O passeio de trem de Ouro Preto a Mariana é muito agradável, com belas paisagens e atrações históricas. É pertinho de Belo Horizonte e acessível para cadeirantes. Vem comigo que eu te conto mais!
Nota: Todas as fotos pertencem ao meu acervo, exceto quando indicado, e podem ser usadas apenas com minha autorização formal.
Na verdade, fazia tempo que eu desejava fazer o passeio de trem de Ouro Preto a Mariana.
Em 2011, havia assistido, no Programa Especial, da TV Brasil, a uma reportagem mostrando o casal Sandra e Saulo, ele cadeirante, realizando o trajeto e fazendo uma visita ao Museu da Inconfidência, em Ouro Preto, e então decidi: vou também.
Nesse meio tempo, outras viagens tomaram meu coração, e esta foi sendo adiada. Eu já conhecia tanto Ouro Preto como Mariana, mas fazia anos que tinha ido lá, naquele tempo em que a gente não tem sensibilidade nem maturidade para apreciar as coisas como se deve… Eu era adolescente e confesso que aproveitei muito pouco.
Eis que, este ano [2016], apareceu o Pedro, outro cadeirante, cheio de histórias de sua viagem a Ouro Preto. Rapidinho pedi que fizesse um post para este blog, e ele atendeu ao convite lindamente. O resultado você lê aqui.
Assim, decidi que desta vez a viagem sairia. Já te adianto que, apesar da falta de acessibilidade, a viagem foi ótima! Bons passeios e boa comida em Ouro Preto, hotel delicioso, viagem de trem superagradável e o encantamento das construções históricas de Mariana. Me acompanhe!!!
No trajeto, comer pastel
No trajeto a partir de Belo Horizonte, logo após a entrada para Itabirito, vale fazer uma parada para comer pastel de angu no Jeca Tatu. Ele está nessa estrada há décadas, só mudou de localização, e cresceu muito.
Sem dúvida, é um lugar pouco usual, um “museu de quinquilharias”, em que o proprietário vai dispondo, pelo espaço, máquinas de escrever, geladeiras antigas, discos de vinil e tudo o mais que vc puder imaginar!
O espaço interno é um labirinto, no meio do qual você encontra a lanchonete e as mesas para tomar seu lanche. O pastel de angu é delicioso e vale por uma refeição.
Não tem acesso para cadeirantes ou pessoas com mobilidade reduzida, mas dá pra parar o carro na porta e fazer alguns malabarismos para entrar. Isso, desde que você tenha levado um empurrador com braços fortes, sua cadeira tenha até 60cm de largura ou você não se importe de pedir para afastarem um pouco as coisas a fim de sobrar espaço para sua passagem.
Hospedagem: Solar de Maria
Ficamos hospedados no hotel sugerido pelo Pedro, o Solar de Maria, e gostamos muito!
Tem estacionamento, rampa na entrada e elevador. O quarto é amplo, assim como o banheiro, as camas são confortáveis e estão na altura da cadeira de rodas.
O hotel disponibiliza cadeira higiênica. Na área de banho, há cortina, o que facilita o acesso, mas não havia barras de segurança, disponíveis somente ao lado do vaso sanitário. A pia tem coluna, mas não chega a atrapalhar o uso.
Um hotel pequeno, muito bonito e charmoso, com uma equipe gentil, simpática e competente.
Na recepção, recebemos um mapa e excelentes dicas de passeio e gastronomia, além de orientações acerca dos percursos na cidade.
Mais informações sobre o Solar de Maria podem ser encontradas no site do Booking e no post do Pedro.
Passeando em Ouro Preto
Não visitamos muitos lugares em Ouro Preto, porque só teríamos o sábado, já que o domingo seria investido no passeio de trem e em uma voltinha para namorar Mariana.
Para almoçar, escolhemos o Bené da Flauta, próximo da Praça Tiradentes. É possível parar o carro pertinho da entrada, para a pessoa com deficiência desembarcar, mas a área em que se pode estacionar fica no morro.
Fazendo assim, temos acesso a entrada plana. Felizmente, um dos ambientes fica nesse nível mesmo, mas há outros que só dá pra acessar por escada. A comida é boa, e o atendimento também.
Em seguida, fomos comprar os bilhetes de trem, a fim de não precisarmos chegar muito cedo no dia seguinte e também para não correr o risco de ficar sem.
Depois, por sugestão do Leo, subimos “a pé” a ladeirinha interna da Escola de Minas, que fica na Praça Tiradentes, para conseguir boas fotos. Não foi fácil, porque há muitos obstáculos para cadeira de rodas, mas realmente fizemos belas fotografias.
Mirante para ver o pôr do sol
Após, fomos ver o pôr do sol no Mirante do Morro de São Sebastião.
Pessoas sem deficiência podem ir a pé e chegar lá em cima bufando, após algumas ladeiras respeitáveis. Mas os desafios das ruas de Ouro Preto não se limitam à declividade, pois é preciso lembrar que o calçamento de pé de moleque é terrível para cadeiras de rodas!
Para o mirante, cadeirantes terão de subir de carro. É possível estacioná-lo pertinho, desde que não seja um dia muito concorrido… Nós conseguimos, porque chegamos cedo e, acredito, porque o céu estava um pouco encoberto.
Sem dúvida, a vista é linda! Há um alto degrau até o espaço cimentado, onde há uma mureta em que as pessoas podem se assentar para contemplar a paisagem. Mas é tudo bem rústico, sem infraestrutura.
Não é fácil, mas vale a pena
Jantamos no O Passo, um bar de jazz charmoso, com comida, carta de bebidas e atendimento perfeitos. Mas não tinha acesso para cadeirantes.
Mesmo assim, não fomos embora, já que o segurança insistiu para que entrássemos, pois chamaria alguém para nos ajudar. E foi assim que subi, guinchada por três gentis garçons. Ah, não vá sem fazer reserva.
No dia seguinte, tomamos um café da manhã reforçado na pousada, porque tínhamos viagem de trem e mais ladeiras pela frente, em Mariana.
Ao deixar Ouro Preto, tive a certeza de que é uma cidade que precisa ser conhecida, ainda que se faça isso de carro, circulando as magníficas igrejas e outras construções representantes do barroco.
É uma dose de arte e arquitetura, história e charme, romantismo e beleza que não pode faltar no seu acervo de boas lembranças. Mesmo que vc não consiga descer do carro.
Agora, vamos passear de trem?
Passeio de trem Ouro Preto – Mariana
Comprando o bilhete
Para adquirir seu ingresso, pare o carro na pracinha do coreto, ao lado da estação ferroviária. Em vez de entrar pela frente, que tem degraus, entre por um portão grande que fica após a entrada, no fundo da pracinha. Ali, há uma rampa, mas ninguém me contou. Tive de subir os degraus e só descobri isso após entrarmos para pegar o trem.
A moça que nos atendeu foi simpática e gentil. Entre as informações que nos repassou, estava a de que eu teria direito a meia entrada. Então, escolhemos o vagão panorâmico, porque tem as laterais envidraçadas, permitindo uma vista melhor. Ela me assegurou que ele tinha acesso para cadeirantes.
Mas, infelizmente, a moça simpática não estava bem informada. E a verdade é que o vagão panorâmico não tinha acesso para cadeirantes. Que frustração.
Tem degraus, que até poderiam ser vencidos com o auxílio da rampa móvel, mas a entrada é estreita demais, por isso a cadeira não passa. Apesar disso, não desisti, então tiveram de me carregar até o assento, e a cadeira viajou em outro local. Na volta, preferi o vagão adaptado, do contrário não teria informações para repassar no blog.
Ah! Na ida para Mariana, é melhor ir pelo lado direito do trem, porque é o lado onde estarão as mais belas paisagens. No retorno, é o contrário.
Conheça o vagão adaptado
O vagão adaptado tem a porta mais larga, na qual uma rampa móvel é encaixada. No interior dele, há espaços vagos para que a pessoa permaneça em sua própria cadeira. Caso queira, poderá viajar no banco de madeira também.
E surpresa: há um excelente banheiro adaptado dentro do vagão!
Curtindo as paisagens
A viagem já começou agradável pelo excelente atendimento do Paulo Henrique, que foi o chefe de trem que nos atendeu nos dois percursos.
Para começar, foi ele quem se prontificou a avisar à administração a respeito da situação criada com a informação incorreta que havíamos recebido. Dessa forma, esperamos que a recepção possa prestar um atendimento adequado a outras pessoas com deficiência.
Além disso, o chefe de trem, durante todo o percurso, dá informações sobre fatos históricos e belezas naturais da região.
Como são os vagões
Os vagões têm o interior muito bonito, mantendo o desenho dos antigos trens, com acabamento em madeira. O panorâmico permite, por meio da sua estrutura transparente, a visualização completa das belas paisagens e da cachoeira. Além disso, tem ar-condicionado. Mas, como eu disse, não é adaptado.
O passeio dura cerca de uma hora e vale mesmo a pena.
Ambas as estações, tanto a de Ouro Preto como a de Mariana, têm banheiros adaptados.
Para a escolha de horários, saiba que, no site do Trem da Vale, há informações sobre dias e horários de partida da locomotiva. Escolha o horário de saída e de retorno prestando atenção em quantas horas você gostaria de destinar ao passeio em Mariana.
Bem, como você percebeu, este post ficou muito longo. Por causa disso, vou deixar Mariana para outro dia, tá? Mas deixo uma foto, te preparando para o próximo capítulo desta aventura… 😉
Para saber mais: