Todo mundo cabe no mundo MESMO

Todo Mundo Cabe no Mundo é o nome do bloco de Carnaval criado em 2016, em Belo Horizonte, pelo escritor e ilustrador Marcelo Xavier, com a intenção de incluir TODAS as pessoas.

Era muita gente que não encontrava espaço no carnaval de rua e que tem desaguado no bloco nos últimos anos! Vamos ver?

 

Marcelo Xavier ao meu lado, e Renato Leite bem atrás de nós, no último ensaio do bloco Todo Mundo Cabe no Mundo antes do cortejo de Carnaval

 

 

Nasce o bloco da inclusão

 

Os desavisados podem pensar que Marcelo e seus amigos criaram esse bloco para as pessoas com deficiência, ou seja, que este seria um bloco especial.

Mas não, isso seria um equívoco, pois o bloco não é especial, no sentido de ser destinado a pessoas com deficiência. Mas é inclusivo, para todos e todas, sejam crianças, idosos, gestantes, pessoas com deficiência física ou sensorial, ou com mobilidade reduzida.

Seja lá qual for o tipo de singularidade que transforme os festejos de Carnaval em desafio para a pessoa, quando deveria ser um momento de alegria, no Todo Mundo ela é super bem-vinda.

Se o bloco fosse só para pessoas com deficiência, vamos combinar, seria muito chato. E seria segregação, o que não desejamos de jeito nenhum.

 

A bateria é aberta para todos, todos mesmo!

 

 

Onde a festa acontece

 

Os ensaios do bloco se realizam no Park Belo, que já foi estacionamento, mas hoje está arrumadinho para acolher os foliões que quiserem se juntar à festa.

A rampa da entrada está em boas condições, e agora o espaço já tem banheiro adaptado. Também tem barraquinhas vendendo acessórios e adereços, assim como chope Sátira (a patrocinadora) e lanches. Portanto, tem conforto e segurança, e, se você for cadeirante, pode se locomover com autonomia!

Anote o endereço e as informações sobre o desfile do bloco:

Domingo, 23 de fevereiro, das 9 às 14 horas

Concentração: Rua Piauí, 647, Bairro Santa Efigênia (Park Belo)

Para mais informações, clique aqui e aqui.

 

Recomendações Todo Mundo Cabe no Mundo

 

1 – Nosso bloco, onde cabe todo mundo, tem um compromisso com a arte, a diversidade e a liberdade. Vamos honrar este compromisso. Dentro de você tem um monte de personagens. Escolha um deles, acorda a imaginação, amarra, costura, cola, pinta, veste, vira do avesso, confere no espelho. Tire a máscara de gente comum, bota outra qualquer. Esvazie-se de tudo pra caber só alegria. Carnaval começa de dentro pra fora. Ouça! Os tambores sabem seu nome, chamam você. É manhã de domingo, manhã de carnaval. Bora pra rua.

2- O adereço-símbolo do bloco é a sombrinha e o guarda-chuva trabalhados da forma como você achar melhor.
Desafie sua imaginação: faça já o seu.

Pela paz / pela diversidade / pela liberdade

 

Estou com Thaise Maki no ensaio de ontem, dia 17/2

 

Nesta foto, fui clicada pela Gláucia Galvão e uso adereço de crochê produzido pela artista Odette Castro.

 

 

Quem é Marcelo Xavier

 

Com diversos livros publicados, Marcelo recebeu os maiores prêmios que um escritor ou ilustrador pode receber no Brasil, como o Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro, Prêmio APCA – Associação Paulista dos Críticos de Arte, entre outros. Estreou como autor para crianças com o livro Truques Coloridos, para o qual contribuiu com cenários e personagens criados por ele com massinha de modelar.

Há dez anos, descobriu que tem uma doença degenerativa dos neurônios motores, a esclerose lateral amiotrófica, conhecida como ELA. Em 2015, lançou o livro “A estranha”, em que narrou, com beleza e sensibilidade, como foi a chegada da doença e da cadeira de rodas em sua vida.

O legado artístico de Marcelo é precioso e vale a pena ser conhecido!

 

Conhecemos muito bem o grande inimigo do ideal de inclusão social: o preconceito. Sabemos, também, da força de armas como a arte, o folclore, a alegria, o compartilhamento no combate a esse inimigo. O nosso carnaval tem essas armas e é com elas que botamos o nosso bloco na rua: “Todo mundo cabe no mundo” – pela paz, pela diversidade, pela liberdade. – Marcelo Xavier

 

Estou com Marcelo Xavier no lançamento do livro “A estranha”, em 2015. Ele segura a personagem Tina Descolada, criação de Marta Alencar.

 

 

Tem mais blocos inclusivos em BH!

 

Fiquei sabendo de mais dois blocos em Belo Horizonte que têm propostas de inclusão. Eles tomaram a iniciativa de oferecer um espaço dentro da corda, junto com a bateria, para qualquer pessoa cujas singularidades tornem o desfile de rua menos seguro e confortável.

O Pena de Pavão de Krishna, com seu lindo carnaval azul, sairá no domingo, dia 23, com concentração às 7 horas e cortejo das 9 às 13 horas, no Bairro Cidade Nova. Haverá um espaço na corda para cadeirantes, grávidas, crianças pequenas, idosos e pessoas com dificuldade de locomoção (com apenas um acompanhante). Mais informações aqui.

O bloco Garotas Solteiras, que une divas de todos os estilos, abriu inscrições para que todas possam curtir o cortejo. Junto ao trio, foi reservado um espaço para as pessoas que não podem acompanhar o Garotas no meio do público. As inscrições estavam abertas até 17 de fevereiro, mas quem sabe ainda rola uma possibilidade? Informações aqui.

Quem souber de alguma iniciativa similar, por favor nos conte!

E que o Carnaval seja uma festa cada vez mais plural, pacífica e INCLUSIVA! Cada um de nós pode fazer a sua parte para que isso seja uma realidade, não?

 

About Laura Martins

Laura Martins criou o blog Cadeira Voadora em 2011 para compartilhar suas experiências de viagem em cadeira de rodas. Para ela, viajar desenvolve inúmeras habilidades, nos faz menos intolerantes por conviver com as diferenças e ajuda a construir inclusão, porque as cidades vão ficando mais preparadas à medida que as pessoas vão se fazendo visíveis. Entre em contato pelo e-mail contato@lauramartins.net.

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