Em 2018 e 2019, estive na feira Hospitalar, a convite da Ottobock, fabricante de equipamentos para pessoas com deficiência. Em ambas as ocasiões, tive oportunidade de reunir informações, fazer entrevistas, fotos e vídeos. Aqui, te conto tudo sobre o evento. Vamos comigo conhecer a maior feira do setor de saúde da América Latina?
Meus companheiros de trabalho Edson Dantas e Fernando Aranha. Com eles, a diversão é garantida.
Já tinha ouvido falar da Hospitalar?
A Hospitalar é uma importante feira de negócios e tecnologia na área da saúde. Em 2018, mais de mil expositores de 70 países apresentaram novidades, o que, em meu modo de ver, é de grande interesse para a pessoa com deficiência.
A feira é dirigida a empresas, mas pessoas físicas também podem visitá-la, embora, de modo geral, não possam fazer negócios. Porém, você pode conhecer os produtos, obter os contatos para compra e concluir o negócio depois.
Além da mostra de produtos, ocorrem bons congressos e outros eventos, sendo alguns gratuitos.
Por que visitar
Embora a Hospitalar seja dirigida a empresários, vale a pena visitar, especialmente se você tem interesse em em inovações.
Os estandes com equipamentos para pessoas com deficiência, apesar de não serem numerosos, sempre trazem produtos úteis para facilitar nossa vida. Além disso, há muitos com outros tipos de produtos importantes para nós, como vou te mostrar a seguir.
Na verdade, a maioria de nós não tem acesso fácil a itens de melhor qualidade, ou que sejam inovadores. Por isso, a Hospitalar é uma boa oportunidade de conhecê-los e até fazer um test-drive. Se a pessoa gostar, já terá informações suficientes para fazer negócio mais tarde.
Você não imagina a quantidade de folders que eu trouxe! rs
Equipamentos na Hospitalar
Destaques de 2018
Cito alguns produtos pelos quais me interessei em 2018!
Como não tive tempo para experimentá-los, não estou indicando. Mas quero mencioná-los, para que verifique se vale a pena adquirir. Na verdade, alguns ainda nem haviam chegado ao mercado.
Nas fotos, acompanhe, da esquerda para a direita.
♦ O G-Tech Tens se destina a aliviar a dor, é pequeno e fixado à pele com adesivos.
♦ A órtese Fix it é bonita e tem cores variadas. Como resultado de ser feita em plástico moldável, ela se adapta à anatomia da pessoa. Também pode ser usada para imobilização.
♦ A bolsa de gelo instantâneo Acte é super funcional. Basta dobrar, para que fique gelada, e então se pode colocar no local da dor.
Destaques de 2019
Assentos sanitários e cadeiras de banho
Em 2019, havia novos modelos de cadeiras de rodas, manuais e motorizadas, assim como de scooters, sendo possível fazer test-drives. Também conferi inúmeros modelos de rodas e pneus, para todos os bolsos e ocasiões.
Pesquisei bastante as camas articuladas, do tipo hospitalar, e havia modelos sem a “cara de hospital”, alguns bem bonitos.
Sem dúvida, é importante dar atenção a esse tipo de item, por causa do conforto e da segurança de que necessitamos.
Por exemplo, para quem tem deficiência de mobilidade, uma cama que pode ser regulada por controle remoto pode vir a ser algo muito útil.
Além desses produtos, quero destacar o vaso sanitário japonês com vários tipos de regulagens, assim como diversos tipos de assentos para banho.
À época, mostrei todos esses itens nos perfis do Cadeira Voadora no Instagram e no Facebook. Ainda é possível conferi-los, pois os vídeos que fiz estão publicados, é só clicar aqui e aqui !
Aprendendo muito nos congressos!
Sempre acontecem bons eventos durante a feira. Por isso, acompanhe o site para fazer a inscrição com antecedência, porque é raro encontrar vaga na semana de realização. Abaixo, deixarei o link.
Em 2018, por exemplo, além do interessante fórum promovido pela Ottobock, havia o Simpósio “A Neurociência e seus Impactos na Reabilitação” e o “5º Fórum de Dor: Atualizações e Novas Perspectivas”.
Fórum Ottobock em 2018. Da esquerda para a direita, Rodrigo Moreira, Fernando Aranha, Lina Monetta, eu e Rodolfo Ferrim (Foto de Ana Sapia)
Mobilidade humana
Em 2018, a Ottobock realizou o simpósio científico “Fórum em Mobilidade Humana”, do qual participei como expositora.
Aproveitei a oportunidade e assisti a exposições excelentes! Cito, principalmente, a de Lina Monetta, sobre lesões por pressão ou escaras, e a de Caciana Rocha Pinto, sobre avaliação do sentar. E não poderia deixar de mencionar a do ortopedista Amancio Ramalho Junior, que trouxe informações importantes sobre prescrição e manuseio de equipamentos ortopédicos infantis, e a Rodrigo Moreira, sobre tecnologia assistiva e cadeiras de rodas ativas.
Quanto a mim, fui parceira do atleta Fernando Aranha para falar da nossa experiência com cadeiras de rodas, problemas e soluções em tecnologia assistiva.
Palestras com alto nível de aprofundamento
Eu e Fernando Aranha apresentando nossos “cases” (Foto de Ana Sapia)
Acessibilidade no Expo Center Norte
No 2º andar do Expo Center Norte, o piso é de granito
Nos anos em que participei, a Hospitalar aconteceu no Expo Center Norte.
Para começar, a área é imensa, então não é simples visitar a feira toda. Se você for cadeirante, leve isso em consideração ao planejar a visita. Como o site geralmente disponibiliza o mapa do evento, sugiro verificar, antes, onde estão os estandes de interesse.
Quase a totalidade do piso na área de estandes era carpetado, o que dificulta a locomoção de cadeirantes. Nos corredores e no hall, era de granito. Do lado externo, de cimento.
Facilidades e dificuldades
Os bebedouros eram acessíveis.
Os banheiros estavam razoavelmente limpos, não por falta de pessoal para limpar, mas porque algumas pessoas realmente não sabem usar o que é público. Alguns tinham vaso com abertura frontal, mas outros não. Preferi usar os do segundo piso, porque estavam mais limpos.
Ao lado das escadas, há rampa para acesso à entrada do prédio. Porém, ao fim do dia, ela ficava lotada de pessoas sem deficiência em fila para pegar táxi.
Há elevador para o piso onde acontecem as palestras e onde estão os restaurantes.
Para pessoas com deficiência visual, há sinalização em braile e piso tátil.
Nos horários de pico, por causa da via estreita, sempre ocorria um engarrafamento terrível. Era quase impossível parar carro para embarque/desembarque.
Da mesma forma, era quase impossível conseguir um carro por aplicativo. Eles aceitavam o pedido, mas cancelavam em seguida. Em uma das vezes, enfrentei 4 cancelamentos e esperei mais de 1 hora.
Acessibilidade nos estandes
Após rodar bastante pela feira, constatei, com tristeza, que grande parte dos estandes não estava cumprindo as normas de acessibilidade.
Lamentavelmente, em vários deles os balcões eram muito altos, quando isso poderia ter sido resolvido de forma simples. Bastava, por exemplo, utilizar mesas. Além disso, boa parte das rampas terminava em “degrau” de 2 ou 3cm, o suficiente para dificultar o acesso com autonomia.
Isso me faz pensar que, talvez, os expositores não estejam considerando que pessoas com deficiência também sejam empresárias. Ou que simplesmente se interessem por tecnologia e inovação.
Mas, agora, quero falar sobre um “detalhe” que atraiu minha atenção, e para isso vou até abrir um subtítulo.
Sobre as equipes de colaboradores
Sabe aquelas pessoas que ficam nos estandes para atrair o público, distribuir folhetos ou dar informações?
Em alguns dos que visitei, quem realizava essa função eram mulheres com roupas curtas e justas. Não parecia que eu estava em uma feira de negócios da área da saúde.
Sem dúvida, o estande e os colaboradores passam uma imagem da empresa. Fiquei me perguntando, afinal, que imagem estas empresas queriam passar e se atingiram o objetivo…
Salto alto, short curto, leggings coladas no corpo… Compare com a nossa equipe, na extrema direita. Qual lhe parece passar uma imagem de comprometimento com qualidade do produto e preocupação com o cliente?
Pessoas com deficiência nas equipes
Além disso, somente dois ou três estandes (pasmem!) tinham pessoas com deficiência trabalhando. Um deles era o da Ottobock, onde estávamos eu, o Fernando Aranha e o Edson Dantas, não somente distribuindo simpatia (hahaha), mas usandoos equipamentos da empresa.
Empresários, acordem! A equipe que vocês contratam pode ser considerada um diferencial, e vocês certamente sabem disso. Talvez, o que não sabem é que mulheres e pessoas com deficiência também são empreendedores e frequentam a feira para fazer negócios.
Por outro lado, a equipe de funcionários da feira representava bem a diversidade de pessoas. Havia colaboradores com diferentes deficiências, assim como de diferentes etnias e idades.
Foi um gentil rapaz com síndrome de Down que me recebeu
Estes simpáticos rapazes também eram colaboradores da Hospitalar.
Dicas para quem quiser ir
Durante a pandemia, não houve feira. Em 2022, ela será realizada de 17 a 20 de maio, em novo local, no São Paulo Expo. Caso decida ir, não deixe de nos visitar no estande da Ottobock, combinado? Vamos adorar!
Para finalizar, deixo algumas sugestões, que, na verdade, valem para qualquer evento.
Faça seu credenciamento on-line gratuitamente . No dia do evento, segundo o site, a entrada custará R$70,00.
Percorra o site com calma e atenção, para colher informações importantes, como endereço, horário, estacionamento, como chegar, etc. No momento, ainda não há orientações sobre acessibilidade, mas certamente haverá atualizações.
Caso decida usar aplicativos para pedir um carro ao sair do evento, esteja atento para o fato de que a demanda é alta. Meu conselho: saia no mínimo 1h30 antes de a feira terminar.
Seguranças e outros colaboradores da feira sempre demonstraram gentileza e preparo. Portanto, não hesite em recorrer a eles, caso seja necessário.
É muito bom quando os amigos vão nos visitar no estande! Nesta foto, estou com a arquiteta Sandra Irala e com o consultor Ricardo Shimosakay
Se for à Hospitalar, reserve pelo menos um dia para curtir São Paulo! Se ainda não conhece a cidade, considere até ficar um pouco mais. Para dicas sobre a cidade, clique no link a seguir!
Laura Martins criou o blog Cadeira Voadora em 2011 para compartilhar suas experiências de viagem em cadeira de rodas. Para ela, viajar desenvolve inúmeras habilidades, nos faz menos intolerantes por conviver com as diferenças e ajuda a construir inclusão, porque as cidades vão ficando mais preparadas à medida que as pessoas vão se fazendo visíveis. Entre em contato pelo e-mail contato@lauramartins.net.
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