Usamos bastante a palavra “empatia”, mas cheguei à conclusão de que pouco a praticamos. Quer ver?
Se fôssemos levar em conta a quantidade de vezes que ouvimos alguém falar a respeito, e o volume de pessoas que reivindicam ser tratadas com empatia, seria de esperar que o mundo estivesse bem melhor… Afinal, para exigir algo do outro, preciso praticá-lo.
Mas um breve olhar sobre o cotidiano nos mostra que a intolerância tem crescido, assim como a violência com quem nos parece diferente ou pensa diferente.
E por que tem sido assim? Será que, de fato, estamos dando ao outro o que queremos receber?
Não é simples
Na verdade, é fácil observar que empatia é algo que precisamos desenvolver. Apesar de termos a capacidade de agir de modo empático, isso é apenas uma semente, e não é certo que agiremos assim.
Como exemplo, podemos dizer que não é simples ser empático quando o outro nos ameaça, ou quando pensa de modo diferente, ou quando fere nossos valores.
Por tudo isso, resolvi fazer este post reunindo algum material para nos ajudar a refletir a respeito.
Espero que estes vídeos e textos nos ajudem a, pelo menos, compreender que não somos tão empáticos quanto pensamos que somos… E também a questionar os limites da empatia.
Porque empatia demais faz mal. Já tinha pensado nisso?
Outra coisa que vale a pena saber é que o budismo prega a compaixão, e não a empatia. Para eles, há diferença entre ambas, e “compaixão” não é sinônimo de “pena”.
A seguir, falarei desses assuntos e te indicarei palestras e textos para se aprofundar, caso deseje. Vamos?
O lado escuro da empatia
Para o psicólogo e pesquisador canadense Paul Bloom, a empatia é um guia moral não confiável, e ele se baseia em pesquisas para afirmar isso. Para exemplificar, ele cita o uso da empatia em propagandas políticas, em que determinados posicionamentos nos são apresentados por meio de situações e casos com o objetivo de nos comover.
Assim, o público facilmente deixa de lado os dados, os estudos sérios e as buscas efetivas por soluções para os problemas da população. É isso o que estamos vendo no mundo, não?
Para saber mais a respeito desta instigante visão, clique aqui. A seguir, dois trechos para a gente pensar…
Um torturador sabe infligir mais humilhação por causa da empatia. Martha Nussbaum
A diferença neurológica entre os dois [empatia e compaixão] foi explorada em uma série de estudos de fMRI que usaram Ricard [monge budista e neurocientista] como sujeito. Enquanto estava no scanner, Ricard foi convidado a se engajar em vários tipos de meditação da compaixão dirigida a pessoas que estão sofrendo. Para surpresa dos investigadores, seus estados meditativos não ativaram as partes do cérebro associadas ao sofrimento empático – aquelas que normalmente são ativadas por não-meditadores quando pensam sobre a dor alheia. E a experiência de Ricard foi agradável e revigorante. [Leia tudo aqui].
Compaixão segundo o budismo
Para compreender que empatia não é suficiente, e conhecer um pouco da noção budista de compaixão, clique aqui e assista a um vídeo de 7min.
Para se aprofundar na ideia de compaixão de acordo com o budismo, clique aqui.
Alguns vídeos que fazem pensar
A seguir, compartilharei ideias e vídeos para que possamos repensar o valor e os limites da empatia. Vamos em frente?
Habilidade de sentir empatia
A pesquisadora e escritora Brené Brown estuda a conexão humana – nossa habilidade de sentir empatia, pertencer e amar -, assim como a vulnerabilidade.
Abaixo, compartilho um trecho de sua palestra que ficou bastante conhecido. Brené é bastante clara e até divertida, nos auxiliando assim a perceber melhor o que é, e o que não é empatia.
Nota: Pesquisei muito, mas não consegui encontrar um vídeo cuja tradução fosse totalmente fiel à fala original. Observe que a palavra “simpathy”, que Brené usou, foi traduzida como “simpatia”. Entretanto, o melhor seria traduzir por “pena”.
Se você desejar se aprofundar, sugiro a palestra de Brené Brown no TED, que tem 20 minutos e é uma das mais assistidas em todos os tempos. Se a legenda em português não carregar automaticamente, é só clicar na siga TED, ir até o site e selecioná-la.
E, se você gostou muito da Brené, tem uma palestra ótima no Netflix, que se chama O poder da coragem.
Palestra de Leandro Karnal
São 30 minutos de considerações a respeito do quanto é difícil exercer a empatia. Como a fala de Leandro Karnal é muito clara e divertida, além de recheada de casos, o tempo passa voando. Então, não se assuste com a duração dela…
Da reflexão para a ação
Se você conseguiu chegar até aqui, talvez tenha repensado sua visão da empatia, como eu fiz há alguns anos, ao ler alguns desses textos e assistir a esses vídeos.
Como nada tem valor apenas na teoria, bora praticar esses conhecimentos para fazer um mundo melhor? #tamosjuntos
Um beijo,
Laura Martins