O Praia para Todos existe há vários anos no Rio de Janeiro e oferece banho de mar assistido, assim como esportes adaptados. Neste post, te mostro por que você não pode deixar de conhecer esse projeto de jeito nenhum!
Post atualizado em 6/6/2020
Praia: território negado à pessoa com deficiência
O projeto Praia para Todos nos mostra que é possível mudar uma infeliz tradição: a da praia como território negado à pessoa com deficiência, especialmente àquelas com mobilidade reduzida.
Transitar com uma cadeira de rodas na faixa de areia é desafiador, quase impossível, dependendo do tipo de cadeira e de areia. Afinal, a areia fofa faz com que seja necessário empregar uma força imensa a fim de se deslocar.
Além disso, dependendo do tipo de pneu, ela vai atolar mesmo. E ainda que você incline a cadeira para usar só as rodas de trás, o desafio diminui, mas não desaparece.
Mas as dificuldades não param por aí, pois o que dizer sobre entrar no mar? Só se for carregado… Mas e se a pessoa for mais pesada? E como fazer com a falta de banheiros e chuveiros?
Conforme se vê, não é um passeio simples para cadeirantes…
Minha experiência
Até conhecer o projeto Praia para Todos, eu havia entrado no mar apenas com o auxílio de uma, duas e até três pessoas, seja de namorado, de familiares, guia de turismo ou até desconhecidos.
Quando era mar sem ondas, no estilo piscina, eu ganhava alguma autonomia, pois assim podia ficar sozinha sem riscos.
Já tinha entrado também com colete salva-vidas, boia e até cadeira anfíbia, emprestada pelo hotel em que nos hospedamos em Aruba (leia aqui).
Mas nenhuma dessas opções resolvia os perrengues, porque o colete e a boia limitam os movimentos, e, no que se refere à cadeira anfíbia, é necessário que a pessoa seja experiente, para equilibrá-la dentro da água, porque ela pode virar facilmente.
Comigo, ela virou… rs
Praia para Todos: capacitação e organização
Há muito tempo eu queria participar do projeto Praia para Todos, e nesta última viagem ao Rio, em 2016, finalmente foi possível. Já ouvia falar desse pessoal há muito tempo – e falar bem –, mas o fato é que eles ainda assim conseguiram me surpreender positivamente.
Escolhemos ir a Copacabana, mas há uma equipe do projeto também na Barra da Tijuca.
Ao identificar o local em que eles ficavam e me posicionar no início da rampa de madeira, um voluntário já me viu e se aproximou de modo acolhedor para me conduzir até a barraca amarela do Praia para Todos. Da rampa até a barraca, havia uma esteira azul, e a cadeira passou tranquilamente, sem se sujar ou atolar.

O pessoal do Praia para Todos já me recebeu na rampa de entrada, de forma super acolhedora. (Todas as fotos do RJ são da autoria de Marta Alencar)
Lá dentro, ficamos protegidos do sol, e havia um “estacionamento” para nossas cadeiras de rodas, enquanto saímos na cadeira anfíbia, rumo ao mar.
Para ir ao banheiro, encontrei um adaptado na loja de conveniência do posto BR, que ficava em frente, bastando atravessar a avenida, no semáforo pertinho.
Rumo ao mar!
Pronto! Os voluntários me colocaram na cadeira anfíbia e fomos para o mar, que estava bem sujo naquele dia, com algas e plástico, que os humanos adoram usar e jogar onde não devem, não é mesmo? Que pena.
Por isso, os rapazes me levaram um pouco mais distante da faixa de areia, para que pudéssemos ficar livres do entulho. São muito treinados e movimentam a cadeira quando a onda bate, de forma que podemos experimentar o agradável movimento de subir e descer com as ondas. Não, isso não dá pra fazer se a pessoa não for treinada, pois a cadeira viraria…
Então, me perguntaram se eu gostaria de sair da cadeira, e é claro que topei, mas eu teria que boiar, coisa que não fazia há anos.
Estou contando isso porque sempre tive medo de água, tanto que foi uma luta de anos de terapia para dar conta de fazer natação e aprender alguma coisa, mesmo assim porque encontrei uma equipe competente.
Mas o Dênis, do Praia para Todos, me passou tanta segurança que acabei conseguindo boiar no mar e ter uma experiência decididamente transformadora, de abrir mão do controle e confiar – nele, na água e em mim.
Lá vou eu de stand-up paddle!
Após tomar uma chuveirada (a água é salgada, porque é de lençol freático, mas pelo menos é limpíssima) e descansar um pouco, pedi para fazer o stand-up paddle.
Novamente entrei no mar com a cadeira anfíbia, e então me passaram para a prancha. Nos distanciamos bastante da faixa de areia, de modo a ficar longe do lixo e das ondas, que não quebravam no local que atingimos.
Desci da prancha e novamente boiei com o auxílio do Dênis.
“O que a memória ama fica eterno”, declarou a poetisa Adélia Prado, e esta frase é a síntese perfeita para resumir a experiência!
O que achei da equipe
Não resta dúvida de que a equipe do Praia para Todos estava bem preparada. Tanto isso é verdade que me passaram a segurança necessária para realizar a experiência. Além disso, tudo é muito organizado.
Aparece gente com todo tipo de limitação física, idades variadas, brasileiros e estrangeiros, moradores do Rio e turistas, entre os quais hóspedes dos hotéis da região. Os estrangeiros se assustam quando, ao tentar pagar pela experiência, descobrem que é gratuita.
É isso mesmo: esse preparo todo, essa organização, essa leveza e descontração saem de graça por causa dos patrocínios.
Você já foi conhecer?
E o que você está fazendo aí que ainda não foi viver essa experiência? Ou já foi?
O projeto está no 12º ano consecutivo de atividades, mostrando a que veio e incentivando o nascimento de programas semelhantes em todo o País.
Acompanhe o Instagram da galera, recheie seu cofrinho e parta para o Rio na próxima oportunidade!

Adivinha quem nós encontramos por lá? O Eduardo Câmara, do blog Mão na Roda! À minha direita, Marta Alencar e Tina Descolada, grandes companheiras nesta e em outras aventuras…
Para saber mais:
Instagram do projeto Praia para Todos
Posts sobre praia no Cadeira Voadora
Praia para Todos no YouTube
Olá, parabens a todos envolvidos neste grandioso projeto de inclusão…
Meu pai tem 96 anos, ama banho de mar, mas não consegue andar na areia até ao mar. Sofre com obstrução pulmonar grave e arririmia..
Conheci pela TV esse programa, como moramos muito distante das áreas atendidas, pensamos em adquirir uma cadeira anfibia…. por favor podem me ajudar??
Olá, Maria, tudo bem?
Aqui não é a página do projeto Praia para Todos; este é o blog Cadeira Voadora. Eu sou a autora do blog; estive no Rio, conheci o projeto e achei que seria útil divulgar, porque o trabalho é muito sério e competente.
Algumas cirúrgicas e também lojas de equipamentos para pessoas com deficiência vendem este tipo de cadeira. Basta colocar no Google “comprar cadeira anfíbia” ou “comprar cadeira de praia”, e você vai encontrar!
Para entrar em contato com o projeto Praia para Todos, basta ir ao site deles. Clique aqui: http://www.praiaparatodos.com.br
Abraço e boa sorte!
Muito bacana! Também sou cadeirante e adorei ler o que escreveu. Muito positiva você!
Moro no Rio há pouco tempo, e procurando praias acessíveis, encontrei o seu maravilhoso relato. Parabéns!
Seja muito bem-vinda, Paula! Fico feliz que tenha gostado e que o post tenha sido útil.
Abraço!
Olá, João, tudo bem?
Para saber sobre o projeto Praia para Todos, basta entrar no site deles!
Clique aqui: http://www.praiaparatodos.com.br
Abraço!
Gostei muito deste iniciativa e gostaria de poder levar minha mãe para um banho de mar.
Como, onde e quando eu encontro vocês na praia?