Quando recebi o convite do Coletivo Naiá para participar de um mapeamento fotográfico de iniciativas que fortalecem mulheres em Belo Horizonte, achei a iniciativa tão interessante que não pensei duas vezes: aceitei. Acho até estranho dizer “aceitei”, porque, na verdade, elas é que me aceitaram muito antes disso. É uma honra fazer parte desse trabalho.
Em uma época marcada pela competitividade, é animador conhecer pessoas que optaram por uma maneira muito feminina de ir à luta: o acolhimento, o cuidado, o fortalecimento mútuo, a afeição.
No site Mulheres em Círculo (link abaixo, no Para saber mais), podemos conhecer todas as iniciativas mapeadas. Vá lá conferir! Além de ser tudo lindo, ainda podemos ter contato com trabalhos inspirados e inspiradores, competentes, amorosos, eficientes. O objetivo é este mesmo: reunir estas mulheres, para que as iniciativas fiquem públicas e ainda mais abrangentes.
Cadeiras Voadoras: feminino plural
Como expliquei ao Coletivo, meu trabalho no Cadeira Voadora não é específico para mulheres. Ele visa ao empoderamento da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida de forma geral.
Mas há um carinho especial pela mulher cadeirante, já que ela sofre ainda mais o peso da discriminação e da incompreensão.
Enfrentamos desafios muito específicos, como a falta de compreensão da nossa sexualidade, a falta de locais com acessibilidade para fazer exames ginecológicos, o desconhecimento que ainda ronda a gestação e o parto das mulheres com deficiência. Há, ainda, o impacto na autoestima, porque nossa cultura dá imenso valor à aparência, então as relações amorosas podem sofrer com a alteração da imagem corporal. Além disso, estamos mais sujeitas a assédio e violência sexual, por causa da — muitas vezes aparente — fragilidade.
Sendo assim, tenho focado no blog em dimensões que são importantes, a meu ver, para o empoderamento feminino, principalmente o autocuidado, a autoconfiança e a autoimagem. E tenho feito críticas ao modelo da Mulher Maravilha, muito valorizado nas sociedades capacitistas.
Se ele é danoso para as mulheres em geral, ainda mais para aquela que enfrenta desafios relacionados à mobilidade, à desconfiança com relação a sua competência, à aparência. Sentindo-se pressionadas, correm o risco de ver sua saúde física e emocional ainda mais afetada para corresponder a uma expectativa social.
Minha casa é sempre sua
Foi uma alegria receber as meninas do Coletivo Naiá em minha casa, para conhecerem o quartel-general do Cadeira Voadora. Um bate-papo enriquecedor e nutritivo, como costuma acontecer nos encontros de mulheres que buscam sua essência.
Elas produziram um texto tão bonito para falar do meu trabalho (conferir link abaixo)… Fiquei muito feliz também com as fotos que fizeram, pois passam uma sensação de intimidade e aconchego. Ou seja: tanto o texto quanto as fotos conseguiram transmitir essa ideia de “chega aqui; a casa é sua”.
Era assim antigamente, antes da época da desconfiança e da agressividade, não é mesmo? Nossas mães e avós recepcionavam os vizinhos, as amigas, as comadres. O que nos impede de retomar essas práticas?
Mais uma vez, convido vocês a entrarem no site e clicarem em pelo menos três iniciativas, que lhe chamarem mais a atenção. Quanto a mim, já estou seguindo no Instagram algumas delas, que realizam trabalhos nos quais acredito.
Faço questão de reafirmar, sempre: Eu creio num mundo melhor. Eu crio um mundo melhor. Em comunidade!
Depois do Para saber mais, confira mais fotos produzidas para falar do trabalho deste blog!
Para saber mais:
Clique aqui para ver o texto e as fotos produzidas especificamente para falar do trabalho do Cadeira Voadora