encontrei banheiro adaptado na recepção, elevador moderno (em Paris, muitos hotéis não têm elevador, outros têm aquele retrô, com gradinha), quarto imenso, banheiro muito amplo e adaptado de verdade (não era só maquiagem).

Os funcionários eram muito gentis, e o café da manhã fantástico.

 

Tarifas e localização

 

Era um hotel caro, e parece que ficou mais caro ainda após as reformas. Eu o escolhi porque quase fiquei sem ter onde ficar, mesmo tendo pesquisado com antecedência a melhor data. O fato é que, sem saber, agendei a viagem justo para a semana de moda de Paris, e por isso as reservas nos hotéis mais centrais haviam se esgotado rápido.

Ele fica a uma quadra do Museu do Louvre e, enfim, perto das principais atrações turísticas parisienses. Como eu iria ficar três dias sozinha na cidade, queria um hotel de onde pudesse partir para passeios a pé, sem ter de pegar táxi (na época não havia Uber). E nisso eu acertei, pois de lá pude ir tocando a cadeira a diversos lugares.

Infelizmente, por um descuido na hora de descarregar as fotos da câmera, perdi todas as do hotel…

 

Acessibilidade geral

 

Foi fácil circular em Paris com cadeira de rodas, mesmo tocando a própria cadeira. Em todos os lugares por onde passei, nas regiões turísticas, havia rebaixamento das calçadas, mas leve em conta que não circulei pela região do Sacré-Coeur nem do Marais, a não ser na Place des Vosges, que não era fácil para cadeirantes.

Assim que chegamos, após almoçar em um dos charmosos bistrôs perto do hotel, passeamos pela área externa do Louvre, continuamos pelo Jardin des Tuileries e seguimos por toda a Champs-Élysées. Encontramos trechos com calçadas quebradas e outros tomados por exposições, como no Brasil, mas em muito menor proporção…

Nas fotos a seguir: Palácio da Bolsa / Jardin du Luxembourg / Massa num dos restaurantes da Place des Vosges / Torre Eiffel vista da Torre Montparnasse / loja Louis Vuitton da Av. Champs-Elysées

 

 

 

Gentileza existe em qualquer lugar

 

No meu quarto dia na Europa, e primeiro em Paris, eu já tinha duas certezas: meu francês estava bem melhor do que eu supunha, e as metrópoles europeias estavam mais preparadas para receber cadeirantes do que eu imaginava. Descobri também que gentileza e solidariedade, ao que parecia, existiam em qualquer canto do mundo.

Fomos muito bem atendidos em praticamente todos os lugares, com exceção de um garçom que nos recebeu em um restaurante próximo à Notre-Dame. E, nos meus dias sozinha, recebi ajuda em todo canto, sem nem mesmo ter que pedir. Nos museus, notei que os seguranças estavam atentos aos cadeirantes, quando estavam sozinhos, de forma que muitas vezes recebi auxílio sem precisar pedir.

Falar francês ajuda, claro, e certamente isso influenciou na receptividade dos franceses e dos estrangeiros que nos atenderam. Então, se você não fala, aprenda pelo menos o básico: cumprimentar, se despedir, agradecer, se desculpar.

Enquanto não passo os demais posts para este endereço do blog, você pode ler os outros três no endereço antigo, que deixarei abaixo, no Para Saber Mais. E, se tiver dicas extras, colabore conosco deixando aí embaixo, nos comentários!

 

O Museu Rodin é um dos assuntos do próximo post sobre Paris!

Para saber mais:

 

Paris no endereço antigo do Cadeira Voadora

Instituto do Mundo Árabe para cadeirantes | Cadeira Voadora

Para alugar cadeiras de rodas, scooter, etc.

Paris para cadeirantes no blog do Jairo Marques

Conexão Paris | site sobre Paris
Paris em cadeira de rodas
Paris de muletas

 

Comentários do endereço antigo do blog:

 

 

 

 

 

 

About Laura Martins

Laura Martins criou o blog Cadeira Voadora em 2011 para compartilhar suas experiências de viagem em cadeira de rodas. Para ela, viajar desenvolve inúmeras habilidades, nos faz menos intolerantes por conviver com as diferenças e ajuda a construir inclusão, porque as cidades vão ficando mais preparadas à medida que as pessoas vão se fazendo visíveis. Entre em contato pelo e-mail contato@lauramartins.net.

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