Hotel com acessibilidade: dicas para escolher

Você tem deficiência ou mobilidade reduzida e precisa de hotel com acessibilidade, pelo menos alguns itens? Já se perguntou que critérios usar para fazer uma boa escolha?

É sobre isso que vou tratar hoje, para que possamos diminuir as chances de ter problemas em uma viagem!

Vamos lá?

[Todas as fotos pertencem ao acervo Cadeira Voadora, exceto quando indicado]

Viajar em baixa temporada nos permite encontrar hotel acessível com preços mais em conta, como este em que fiquei na cidade do Porto, em Portugal

Algumas considerações importantes

1. Você precisa do quê?

Primeiramente, é preciso pensar nas suas necessidades pessoais, e não exclusivamente se o hotel segue ou não as normas de acessibilidade.

Pode ser, por exemplo, que você não precise de barras no banheiro ou de portas largas, mas precise de algum item que não esteja previsto na lei. Por isso, pergunte sempre se há os itens de que precisa.

Um hotel com acessibilidade precisa ter pia que permita aproximação frontal, sem a qual um cadeirante não poderia usá-la. (Foto: Laura Martins)

Atualmente, muitos hotéis estão colocando armários debaixo da pia, o que impede a aproximação frontal da cadeira de rodas. Fuja!! (Foto retirada da internet)

2. Como conseguir boas tarifas?

É possível conseguir melhor preço se a pessoa tiver menos limitações físicas, porque assim ela pode optar por um hotel mais básico ou por um quarto standard.

A situação muda quando precisamos de mais itens de acessibilidade, pois é comum que quartos standard não tenham espaço suficiente para as modificações necessárias. Nesse caso, poderá ser preciso pagar por um quarto de categoria superior. 

No meu modo de ver, não vale a pena abrir mão do conforto na hora de dormir, ou da segurança no banho, por causa da tarifa, pois o barato pode sair caro. Se você não estiver descansado e confortável, provavelmente vai aproveitar menos a viagem, ou poderá ter dores e problemas musculares. Por isso, sugiro economizar em outros itens e destinar verba maior para ficar em um hotel/quarto melhor.

Uma outra forma de conseguir melhores tarifas é viajar em baixa temporada, ou seja, fora dos feriados, dos meses de férias e dos grandes eventos no local de destino.

Veja como neste hotel alcanço inclusive a máquina de café

3. Dedique tempo à pesquisa

Recorrendo a uma agência de turismo ou não, reserve tempo para pesquisar o hotel. Oriente seu agente de turismo, e cheque as escolhas que ele fizer, não porque ele não seja competente, mas porque esta é, de fato, uma etapa que exige atenção.

Em qualquer hipótese, recorra a sites de busca e reserva de hotel ou apartamentos (tipo Hoteis.com, Airbnb ou Booking), porque trazem fotografias e a opinião dos usuários.

Também vale investigar os apps de acessibilidade disponíveis em diversos países, como Guia de Rodas, Biomob, Accesapp e TUR4all, e acompanhar blogs e redes sociais dos cadeirantes que viajam, para estar sempre atualizado.

Um conselho: De forma alguma permita que este momento se transforme um sacrifício. Pelo contrário, divirta-se com ele, veja fotos, sonhe, planeje!

É bom baixar apps que ajudem a escolher não somente o hotel, mas também opções de lazer. (Foto: Giuliano Cretoiu/acervo Laura Martins)

4. Confirme todas as informações

Antes de fazer a reserva, certifique-se de que o hotel de fato oferece aquilo que você precisa, pois a propaganda pode ser enganosa, o dono do apartamento no Airbnb pode estar totalmente desinformado, ou as informações nos sites de busca podem estar incorretas.

Por exemplo, vi inúmeras vezes a informação de que o apartamento é totalmente acessível e ele ter um armário debaixo da pia do banheiro, o que impede a aproximação da cadeira de rodas. Dessa forma, não conseguimos escovar dentes, e às vezes nem lavar as mãos. Fique atento a isso e peça fotos, se for preciso.

Em um site de busca, encontrei esta foto acompanhada da informação de que o apartamento é “totalmente acessível para cadeirantes”, mas a pia não é acessível…

Antes de qualquer coisa…

1) Limite o tempo que investirá pesquisando hotéis, senão ela pode não ter fim, e comece com bastante antecedência, no mínimo três meses.

2) Antes de começar a pesquisa, anote os itens dos quais você NÃO PODE ABRIR MÃO. 

3) Com qual equipamento você vai viajar? Scooter, cadeira de rodas manual ou cadeira motorizada? Cada um deles requer condições específicas para que você possa usar banheiro e elevador, por exemplo. Então, leve isso em consideração na hora de escolher.

4) Após esta primeira seleção, coloque os nomes numa planilha e inicie a etapa de confirmar as informações que encontrou, ou solicitar outras. Telefone ou mande e-mail explicando até mesmo o óbvio, como: “Sou cadeirante. Não fico de pé e preciso tomar banho assentado. O hotel tem cadeira higiênica?” 

Somente após esta checagem, quando alguns hotéis serão descartados, será de fato possível definir em qual deles você fará a reserva.

Cadeira higiênica, cadeira de banho ou banco fixado à parede? Explique direitinho o que precisa….

Observação importante:

Peça confirmação por e-mail ou Whatsapp de que o quarto acessível estará disponível para você no dia agendado, com os itens prometidos ou confirmados. Dessa forma, caso ocorra algum problema, você terá como exigir providências ou até mesmo judicializar.

Enfim, acessibilidade?

Não é fácil o hotel atender a tantos critérios, mas leve em conta que estamos falando do ideal. Na “vida real”, sempre teremos que optar pelo melhor custo-benefício.

Um e-book contendo item por item para a busca e escolha do hotel está disponível abaixo, para você baixar e guardar! Este passo a passo é produto do que venho testando há anos, descartando o que não funciona e mudando as estratégias. Embora não tenhamos condições de controlar todas as variáveis, algumas dores de cabeça poderão ser evitadas.

E, no fim das contas, não é preciso ser perfeito para trazer satisfação, concorda?

Minicozinha com acessibilidade em apart-hotel em São Paulo

Nunca é demais repetir…

Mesmo que seja uma agência que esteja fazendo a reserva do hotel para você, acompanhe todo o processo. Quando nós ajudamos, a chance de os prestadores de serviço acertarem é muito maior…

A agência não tem bola de cristal, e as necessidades das pessoas com deficiência são bastante diversas. Quem sabe da sua necessidade é você, e por isso é necessário ter clareza a respeito e comunicar isso da forma mais objetiva possível.

Espero que estas dicas sejam úteis! Agradeço por viajar comigo e te incentivo a compartilhar sua própria experiência, pois assim todos se beneficiam!

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Clique aqui para baixar o e-book com o passo a passo para escolher seu hotel acessível!

Para saber mais

Confira novas regras para acessibilidade em hotéis e pousadas

NBR 9050, atualizada em 2015

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Como planejar uma viagem acessível

Às vezes, mesmo com todos os cuidados a gente tem problemas. Veja este hotel no Chile: as barras não são retráteis, e por isso impedem aproximação lateral, e até mesmo frontal. Mas é então que a gente pode aproveitar para aprender a pedir fotos – ou para fazer sugestões ao estabelecimento!