Potencial de mercado do turismo acessível

Neste post, falarei sobre o potencial de mercado do turismo acessível e as razões pelas quais trazer a acessibilidade para o setor de turismo é uma questão de inteligência.

 

Todas as fotos das palestras, exceto quando indicado, são da autoria de Júlia Duarte (Olhar Registrado)

 

Em outubro de 2017, realizei três palestras em Belo Horizonte sobre turismo acessível. Elas tiveram enfoques diferentes e, consequentemente, públicos diferentes. Foi uma experiência gratificante, principalmente pela oportunidade de expor o tema e desmistificá-lo.

Neste post, contarei um pouco sobre a experiência e farei um resumo das três exposições. Num outro momento, falarei de cada uma separadamente.

Me sinto grata e honrada por ter estado na Academia Mineira de Letras e no Museu das Minas e do Metal representando o projeto Vai Mundo, que tomou meu coração. A programação fez parte da prévia para o evento Museomix, realizado em novembro.

Turismo e acessibilidade: Efeito Tostines

 

Independentemente da legislação, há inúmeros fatores que influenciam o poder público e a comunidade a tornarem acessível um local. Contudo, tenho observado que as cidades que recebem um volume maior de turistas tendem a ser mais acessíveis que as outras.

É comum vermos cadeirantes transitando nas ruas das cidades mais acessíveis. E é também bastante comum ouvir a seguinte justificativa para o estranho fato de um estabelecimento NÃO CUMPRIR A LEI e não ser acessível: “Nenhuma pessoa com deficiência vem aqui… Por isso, não é viável fazer esse gasto com acessibilidade.”

 

Com Marcos Fontoura e Michele Malab, na mesa-redonda que abriu os trabalhos do Vai Mundo no Museomix (foto do meu acervo)

 

Então, na primeira das três palestras, em que participei de uma mesa de conversa, propus ao público esta questão: não é acessível porque as pessoas não vão, ou as pessoas não vão porque não é acessível?

Esse tipo de raciocínio é conhecido como “efeito Tostines”, devido ao slogan de uma publicidade antiga dessa marca de biscoitos, que dizia assim: “Tostines vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais?”

O dilema Tostines tem uma resposta simples: as duas afirmativas estão corretas. Isso nos leva a outros raciocínios e a muitas conclusões, que vou expor para vocês na próxima postagem acerca do assunto. Por ora, é útil pensar no fato de que o turismo é uma excelente ferramenta para alcançarmos o crescimento da acessibilidade. No vídeo abaixo, veja os minutos iniciais da palestra, em que explico por que fazer turismo não pode ser entendido como futilidade.

 

 

Potencial de mercado

 

Na segunda palestra, dirigida aos gestores da área de turismo, trabalhei com a ideia de que promover turismo acessível não é demonstração de humanidade, caridade, nem é uma “atitude linda”, como vemos em comentários a postagens nas redes sociais.

É uma atitude inteligente.

O turismo acessível é um mercado subestimado, com enorme potencial econômico, que vai aumentar significativamente nos próximos anos. Isso, porque a expectativa de vida vem crescendo, o que faz com que a população idosa aumente, e esse é um público que tem procurado viajar e se dedicar à cultura e ao lazer.

Além disso, a violência também tem aumentado, gerando cada vez mais pessoas com deficiência. E, por último, cada vez mais as pessoas com deficiência têm deixado o isolamento do lar e procurado opções de lazer, o que torna esse segmento um potencial consumidor de turismo.

 

Palestra no Museu das Minas e do Metal

 

Contudo, é um público que vem sendo relegado, o que não é uma atitude inteligente do ponto de vista econômico-financeiro. O mercado de turismo tem ficado cada vez mais competitivo; não parece claro que prestadores de serviço que oferecem acessibilidade têm sua imagem afetada para melhor? E têm possibilidade de oferecer um diferencial e, assim, ganhar uma boa fatia de mercado?

Não há turismo que seja sustentável se ele não inclui todos os tipos de público.

 

Como preparar uma viagem com acessibilidade

 

A terceira palestra foi a que mais gerou interesse: muita gente quer aprender a lidar com os desafios que cercam a preparação de uma viagem para uma pessoa com deficiência.

É por isso que resolvi dedicar mais tempo e espaço a este assunto. Minha intenção é fazer várias postagens e vários vídeos, e não apenas divulgar os que gravamos durante as palestras. Vou preferir fazer intervenções mais curtas e mais focadas, com assuntos do tipo: como escolher hotel, como adquirir as passagens, viajar sozinho ou acompanhado, escolha do destino, como juntar dinheiro e por aí vai.

Nas fotos abaixo, público presente às palestras no Museu das Minas e do Metal:

 

 

Para saber mais:

Vai, Mundo: Em busca da inclusão plena

 

No início e no final da palestra, a gente tem a melhor oportunidade do mundo: o contato com as pessoas. Tinha até criança, olha que delícia. A mãe me explicou que promove essas interações para que os filhos tenham a oportunidade de conviver com todas as pessoas e assim compreender o universo do outro. Palmas pra ela.

 

 

 

About Laura Martins

Laura Martins criou o blog Cadeira Voadora em 2011 para compartilhar suas experiências de viagem em cadeira de rodas. Para ela, viajar desenvolve inúmeras habilidades, nos faz menos intolerantes por conviver com as diferenças e ajuda a construir inclusão, porque as cidades vão ficando mais preparadas à medida que as pessoas vão se fazendo visíveis. Entre em contato pelo e-mail contato@lauramartins.net.

6 Comments

  1. Muito feliz pela sua palestra e publicação. Sucesso nesta luta que o turismo pode e deve proporcionar para que todos saiam para circular por aí afora. Bjs grandes.

  2. Denise Martins Ferreira

    As palestras foram excelentes e esclarecedoras para todos que ali estavam. Aprendi muito.

  3. Não. Não vou falar que é lindo Laura! Mas é inteligente emocional e esteticamente o seu empenho. Beijos

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