Vem comigo saber como é acessibilidade no Arraial d’Ajuda Eco Resort? Fiquei hospedada nele em 2017 e tenho muito pra contar!
Destinos de praia não costumam ser amigáveis com pessoas com deficiência, nem mesmo no que diz respeito a hospedagem. Vamos em frente para checar o que este hotel oferece?
Arraial d’Ajuda Eco Resort
Já fazia tempo que eu queria retornar a Arraial d’Ajuda, onde havia ido há quase duas décadas. Estava pesquisando hospedagem quando a Luanda, cadeirante do Rio de Janeiro, fez uma postagem sobre sua estadia no Eco Resort. Entrei em contato com ela para saber mais e decidi fazer a experiência, até porque não havia na região nenhum outro local em melhor situação, no quesito acessibilidade.
Vocês verão que o local é encantador, tanto no que diz respeito à decoração e ao paisagismo, quanto no aconchego e na beleza das vistas. A equipe é simpática e cooperativa, a comida deliciosa…
Faltam alguns itens de acessibilidade, mas a equipe se esforçou para melhorar o que fosse possível durante nossa estadia.
Em síntese, valeu a pena. Vamos ver se é adequado para você? Bora!!
Como chegar
Para chegar até Arraial, é preciso tomar um voo até a cidade de Porto Seguro, e em seguida pegar táxi ou Uber, ou reservar traslado. No nosso caso, fizemos a reserva do traslado pela agência de turismo que tem me atendido. Então, quando desembarcamos, o motorista já estava a nossa espera.
Quem conhece a região sabe que, de Porto Seguro a Arraial, é preciso fazer a travessia por balsa, porém não é necessário sair do carro. Ele entra na embarcação.
Para essa travessia, tanto ida quanto volta, o resort tem embarcação própria e gratuita. Entretanto, neste caso, você teria que descer do carro para pegar o barco, num píer sem acessibilidade, embora os marinheiros facilitem ao máximo. Já no hotel, o píer tem rampa, embora reste um desnível para embarque/desembarque, requerendo novamente ajuda.
Como nosso voo havia atrasado demais, chegamos a Porto Seguro muito cansadas. Porém, tivemos uma grata surpresa, pois, por causa do atraso, fizemos a travessia exatamente na hora do pôr do sol. Confesso que o cansaço passou, diante da beleza…
Check-in com água de coco
Amei a forma como fomos recepcionadas no Eco Resort, pois ficamos assentadas em confortáveis sofás enquanto a gentil funcionária trazia os papéis para serem preenchidos.
Ela nos ofereceu água de coco, e assim pudemos fazer o check-in calmamente.
Preciso dizer que sempre viajo em baixa temporada, o que não somente torna as tarifas mais baixas, mas o atendimento mais tranquilo. Experimente você também!
Acessibilidade
A acessibilidade está relacionada com a autonomia e a segurança que a pessoa com deficiência irá encontrar. No caso de um hotel, precisamos ter condições, no mínimo, de fazer refeições, tomar banho e nos deslocar sem necessidade de ajuda e sem correr riscos.
Vamos verificar cada parte do hotel para concluir se o Eco Resort Arraial d’Ajuda passa no teste de acessibilidade?
Entrando no hotel
Havia duas formas de entrar no hotel, e, infelizmente, nos levaram pela mais difícil… Achei graça nisso, mas logo descobri o jeito mais fácil e passei a utilizá-lo.
Logo que o carro chega até o estacionamento, à direita há uma porta de vidro larga que dá acesso a um amplo salão. Este é o local destinado a eventos, mas também dá acesso aos quartos e, evidentemente, à recepção. É um trajeto um pouco mais longo, mas o piso não oferece nenhum obstáculo.
Ao contrário, fomos levadas pelo caminho mais curto, mas tivemos que entrar em um carrinho elétrico por causa do calçamento com pedras. Essa operação não é confortável para cadeirantes, porque é preciso sair do carro, fazer a transferência para a cadeira de rodas, para depois fazer outra transferência para o carrinho. E não dá pra ir rodando pelas pedras, porque são muito irregulares.
Lobby confortável e lindo
O amplo salão de entrada, cheio de poltronas e almofadas, é “praça” do resort. Em volta dele, estão as lojinhas, dois dos acessos aos jardins, um dos restaurantes, uma das entradas para os quartos e, também, o acesso à recepção, à cafeteria e à piscina.
Aqui certamente não está o melhor acesso para os jardins, porque é feito por caminho de pedras muito irregulares. Para o restaurante, o acesso também se dá por passarela de pedras, porém estas estão mais niveladas.
Quarto e banheiro
Infelizmente, só há um quarto com adaptações para cadeirantes. A nosso pedido, a cama de casal foi substituída por três de solteiro, mas já haviam nos avisado que isso faria com que eu perdesse o acesso à varanda.
Precisei solicitar algumas intervenções no banheiro, porque o espelho estava alto demais, além disso eu não alcançava o secador de cabelos, e havia cestas debaixo da pia. Tudo foi resolvido com boa vontade e prontidão.
Mas restaram dois desafios que não teriam como ser resolvidos prontamente: a porta é de correr, mas é pesada demais, e o vaso sanitário tem abertura frontal. Espero que tenham dado um jeito nisso.
Ah, quase ia me esquecendo de contar que o ar-condicionado tem controle remoto.
Restaurantes, cafeteria, sorveteria
O restaurante próximo da entrada ganhou meu coração, porque é amplo, arejado, plano e tem uma belíssima vista. Além disso, a maioria dos itens da refeição fica em altura viável para cadeirantes. Há outro restaurante próximo à área da piscina, mas não fica aberto todos os dias.
Além destes, há uma cafeteria charmosa, que conta com balcão baixo e poltronas, mas também sofás e mesas espalhadas por um salão. É aí que acontecem os shows noturnos, que, por sinal, foram de qualidade.
Ao lado da cafeteria, há uma sorveteria. Continuando à esquerda, há uma rampinha, que dá para uma área externa coberta e uma ampla mesa coletiva, assim como outras mesas menores. Após, vem a área descoberta.
Quanto ao regime de refeições, será necessário verificar quando você for, porque pode haver alterações. No nosso, estava incluído café da manhã e jantar, que podia ser substituído pelo almoço se a gente quisesse passar a noite fora. Ponto para eles! Eu nunca havia visto essa honestidade em hotéis.
Recreação? Tem sim, senhor!
Não dá pra ficar entediado, porque a recreação é variada e vai das 7 da manhã até, se não me engano, as 22 horas. Nesse intervalo, as crianças poderão brincar, e os adultos poderão fazer yoga, relaxamento, dança, jogar bingo, participar de desafios-surpresa super divertidos no corredor do restaurante – e até mesmo passear fora do hotel… rs
Além de tudo isso, há spa e academia à disposição, mas os serviços são pagos à parte, e o local não era acessível quando estivemos lá.
Piscina e praia
Para alcançar as espreguiçadeiras e a praia, será necessário pedir ajuda, pois é preciso atravessar uma passarela sobre as piscinas, em forma de arco. Porém, é possível rodar no restante da área com autonomia.
Não há elevador nas piscinas, nem cadeira anfíbia, mas há uma rampa até a faixa de areia, bem atrás das espreguiçadeiras.
No fim do texto, tem um videozinho que fiz no hotel mostrando a passarela que atravessa o jardim, a vista para o rio e para a praia e as piscinas.
Passeios na região
Os hóspedes têm acesso gratuito ao parque aquático do Eco Resort, mas não é sempre que ele abre. Portanto, ao chegar, investigue o calendário, a fim de se programar. Como não fomos até lá, não saberei te informar sobre a acessibilidade.
Também é gratuito o transporte ida e volta de van até o centrinho de Arraial d’Ajuda, distante 5km, e há vários horários disponíveis. Porém, o veículo não é acessível, embora você possa contar com acessibilidade atitudinal o tempo inteiro.
Uber e táxis estão disponíveis em Arraial d’Ajuda, e é possível agendar motorista para te buscar no hotel.
Arraial d’Ajuda praticamente não tem nada com acessibilidade, mas há exceções, que vou indicar em outro post. E certamente se pode, no mínimo, dar uma volta de carro para conhecer o local.
Esticar até as famosas praias da região, como Trancoso, é perfeitamente possível, mas será preciso encarar a falta de acessibilidade. Meu Deus, quando é que ela vai chegar àquelas bandas?
Para quem não gosta de resort
Disse o guru dos viajantes Ricardo Freire, em seu blog Viaje na Viagem, que este é um resort para quem não gosta de resort. Isso, por causa do charme, das obras de arte no jardim, dos móveis confortáveis, do serviço quase individualizado…
Além disso, os ambientes são acolhedores, não há música alta na piscina, nem axé tocando o tempo inteiro, pelo menos foi assim quando estivemos lá. A playlist tinha excelente qualidade.
Para terminar a lista de coisas boas, o hotel está muito próximo tanto do centrinho de Arraial quanto da Passarela do Álcool, em Porto Seguro, além de propiciar acesso gratuito ao seu parque aquático, o que o torna atraente para os que curtem feirinhas, compras, noite e por aí vai.
Por fim, conforme você observou, há alguns itens de acessibilidade no Arraial d’Ajuda Eco Resort, o que, no meu modo de ver, faz com que ele ofereça uma hospedagem bastante confortável para os cadeirantes que desejam conhecer a região.
E aí, o que você achou? Gostaria de indicar algum outro hotel em Arraial ou Porto Seguro? Deixe aí nos comentários!