Sue Austin é uma artista de multimídia, performance e instalação que se notabilizou por ter realizado mergulhos com cadeira de rodas a partir de 2012.
Creating the Spectacle! – Finding Freedom foi o título dado à primeira performance, que é belíssima e tem sido vista por milhões de pessoas em todo o mundo.
Neste post, assista ao vídeo completo, tenha acesso à palestra da artista e saiba tudo sobre como ela criou este espetáculo!
Quem é Sue Austin?
Esta artista britânica contou, em uma palestra no TED, também em 2012, que começou a usar cadeira de rodas aos 16 anos, quando uma doença prolongada mudou sua forma de ter acesso ao mundo. Na sequência, complementou:
Quando comecei a usar minha cadeira de rodas, senti uma tremenda sensação de liberdade. Eu tinha visto a minha vida se esvair e se tornar restrita, por conta da doença, então foi como se eu tivesse ganhado um brinquedo novo e especial. Eu podia me movimentar e sentir o vento no meu rosto novamente. Só o fato de poder ir lá fora, na rua, já era maravilhoso. [Retirado daqui]
Apesar da forma como se sentia, notou que a reação das pessoas, ao vê-la, não era a mesma. Quando lhes perguntou que sentimentos associavam à cadeira, elas usaram palavras como “limitação”, “medo”, “pena” e “restrição”.
Por causa disso, Sue começou a trabalhar em projetos artísticos para comunicar a alegria e liberdade que sentia usando a cadeira, com a intenção de transformar os preconceitos. Foi assim que nasceu a performance Creating the Spectacle.
Criando o espetáculo
Criando o espetáculo! é uma série inovadora de obras de arte ao vivo, assim como vídeos, apresentando a primeira cadeira de rodas subaquática do mundo, que dança debaixo d’água, transmitindo uma surpreendente sensação de alegria, leveza e liberdade.
Sue protagonizou vários eventos acrobáticos coreografados produzidos pelo Freewheeling como parte do London 2012 Festival, durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, porém continuou se apresentando após isso.
Mas com certeza você quer saber, assim como eu quis, como a artista teve a ideia de criar essa performance. Pois é ela que conta, na palestra mencionada:
Quando comecei a fazer mergulho de profundidade, em 2005, aprendi que o equipamento de mergulho aumenta a gama de atividades/movimentos das pessoas, da mesma forma que a cadeira de rodas, mas as idéias associadas a equipamento de mergulho normalmente têm a ver com entusiasmo e aventura, completamente diferente da resposta das pessoas à cadeira de rodas. Então eu pensei: O que será que aconteceria se eu juntasse as duas coisas?
Muito interessante, não? Pois agora é o momento de assistir ao vídeo com a performance. Para isso, clique abaixo:
Saiba tudo sobre o espetáculo
É realmente impressionante o processo por trás do trabalho de Sue Austin para ajudar a transformar preconceitos, reconfigurando crenças culturais e sociais que relacionam a cadeira de rodas à tristeza e ao fracasso.
O foco da artista é surpreender, abrir o pensamento e, por meio de uma reordenação de associações, criar narrativas empoderadas e empoderadoras.
Para ouvir Sue Austin na palestra no TED, que tem pouco menos de 10min e legenda em português, é só clicar aqui.
Se desejar saber detalhes sobre as interessantes performances que a artista realizou em piscinas e no mar, clique aqui.
Para explorar o site dela, dê mais um clique. Aqui.
Empoderada e empoderadora
Penso que Sue teve uma ideia sofisticada e engenhosa, que, oito anos depois, continua impactando, emocionando e transformando. Ela argumenta que, explorado devidamente, esse espetáculo pode:
atuar para curar as divisões criadas na psique social por dicotomias culturais que definem os “deficientes” como “outros”. [Ver aqui]
Faz alguns anos que vi este vídeo pela primeira vez, e depois disso assisti novamente inúmeras vezes. Mesmo assim, ainda me emociono, e mais intensamente ao saber das intenções da artista.
Há muitas formas de trabalhar a questão da deficiência no imaginário das pessoas. Certamente, a arte é uma das mais potentes, por atingir o inconsciente sem que os indivíduos consigam estabelecer defesas. Especialmente quando se trata de algo surpreendente, como é este caso.
Num mundo em que os apelos racionais têm sido pouco eficazes, que possamos recorrer cada vez mais às manifestações simbólicas e belas para enfrentar preconceitos.