Empatia: muito falada, pouco praticada

Usamos bastante a palavra “empatia”, mas cheguei à conclusão de que pouco a praticamos. Quer ver?

Se fôssemos levar em conta a quantidade de vezes que ouvimos alguém falar a respeito, e o volume de pessoas que reivindicam ser tratadas com empatia, seria de esperar que o mundo estivesse bem melhor… Afinal, para exigir algo do outro, preciso praticá-lo.

Mas um breve olhar sobre o cotidiano nos mostra que a intolerância tem crescido, assim como a violência com quem nos parece diferente ou pensa diferente.

E por que tem sido assim? Será que, de fato, estamos dando ao outro o que queremos receber?

 

Empatia e compaixão são coisas diferentes, como você vai ver neste post (Foto: J.W. on Unsplash)

 

Não é simples

 

Na verdade, é fácil observar que empatia é algo que precisamos desenvolver. Apesar de termos a capacidade de agir de modo empático, isso é apenas uma semente, e não é certo que agiremos assim.

Como exemplo, podemos dizer que não é simples ser empático quando o outro nos ameaça, ou quando pensa de modo diferente, ou quando fere nossos valores.

Por tudo isso, resolvi fazer este post reunindo algum material para nos ajudar a refletir a respeito.

Espero que estes vídeos e textos nos ajudem a, pelo menos, compreender que não somos tão empáticos quanto pensamos que somos… E também a questionar os limites da empatia.

Porque empatia demais faz mal. Já tinha pensado nisso?

Outra coisa que vale a pena saber é que o budismo prega a compaixão, e não a empatia. Para eles, há diferença entre ambas, e “compaixão” não é sinônimo de “pena”.

A seguir, falarei desses assuntos e te indicarei palestras e textos para se aprofundar, caso deseje. Vamos?

 

Tanto o exercício da empatia, quanto o da compaixão, podem mudar nossa visão de mundo (Foto: Josh Calabrese on Unsplash)

 

O lado escuro da empatia

 

Para o psicólogo e pesquisador canadense Paul Bloom, a empatia é um guia moral não confiável, e ele se baseia em pesquisas para afirmar isso. Para exemplificar, ele cita o uso da empatia em propagandas políticas, em que determinados posicionamentos nos são apresentados por meio de situações e casos com o objetivo de nos comover.

Assim, o público facilmente deixa de lado os dados, os estudos sérios e as buscas efetivas por soluções para os problemas da população. É isso o que estamos vendo no mundo, não?

Para saber mais a respeito desta instigante visão, clique aqui. A seguir, dois trechos para a gente pensar…

 

Um torturador sabe infligir mais humilhação por causa da empatia. Martha Nussbaum

 

A diferença neurológica entre os dois [empatia e compaixão] foi explorada em uma série de estudos de fMRI que usaram Ricard [monge budista e neurocientista] como sujeito. Enquanto estava no scanner, Ricard foi convidado a se engajar em vários tipos de meditação da compaixão dirigida a pessoas que estão sofrendo. Para surpresa dos investigadores, seus estados meditativos não ativaram as partes do cérebro associadas ao sofrimento empático – aquelas que normalmente são ativadas por não-meditadores quando pensam sobre a dor alheia. E a experiência de Ricard foi agradável e revigorante. [Leia tudo aqui].

 

Matthieu Ricard é o monge escolhido por cientistas para estudar o cérebro meditativo

 

Compaixão segundo o budismo

 

Para compreender que empatia não é suficiente, e conhecer um pouco da noção budista de compaixão, clique aqui e assista a um vídeo de 7min.

Para se aprofundar na ideia de compaixão de acordo com o budismo, clique aqui.

 

Se você é praticante de meditação, experimente as práticas para o exercício da compaixão. Sugiro o app Lojong.

 

 

Alguns vídeos que fazem pensar

 

A seguir, compartilharei ideias e vídeos para que possamos repensar o valor e os limites da empatia. Vamos em frente?

 

Habilidade de sentir empatia

 

A pesquisadora e escritora Brené Brown estuda a conexão humana – nossa habilidade de sentir empatia, pertencer e amar -, assim como a vulnerabilidade.

Abaixo, compartilho um trecho de sua palestra que ficou bastante conhecido. Brené é bastante clara e até divertida, nos auxiliando assim a perceber melhor o que é, e o que não é empatia.

Nota: Pesquisei muito, mas não consegui encontrar um vídeo cuja tradução fosse totalmente fiel à fala original. Observe que a palavra “simpathy”, que Brené usou, foi traduzida como “simpatia”. Entretanto, o melhor seria traduzir por “pena”.

 

 

Se você desejar se aprofundar, sugiro a palestra de Brené Brown no TED, que tem 20 minutos e é uma das mais assistidas em todos os tempos. Se a legenda em português não carregar automaticamente, é só clicar na siga TED, ir até o site e selecioná-la.

 

 

E, se você gostou muito da Brené, tem uma palestra ótima no Netflix, que se chama O poder da coragem.

 

Palestra de Leandro Karnal

 

São 30 minutos de considerações a respeito do quanto é difícil exercer a empatia. Como a fala de Leandro Karnal é muito clara e divertida, além de recheada de casos, o tempo passa voando. Então, não se assuste com a duração dela…

 

Da reflexão para a ação

 

Se você conseguiu chegar até aqui, talvez tenha repensado sua visão da empatia, como eu fiz há alguns anos, ao ler alguns desses textos e assistir a esses vídeos.

Como nada tem valor apenas na teoria, bora praticar esses conhecimentos para fazer um mundo melhor? #tamosjuntos

 

Um beijo,

Laura Martins

 

 

About Laura Martins

Laura Martins criou o blog Cadeira Voadora em 2011 para compartilhar suas experiências de viagem em cadeira de rodas. Para ela, viajar desenvolve inúmeras habilidades, nos faz menos intolerantes por conviver com as diferenças e ajuda a construir inclusão, porque as cidades vão ficando mais preparadas à medida que as pessoas vão se fazendo visíveis. Entre em contato pelo e-mail contato@lauramartins.net.

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