Pequenas alegrias escondidas no quintal

Em seu texto de hoje, Fatine Oliveira nos relembra que pequenas alegrias podem passar despercebidas, e até desperdiçadas, por estarmos frequentemente ligados no automático. Para ilustrar a situação, ela conta do girassol que surgiu no quintal de sua casa. Pura poesia!

 

 

— Sabe o que apareceu no quintal?

A pergunta surgiu assim que acordei. Minha mente logo pensou nos nossos gatos. Teria aparecido algum novo? Ou qual deles se envenenou desta vez? Ansiosa pela resposta, fui logo perguntando qual era a tal novidade. Para minha surpresa, não se tratava de nenhuma de minhas expectativas.

— Surgiram dois girassóis no fundo de casa, acredita?

Que alívio, pensei. Uma notícia boa, afinal. Meu pai, envolvido pelo frescor de uma felicidade quase infantil, tratou de registrar o acontecido para me mostrar. Ah, como eram lindos. Grandes, amarelos e fortes como se quisessem impor sua morada. Não sabíamos sua origem, mas a surpresa trouxe uma pequena alegria à rotina daquele dia.

Este é o girassol que apareceu no quintal (Foto: Messias, pai da autora)

O tempo passou, as flores murcharam e, observando a fotografia, me peguei pensando naquele dia e em minha reação inicial. Não sei se vocês sabem, há um simbolismo muito forte em torno dos girassóis. Eles sempre estão virados para o sol e, quando o grande astro não surge, se voltam um para o outro.

 

Desconectados do mundo real

 

Quantas vezes nos deixamos levar no modo automático, sem notar que, para isso, abrimos mão de nossa capacidade de sentir? Fechamos nossa “antena” e deixamos de captar as coisas boas que nos rodeiam.

Passamos todos os dias pelos mesmos lugares e não notamos quando algo novo acontece. Conversamos sem nos conectarmos com o outro de maneira real e vivemos com a sensação de uma solidão sem fim. Por não nos abrirmos, nada esperamos. Ou sempre esperamos que o pior nos aconteça.

Aquele girassol veio para nos alegrar, e fico feliz em saber que aproveitamos sua aparição.

Certa vez, uma amiga me disse que, para suportar as dificuldades da jornada, ela se prendia às pequenas alegrias, valorizava singelas demonstrações de carinho e comemorava cada conquista como se fosse a maior vitória de sua vida. Não porque seu olhar para o mundo era imaturo, mas por compreender que dificuldades fazem parte da vida e com elas podemos aprender muita coisa.

Portanto, faço o convite para vocês buscarem o girassol em seus dias. Que estejam atentos às pequenas alegrias escondidas nos quintais de suas vidas.

 

Para saber mais

 

Outros textos de Fatine no Cadeira Voadora

Site de Fatine Oliveira | Disbuga

Instagram de Fatine

 

 

About Fatine Oliveira

Fatine Oliveira é publicitária e autora do blog/canal Disbuga, onde apresenta de forma reflexiva (e algumas vezes sarcástica) diversos temas sobre a vida da pessoa com deficiência. É também mestre em Comunicação Social (UFMG) com um estudo sobre fotografias de mulheres com deficiência no Instagram. Tem 30 e alguns anos (mas não precisa espalhar!), adora café, seriados, quadrinhos e uma boa conversa no boteco. 😀 Contato: disbuga@gmail.com

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