O Rio de Janeiro é apaixonante. E, com a proximidade das Olimpíadas e Paralimpíadas 2016, a cidade se prepara para ser mais acessível. Neste post, te dou algumas dicas de locais interessantes para visitar, alguns nem um pouco óbvios. Vamos lá?
Por Laura Martins
Atualizado em 16.10.2016
Ainda conheço pouco o Rio, mas posso compartilhar com você algumas dicas de lugares interessantes para visitar, além de dicas para se locomover na cidade usando transporte público. Vou reunir aqui as principais informações, com link para os posts do blog, para vc conferir.
Forte de Copacabana
O Forte de Copacabana é uma construção histórica que recebeu a atenção do Exército para torná-la acessível. Fui conhecê-la porque a arquiteta responsável pelo projeto de reforma ficou sabendo do Cadeira Voadora, entrou em contato comigo e me convidou para ir até lá. Não me arrependi!
É um bom passeio para aqueles que curtem história, mas não só. O Forte tem uma linda vista da Praia de Copacabana e abriga uma unidade da famosa Confeitaria Colombo, só que… com vista para o mar! Tem como ser melhor? Vale conferir com certeza.
Entre por uma passarela asfaltada, que fica no centro da calçada de paralelepípedo, contornando todo o Forte. A cadeira de rodas circula facilmente, sem a típica trepidação provocada pelos paralelepípedos – e sem que tenha sido necessário removê-los, para não descaracterizar a construção.
Ali, você tem uma bela vista de Copacabana, sente o cheiro do mar, curte o sol. O clima é de alegria e descontração. Curta um lanche ou uma refeição na Confeitaria Colombo (veja aqui), visite as exposições e não deixe de conhecer a fortificação. Para ter acesso aos posts completos, com mais fotos, clique aqui e aqui.
Restaurantes
Uma cidade como o Rio tem muitos bons restaurantes acessíveis para cadeirantes. O blog Mão na Roda lista muitas dicas sobre a cidade (e não só sobre restaurantes acessíveis). Leia aqui.
Estivemos em alguns lugares bacanas, alguns acessíveis, outros não. Sempre confiro as dicas dos bons blogs de turismo e ligo antes, para saber sobre a acessibilidade. Para o Rio, recorri às dicas do Ricardo Freire, do Viaje na Viagem, e da Constance Escobar, do Pra Quem Quiser Me Visitar. Clique aqui e aqui para ler as dicas dela sobre o Rio.
Minhas sugestões são estas (mas sempre ligue antes para confirmar se nada mudou – ou se mudou para melhor 😉
Rua do Rosário
Fica no centro histórico do Rio, e uma das quadras tem casarões restaurados e restaurantes muito bacanas. A indicação é do site da Constance.
Vale passar por lá e dar uma paradinha para se retemperar após uma longa caminhada pela região… Fizemos isso na Brasserie Rosário e no Casual Retrô. Almoçamos na primeira e comemos a sobremesa na segunda…
Após, aproveite para conhecer o Centro Cultural Banco do Brasil; fica pertinho e sempre tem exposições bacanas.
Localizada num casarão bonito, a Brasserie tem comida ótima e um balcão de pães e doces de fazer perder o juízo. Comprei macarons e levei para o hotel, para comer com calma.
Um degrauzinho na porta foi vencido com a ajuda do garçom. Dentro, há espaço para circular com a cadeira, embora reduzido. Tem banheiro acessível. No mais, passe pelo site para ficar com água na boca. Recomendamos com louvor.
É um bar com sotaque português, segundo a Constance. Fomos lá para comer pastel de nata. Não dá nem pra dizer como estava bom… O bar te recebe com um respeitável degrau, que foi vencido, quando entramos, com a ajuda de um simpático cliente; quando saímos, com a habilidade do garçom. Vale a visita. Mas você corre o risco de comer mais do que deveria…
Fica bem perto do Copacabana Palace. Serve comida libanesa da melhor qualidade. O cardápio é muito variado, com opções para vegetarianos. Eba! Achei as mesas bem bonitas, forradas com toalhas ricamente bordadas, cada qual de uma cor, recobertas com vidro.
Há mesas na calçada, mas o cadeirante tem como entrar no salão, já que há apenas um pequeno ressalto na porta. Banheiro? Esqueça. O salão tem um desnível, o que dificulta a locomoção… Mas não deixe de ir por causa disso, porque a comida é inesquecível. Pedi um combinado contendo falafel, homus, salada fatouche e molho tarator. Estava tudo perfeito, delicioso.
Há duas Colombos: uma, histórica, no centro; outra, charmosíssima, no Forte de Copacabana. Fomos às duas.
A do centro tem o acesso possível, embora um pouco desafiador. A rua é estreita e o calçamento é de paralelepípedo. O passeio também é estreito, e há um pequeno ressalto na porta. Não sei como é chegar de carro, pois fomos a pé, pois o hotel era próximo. Acontece que tudo isso compensa, pois a Colombo é encantadora, com seus móveis de época, linda porcelana, espelhos, vitrais.
Para conhecer a Colombo do Forte de Copacabana, você precisará comprar a entrada para o Forte. Mas isso não é problema: ela é baratinha e o passeio vale a pena. Há um salão refrigerado, com mesinhas, mas o encanto mesmo, a meu ver, fica por conta das mesas ao ar livre, com vista espetacular para a praia de Copacabana, clima leve e despojado, crianças correndo por todos os lados. Uma delícia! As mesas ficam sobre uma calçadinha, mas isso não é problema. Os garçons trazem uma rampa móvel. E há lista de espera. Deixe seu nome, o número do seu celular e vá passear pelo Forte. Eles ligam quando a mesa desocupar.
Para dicas de restaurantes e boteco em Copacabana, clique aqui.
Passeios
O Rio oferece muitas possibilidades de passeios para cadeirantes, algumas mais desafiadoras que outras. Sua escolha precisa se basear em suas condições físicas, seu gosto pela aventura, seu entusiasmo. Não se deixe limitar por informações sobre o que é acessível e o que não é. Mas, claro, não se coloque em risco!
O centro histórico da cidade, me parece, não recebe a atenção devida por parte do turista. Ele é super charmoso, tem muitas atrações culturais, arquitetura apaixonante, restaurantes e bares que valem sua visita.
A cidade recebeu muitas obras desde a última vez que estive lá. Acredito que o centro deve estar bem mais acessível.
É tudo plano, mas, lamentavelmente, muitas calçadas estavam quebradas, sendo algumas muito estreitas; não havia rebaixamentos na maioria dos pontos, e algumas ruas têm calçamento de paralelepípedo.
Isso não foi suficiente para que desistíssemos. Ainda bem, porque senão teríamos nos arrependido. Passeamos, para começar, por toda a Cinelândia, onde ficamos hospedadas. Cinelândia é o nome popular da região do entorno da Praça Floriano. De acordo com a Wikipédia, o local é
“marcado por imponentes construções nos estilos Eclético, Neoclássico, Art Nouveau e Art déco. Em estilo eclético, destacam-se os prédios do Theatro Municipal, do Museu Nacional de Belas Artes, do antigo Supremo Tribunal Federal (atualmente Centro Cultural da Justiça Federal) e da Câmara de Vereadores”.
Theatro Municipal, CCBB Rio e mais!
O Rio é uma opção perfeita para quem gosta de programação cultural, pois há sempre uma infinidade de peças, shows e exposições em cartaz.
Mas o deslumbrante Theatro Municipal, que estava no topo da nossa lista como atração imperdível, me decepcionou no quesito acessibilidade. Espero que tenha melhorado, mas duvido, porque um tempo depois uma cadeirante que conheço esteve lá e passou pela mesma decepção.
Para começar, os bilhetes não eram adquiridos no mesmo prédio, mas em outro, não muito distante. Para comprar o ingresso de cadeirante, levei meia hora!!!! Não, não fiquei esse tempo na fila. Clique aqui para ler a história completa do perrengue…
Mas o pior estava por vir: o lugar destinado aos cadeirantes no teatro não era nivelado. Pelo contrário: tinha uma grande inclinação, maior, inclusive, que a informada pela ABNT para a construção de rampas de acesso! Um horror.
Esse é o local para que nós, que estamos em uma cadeira de rodas, possamos assistir a duas horas de espetáculo! Naquele momento, tive o nobre desejo de conhecer a pessoa responsável por essa infeliz ideia e convidá-la a assistir ao concerto comigo, sentada ao meu lado… em uma cadeira de rodas, claro! Certamente, ao final do espetáculo, ela iria precisar de um fisioterapeuta e bastante remédio para dor. Sem contar que, como grande parte dos cadeirantes tem dificuldades de se equilibrar, há risco de escorregar e cair…
Passado o susto, chamei um funcionário e declarei, com firmeza, que não ficaria ali em nenhuma hipótese. Após recorrer a seus superiores, ele nos destinou um local decente, numa frisa (camarote quase no nível da plateia), com total conforto e visão privilegiada do palco. Aí, sim, meu nervosismo passou, mas não a indignação, pois sei que esse tipo de situação, lamentavelmente, continuará ocorrendo. Por isso, se algo assim acontecer com você, proteste! Não aceite ser tratado de forma irresponsável.
CCBB Rio
O prédio que abriga o Centro Cultural Banco do Brasil no RJ se destaca pela bela arquitetura. Tem linhas neoclássicas, colunas e ornamentos requintados e bela cúpula. O elevador é um espetáculo à parte.
O CCBB disponibiliza uma rica programação cultural, incluindo cinema, exposições e música. Pode ir, pois é acessível.
Passeios em Copacabana
Passear em Copacabana é agradável e rende fantásticas fotos. Para dicas, clique aqui.
Para saber mais:
Mapa de locais acessíveis no Rio de Janeiro
Mapa de locais acessíveis em Copacabana
Posts sobre o Rio neste blog
Roteiro de acessibilidade em Copacabana
Hotel Ibis Rio de Janeiro Centro
Museu de Arte do Rio (MAR) + noite na Lapa
Jardim Botânico (acessibilidade)
Programa Praia para Todos (banho de mar e esportes com acessibilidade)
Posts sobre o Rio no antigo Cadeira Voadora
Rio para cadeirantes 1 (com indicação de hotel – Windsor Asturias)
Rio de Janeiro para cadeirantes 2 – teatro e exposição
Rio de Janeiro para cadeirantes 3 – Passeios e restaurantes
Rio de Janeiro para cadeirantes 4 – Praia acessível
Rio de Janeiro para cadeirantes 5 – Restaurantes
Belas imagens aéreas do Rio, mais o “Samba do Avião” na voz de Miucha, com participação super mega especial do Tom Jobim. Melhor do que isso, só indo ao Rio! Clique, clique, clique!