Unir beleza, poesia, conhecimento e tecnologia em um só local é possível? O Museu do Amanhã, inaugurado no Rio em dezembro de 2015, prova que sim. Mas com relação à acessibilidade em um edifício tão novo: ela foi bem pensada? Neste post, te falo sobre isso também! Vamos comigo fazer uma imersão no Amanhã?
Desde que a inauguração do Museu do Amanhã foi anunciada, não consegui mais parar de pensar em uma nova ida ao Rio de Janeiro a fim de conhecê-lo. As linhas tão belas do edifício projetado pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava constituíam uma das principais razões para isso. Eu havia sido fisgada pelo desenho futurístico, inspirado na imagem das bromélias que ele visitou em uma pesquisa de campo na cidade.
Mas também sou fascinada pelo tema de que trata o museu (as transformações que estamos impondo ao planeta e os amanhãs possíveis) e também por tecnologia, então esses eram atrativos a mais. O fato de o edifício estar localizado no porto da cidade, que foi todo revitalizado, fechava o conjunto de razões que me atraíam para lá com urgência.
Que maravilha a Marta Alencar e a Tina Descolada toparem me acompanhar nessa viagem, o que seria garantia de diversão, aventuras e boas fotos. Dito isso, e vendo as fotos, me fale se eu não tinha todas as razões do mundo para fazer essa visita?
O Amanhã não é uma data no calendário, não é um lugar aonde vamos chegar. É uma construção da qual participamos todos, como pessoas, cidadãos, membros da espécie humana.
Percurso
No Percurso Principal, no 2º piso, o público tem acesso a cinco grandes áreas: Cosmos, Terra, Antropoceno, Amanhãs e Nós, com mais de 40 experiências que propõem interação e imersão, disponíveis em português, espanhol e inglês.
Para se informar sobre cada uma delas, clique aqui. Após ler o texto que aparece, clique nas imagens à direita da página para se informar sobre as áreas.
No início do percurso, na sala Cosmos, um instigante e belíssimo filme de Fernando Meirelles narra a história do universo e vai mexer com você, pela beleza, pela música, porque ocupa todo o espaço da abóbada, porque o ambiente está totalmente no escuro. Não dá para passar incólume a essa imersão que dura 8 minutos, mas passa voando. Me emocionei profundamente. É possível assistir ao filme deitado, de pé ou assentado. Em seguida, na área chamada Horizontes Cósmicos, aprofundamos conhecimentos com o auxílio de seis telas interativas, numa altura adequada para cadeirantes.
A área chamada Antropoceno é considerada o ponto central da experiência do Percurso Principal. Ela aborda o fato de que estamos transformando a composição da atmosfera, modificando o clima, alterando a biodiversidade, mudando o curso dos rios. As informações aparecem em imagens e números impactantes.
O percurso se encerra no espaço denominado Nós, que propõe o engajamento do visitante. A reflexão proposta é que o amanhã começa agora, com as escolhas que fazemos. “Vivemos em um planeta profundamente transformado pela nossa própria intervenção. O hoje é o lugar da ação. Qual será o nosso legado para as próximas gerações?”, provoca o museu.
O espaço está estruturado em uma obra de arte/arquitetura em forma de oca, vista como a casa do conhecimento indígena, onde pessoas se reúnem para contar as histórias que são o fundamento de sua cultura. Ela é toda trançada, e luzes são projetadas, simulando um amanhecer. Informa o site:“Nossas ações, por menores que pareçam, são capazes de mudar o mundo. Se nos conectarmos com o planeta e uns com os outros em nossas diferenças, seremos uma ponte para um futuro sustentável. Está sempre amanhecendo, em algum lugar do planeta. Cada amanhecer é sempre o mesmo e também sempre diferente. Cada um de nós faz o seu Amanhã. E juntos fazemos o nosso − os Amanhãs que queremos”.
Aqui o visitante encontra o único objeto físico do acervo: um churinga. Esse artefato dos aborígines australianos é um utensílio simbólico, que serve para associar o passado ao futuro. Os saberes das gerações passadas que são legadas às futuras. Representa a própria continuidade do povo e de sua cultura.
Após passar pela oca, adentramos um espaço de observação cercado por vidro, de onde se pode observar a escultura Diamante Estrela Semente posicionada sobre um espelho d’água na parte externa do museu. De lá avistamos a Baía de Guanabara (ah, que linda!), em um belo contraste com o teto do museu e o espelho d’água. Fico muito comovida diante da beleza. E, neste caso, ver tanta beleza nos recorda de que nossas ações têm colaborado não para manter o planeta, mas para destruí-lo. Então, cotidianamente vale repetir a pergunta proposta pelo museu: Que Amanhã estamos construindo? Que cada um de nós faça a sua parte pela preservação dessa herança.
Acessibilidade
- Há fila prioritária na entrada do museu, assim como na primeira atração do Percurso Principal: a sala Cosmos.
- De modo geral, as telas interativas estão em altura adequada para pessoas em cadeira de rodas. Há poucas exceções.
- Há percurso tátil para cegos, assim como um espaço lateral com obras que podem ser tocadas e maquetes táteis. Há, inclusive, um churinga tátil.
- Há vários banheiros adaptados, em excelentes condições.
- É possível entrar na lojinha, apesar de pequena, e na cafeteria, pois há espaço suficiente. Este é um ponto falho em alguns museus no mundo.
- Não há estacionamento no museu. Acredito que a melhor opção para nós, cadeirantes, seja táxi. Considere que a região central está em obras, e não está sendo fácil transitar por lá.
- Clique aqui para saber mais sobre acessibilidade no Museu.
Dicas
- Leve um agasalho. No interior do museu, a temperatura é baixa.
- Reserve pelo menos 1h30 para sua visita, a fim de fazer o percurso com calma.
- Sugiro que vá em época de baixa temporada. Mesmo havendo fila prioritária, o interior do museu certamente vai ficar desconfortável com excesso de público.
Para saber mais
Museu do Amanhã na BBC (inclui vídeo)
Inauguração do Museu – Portal G1 (inclui vídeos)
Rio de Janeiro no blog Cadeira Voadora
Alta Estima Fotografia Inclusiva
Laura,
O museu do amanhã fica longe da lapa? Obrigada,
Mônica Figueiredo
Mônica, fica perto, a cerca de 3km. Bjo!