Estou no Monumento a Alfonso XII (Todas as foto: acervo Laura Martins, exceto quando indicado)
No meu post sobre Madri (clique aquipara ler), prometi um texto exclusivo sobre o Parque Retiro, não sei se vocês se lembram. Como eu disse na época, isso é necessário, porque há muita coisa pra falar a respeito, além de fotos lindas e vídeos.
Então, aqui está! Minha intenção é transmitir a você pelo menos uma parcela do encanto que ele despertou em nós. Vamos ver se consigo? Depois me conte.
Parque El Retiro: atrações
Se formos fazer um “Top 10 Madri”, este parque terá presença obrigatória. Afinal, são 125 hectares de muita beleza, tanto do paisagismo quanto dos elegantes elementos históricos e arquitetônicos.
Você vai encontrar belos palácios, estátuas, fontes e milhares de árvores frondosas, à sombra das quais poderá se refugiar quando não tiver mais forças para caminhar sob o sol.
Vamos conferir agora algumas das atrações. Na parte seguinte, te falo detalhadamente da acessibilidade geral.
Estanque Grande
Este é o Estanque Grande, com o monumento ao fundo (Imagem retirada daqui)
A passagem por aqui é obrigatória, pois é um belo lago, onde você encontrará muito gente passeando de barco.E, ao centro, o monumento a Alfonso XII merece ser fotografado. Recomendo que fique um pouco por lá curtindo a paisagem!
Acessibilidade:
Para chegar até lá, entrando pelo acesso que dá para a Porta de Alcalá, é bem fácil, e o trajeto é liso, sem trepidações.
Contudo, para adentrar o espaço do monumento, é possível que cadeirantes precisem de ajuda, porque o calçamento é de pedra em alguns pontos. Mas vale a pena o esforço, porque a vista é linda.
Palácio de Cristal
Achei o Palácio de Cristal tão lindo…
É um belo pavilhão (estufa) em estilo romântico, criado em ferro e vidro, para uma mostra de plantas tropicais em 1887. Atualmente funciona como sala de exposições com mostras e instalações do Museu Rainha Sofia.
Tivemos a sorte de visitar a instigante instalação da artista Doris Salcedo, Palimpsesto, que estava exposta quando estivemos no parque. Helena e eu ficamos impactadas pela beleza, pela inventividade e sensibilidade da obra. Veja um breve vídeo aqui.
Doris já é conhecida dos brasileiros por ter obra e uma galeria dedicada a ela em Inhotim.
Jamais vou esquecer a obra Palimpsesto. Do solo, surgem gotas de água que lentamente formam nomes de homens e mulheres que se afogaram ao tentar chegar à Europa em busca de uma vida melhor. Aos poucos, assim como surgiram, as gotas desaparecem, sem deixar marcas…
Tiro poucas fotos, porque o tempo é limitado, e não consigo tirar meus olhos encantados do entorno para me ocupar da câmera…
Lago em frente à estufa
Aí estou eu, encantada. Quem não é cadeirante entra de sapatilha.
Acessibilidade:
Confesso que achei a rampa meio improvisada e muito estreita
Está garantida através de uma rampa ao lado da escadaria de entrada. Não sei se é o usual, mas todos entravam pela rampa, com deficiência ou não. Como a fila estava extensa, e eu não sabia se na Espanha há prioridade para pessoas com deficiência, passei pelo lado direito da fila e perguntei ao funcionário se poderíamos entrar. Passagem liberada.
#Dica: sempre pergunte, para não deixar de exercer seu direito, mas também não ser desrespeitoso com as regras locais.
Como em outros parques, aqui também encontramos músicos, solitários ou em grupo, dividindo suas habilidades conosco, graças a Deus.
Novamente, tivemos muita sorte. Cruzamos com um grupo de jazz tão bom que paramos um pouco para curtir a música e dançar, como, aliás, outros visitantes do parque. Gente, bom é pouco!
Muitos outras atrações podem ser encontradas no parque, mas, para você ter uma ideia, com essas e com alguns jardins investimos cerca de três horas.
Acessibilidade geral
O piso varia: nas largas vias, é asfaltado; há locais em que tem pedrinhas; em outros, há calçamento…
Não é difícil caminhar pelas largas avenidas do Retiro, mas a coisa muda de figura quando queremos visitar as partes internas e temos de pegar estreitos caminhos ou terreno não pavimentado. Por isso, o ideal é ir acompanhado de alguém que tenha braços fortes ou alugar cadeira motorizada/scooter, se você não levou a sua. Mesmo porque as distâncias são longas.
Há restaurante e lanchonetes pelo parque, mas não espere algo organizado ou com boa aparência; não vimos nada parecido. Usamos banheiro em uma das lanchonetes. Só havia um nesse local, e tinha porta larga, espaço de giro, barra de segurança oxidada e já se soltando. Estava sujo e não tinha papel higiênico; ainda bem que carrego lencinhos umedecidos na mochila. Faça isso também…
Vi na internet que há banheiros públicos subterrâneos. Nem é preciso dizer mais nada, certo? Ele é exclusivo para andantes sem nenhuma dificuldade de mobilidade.
Sempre me assusto ao ver, em parques famosos como o Central Park e o Retiro, o descaso com os banheiros, especialmente a falta de limpeza e manutenção. A exceção que encontrei é o Ibirapuera, em São Paulo, em que havia banheiros adaptados limpos e cuidados, quando estive lá. Será que dei sorte?
Arredores
Há tanta coisa digna de ser vista nos arredores, que fica difícil decidir. Você pode optar por percorrer as barraquinhas de sebo, artesanato ou doces; visitar o Jardim Botânico, os museus, a Estação Atocha, ou ir direto para algum restaurante repor as calorias.
Consulte o guia que disponibilizo abaixo, leia os links com mais detalhes a respeito da acessibilidade e escolha. Ou, então, faça como nós: continue andando sem destino. A gente curte aventura, e você?
Dicas finais
O outono no parque…
O Parque Retiro me parece uma excelente opção para cadeirantes em Madri. E, você sabe, o que é bom para nós é bom para todos.
♥ Bom para crianças: A área é ampla; o piso, de modo geral, é liso; o ambiente é alegre e acolhedor.
♥ Reserve um dia inteiro: O mínimo para cadeirantes conhecerem o parque são três horas, em minha opinião. Mas sugiro que reserve até mais que isso se quiser fazer piquenique, ver as atrações com calma ou curtir as diferentes músicas tocadas em cada canto, dos mantras ao jazz.
♥ Leve garrafinha de água, sempre! E use protetor solar.
Grata por viajar comigo e até a próxima,
Laura Martins
P.S.: Não vá ainda. Tem muitas informações abaixo… 😉
Você viaja mais tranquilo quando lê o Cadeira Voadora. Se tiver alguma dúvida sobre o post ou quiser compartilhar sua experiência conosco, deixe um comentário. Ele é tão importante quanto o texto, esteja certo!
No próximo post, te mostrarei a acessibilidade no aeroporto e nos trens. Te espero de volta!
Laura Martins criou o blog Cadeira Voadora em 2011 para compartilhar suas experiências de viagem em cadeira de rodas. Para ela, viajar desenvolve inúmeras habilidades, nos faz menos intolerantes por conviver com as diferenças e ajuda a construir inclusão, porque as cidades vão ficando mais preparadas à medida que as pessoas vão se fazendo visíveis. Entre em contato pelo e-mail contato@lauramartins.net.
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