Este é o primeiro post sobre as condições de acessibilidade na região da Pampulha, em Belo Horizonte, onde fica a arena Mineirão, a Lagoa e o Conjunto Moderno, com edifícios projetados por Niemeyer, jardins de Burle Marx e obras de Cândido Portinari. Vem comigo conhecer!
Estou em frente ao Museu de Arte da Pampulha. À minha direita, a bela escultura de August Zamoyski. (Fotos: Marta Alencar)
Conjunto arquitetônico da Pampulha
O belo conjunto arquitetônico moderno da Pampulha foi declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco em 17/07/2016. Sem dúvida, merecidamente, pois leva a assinatura de importantes nomes da arquitetura e das artes, como Oscar Niemeyer, Roberto Burle Marx e Cândido Portinari.
Esse reconhecimento tem um aspecto prático, uma vez que os prédios deverão ser restaurados e deverá ser estabelecida uma estratégia de turismo para a área, além de medidas para melhorar a qualidade da água da Lagoa da Pampulha.
♥ O Conjunto inclui os edifícios e jardins da Igreja de São Francisco de Assis (Igrejinha da Pampulha), o Cassino (atual Museu de Arte da Pampulha), a Casa do Baile e o Iate Tênis Clube, construídos quase simultaneamente entre 1942 e 1943, além do espelho d´água e a orla da Lagoa. O conjunto também contempla a Praça Dino Barbieri (em frente à Igreja São Francisco de Assis) e a Praça Alberto Dalva Simão (próxima à Casa do Baile), ambas projetadas por Burle Marx.
Tesouros à disposição!
Para ser bem honesta, acho lamentável que o belo-horizontino, de modo geral, valorize tão pouco os tesouros que há na cidade.
No caso da Pampulha, a região guarda a genialidade de vários artistas e descortina a visão ambiciosa de Kubitschek, então prefeito, que decidiu que o local poderia abrigar muito mais que um simples reservatório de água (a Lagoa da Pampulha).
Por causa disso, Belo Horizonte tem obras representativas do nascimento da arquitetura moderna no Brasil. No Para saber mais, abaixo, deixo link para aqui, na reportagem da Globo News, que também mostra belas imagens aéreas da região.
Há muito tempo planejo fazer postagens especiais sobre a Pampulha; afinal, ela é um marco turístico e é lá que se localiza a arena Mineirão, onde se realizam jogos mais destacados, como os das Olimpíadas ou da Copa do Mundo. Surgiu agora a oportunidade, e, por coincidência, justamente na semana em que a Unesco concedeu o título.
Dos jardins do Museu de Arte se tem uma bela vista da Lagoa da Pampulha!
Neste primeiro post, com a parceria da fotógrafa e psicóloga Marta Alencar, mostramos o Museu de Arte e a Casa do Baile. No post seguinte a este, será a vez da Igrejinha de São Francisco de Assim. Além disso, recebi o auxílio do querido Pedro Muriel Bertolini (in memoriam), trazendo resenhas sobre a acessibilidade em três importantes restaurantes da região.
Vamos lá?
Museu de Arte da Pampulha
Uma historinha antes de começar…
Faz décadas que adquiri o hábito de ser turista em minha própria cidade. Numa dessas saídas, há muitos anos, visitamos o Museu, numa ensolarada manhã de domingo, quando ele estava apinhado de pais passeando com seus pequenos. Tempos depois, retornei para uma apresentação de música indiana, na sala dedicada a apresentações musicais. Lembro que achei tudo mágico, principalmente a bonita iluminação, o clima intimista e a belíssima vista da Lagoa, à noite.
Anos depois, voltei ao local para uma exposição da escultora francesa Camille Claudel, quando tive o prazer de ver de perto sua obra.
Mas que pena que tanta beleza não recebeu o apoio devido. Já na época, notamos, infelizmente, ausência de zelo com o patrimônio. O Museu nunca teve nem mesmo um site para divulgar sua programação! Sem dúvida, fiquei triste ao notar que, tantos anos mais tarde, a falta de cuidado permanece. Espero que a declaração da Unesco colabora para a revitalização que esse patrimônio merece.
Acessibilidade
A acessibilidade do Museu se resume ao legado original, ou seja, não há degraus na entrada e o piso térreo é plano.
Há rampas para acesso aos pisos superiores e à sala de apresentações musicais, porém são excessivamente íngremes. Como não há elevador, para que uma pessoa com deficiência de mobilidade acesse essa área será necessário auxílio de alguém com braços fortes.
Os funcionários foram extremamente atenciosos e se mostraram constrangidos diante da falta de acessibilidade
Como o ambiente interno é, em grande parte, cercado por vidros, tem-se uma bela visão tanto da Lagoa quanto do próprio edifício
No último piso, bancos estrategicamente posicionados convidam a contemplar a paisagem.
Jardins
É possível acessar os jardins da parte de trás, de onde se tem uma bela vista da Lagoa, mas, logo no início, há lajotas que dificultam a circulação da cadeira, então será preciso auxílio. Depois, o piso fica plano.
Como eles foram construídos em desnível, não haverá como circular com a cadeira. Mas é possível contornar o prédio, pois a largura do passeio é de cerca de 80cm.
A largura do passeio em torno do edifício não é grande, mas permite circular com segurança, desde que você não se descuide, porque não há guarda-corpo
Continue circulando e terá boas fotos!
Estacionamento e banheiros
Nas vezes em que estive lá, não havia vagas para cadeirantes, e estacionar é difícil, por conta do numeroso público que visita o local. Porém, os funcionários se superaram em gentileza e atenção, permitindo que eu estacionasse praticamente na porta.
Também não há banheiro adaptado.
Apesar disso, sugiro que não desanime, até porque, quando você ler este post, quem sabe a situação já estará melhor?
É tudo muito bonito e, se quiser tirar fotos, elas com certeza ficarão lindas!
A sala onde acontecem as apresentações musicais é redonda, cercada por vidros que oferecem uma bela vista. O piso, de vidro e iluminado, era uma novidade para a época em que o prédio foi inaugurado.
Anote:
Localização: Av. Otacílio Negrão de Lima, 16.585 | como chegar
Contato: map.fmc@pbh.gov.br – Tel: (31) 3277-7946
Atenção: não vá sem conferir todas as informações e sem checar se o local está aberto, já que frequentemente os edifícios se encontram em reforma.
Casa do Baile
Da mesma forma que ocorre com o Museu, a Casa do Baile também não oferece vaga reservada, e não foi fácil estacionar no entorno.
Mais uma vez pedimos aos seguranças que nos indicassem uma possibilidade, e eles nos permitiram parar em cima da calçada. Gente, não é legal isso, né?, pois danifica o piso e atrapalha o trânsito de pedestres. Mas foi o que puderam fazer, porque não havia como estacionar por perto, e era difícil atravessar a rua.
Então, ficamos um tempo fotografando e, depois, assistimos a um belo pôr de sol. Retornei ao local algumas outras vezes, porque haviam instalado uma cafeteria… Vale a pena ir.
A entrada para a Casa do Baile é feita por uma pontezinha sobre um córrego infelizmente ainda muito poluído. Aguardemos a revitalização, com esperança de que tudo melhore!
As linhas curvas de Niemeyer presentes na laje da entrada, com bela vista da Lagoa
Não vá correndo! Aproveite para curtir a paisagem…
Agora, observe os belos azulejos…
Cenas dos próximos capítulos
No próximo post, você conhecerá a encantadora Igrejinha da Pampulha. Além disso, haverá um post sobre o Parque Ecológico, que não faz parte do conjunto moderno, mas rende um passeio muito agradável.
Para finalizar, teremos um post sobre restaurantes, com a colaboração do amigo Pedro Muriel Bertolini.
Laura Martins criou o blog Cadeira Voadora em 2011 para compartilhar suas experiências de viagem em cadeira de rodas. Para ela, viajar desenvolve inúmeras habilidades, nos faz menos intolerantes por conviver com as diferenças e ajuda a construir inclusão, porque as cidades vão ficando mais preparadas à medida que as pessoas vão se fazendo visíveis. Entre em contato pelo e-mail contato@lauramartins.net.
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