O turismo acessível, com ênfase no turismo na natureza, foi o tema da importante videoconferência promovida pela Secretaria de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult) em agosto de 2020.
Aqui, você fica sabendo sobre o que conversamos: as iniciativas de turismo inclusivo na natureza, o material promocional em braile, o potencial de mercado do turismo acessível.
Além disso, terá acesso ao material mostrado pelos debatedores. Vamos em frente?
Por um mundo sem fronteiras
“A prática de atividades turísticas deve ser uma oportunidade para todos os perfis de público e, por isso, é preciso abrir-se ao diálogo e conhecer quem atua diretamente com as questões de acessibilidade, para compreender quais demandas precisam ser atendidas. Não se pode tratar disso sem aprendizado, então o objetivo é falar sobre o assunto, ajudando a disseminar as informações, e sensibilizar os setores envolvidos para as questões que precisam ser resolvidas.” Marina Simião, subsecretária de Turismo de MG
Fui a mediadora da mesa de conversa, assim como uma das expositoras, e conversei com duas pessoas que compartilharam interessantes iniciativas.
Ana Borges falou sobre o projeto “Expedições Inclusivas – Por um mundo sem fronteiras”, que idealizou e tem por objetivo difundir a inclusão e a acessibilidade por meio do turismo de aventura.
Ivo Leme, chefe de Comunicação e Marketing da Secretaria de Turismo de Extrema, apresentou o material promocional do turismo na cidade, o livreto “Turismo de Natureza”, cujo diferencial é a tradução em braile.
A seguir, um resumo de cada uma das falas, que podem ser conferidas na íntegra clicando-se no link ao final deste post.
1 – Laura: “Nenhum deficiente vem aqui”
Em minha fala, lembrei da importância de se falar sobre turismo acessível, pois é um assunto pouco compreendido, em que a palavra “acessível” pode até ser confundida com “financeiramente viável”.
A maior parte das pessoas ainda não conhece o significado do adjetivo “acessível” quando ligado às questões que cercam a pessoa com deficiência. Consequentemente, não sabem que, para ser acessível, o lugar deve proporcionar segurança e autonomia ao usuário.
A seguir, mencionei uma frase que ouvimos frequentemente, quando questionamos a falta de acessibilidade nos locais: “Não é acessível porque nenhum deficiente vem aqui”. E complementei afirmando que muitas vezes as pessoas não vão exatamente porque não se sentem seguras.
Isso acaba formando um círculo vicioso: não vão porque não é acessível, não é acessível porque não vão. Ou seja, ainda não houve visibilidade nem pressão suficiente das pessoas com deficiência, apesar da exigência legal de acessibilidade.
Também discorri brevemente sobre o potencial de mercado do turismo acessível, assunto que pode ser lido aqui.
2 – Ana: Como criar condições
Ana Borges relatou sua experiência com acessibilidade em turismo de aventura, com o projeto “Expedições Inclusivas”. Com essa iniciativa, experimentou fazer a “inclusão reversa”, ou seja, proporcionar a pessoas que não têm deficiência a oportunidade de conviver com pessoas com deficiência, para criar empatia e promover o aprendizado da inclusão.
Ela lembrou que, no ambiente de aventura, como, por exemplo, em parques nacionais, as condições naturais são precárias, então não é eficaz exigir o cumprimento da lei. É preciso, isto sim, um esforço conjunto para criar condições para a pessoa com deficiência experimentar uma atividade ou um passeio.
Então, quando não havia nada acessível no local, ela perguntava se a pessoa poderia tentar oferecer algo, mesmo que ainda não houvesse as melhores condições. Isso porque, às vezes, com mudanças simples era possível melhorar a situação.
Nas expedições, ela orientava as pessoas com deficiência para o fato de que seria preciso abrir mão de exigir direitos para ter o que era possível no momento. Assim, mostrava que ninguém precisa da lei para atender com qualidade, desde que houvesse a atitude de buscar criar possibilidades.
Assim, muitas conquistas foram possíveis em lugares em que a própria natureza constituía um desafio. Confira no vídeo a seguir!
3 – Ivo: Turismo de natureza em Extrema, MG
Ivo Leme compartilhou as práticas adotadas pela Secretaria Municipal de Turismo de Extrema para promover a acessibilidade.
Entre elas, estão a publicação “Turismo de Natureza”, traduzida para o inglês, espanhol e braile, a adoção de passarelas nos parques públicos para cadeirantes, entre outros.
Lembrou que as empresas que não se adaptarem ficarão para trás, e que é necessária uma prática de turismo mais equânime e democrática. Confira o vídeo a seguir!
Turismo como instrumento de inclusão
As pessoas com deficiência enfrentam muitos desafios para consumir serviços de turismo, é fato. Mas a iniciativa da Secult demonstra como o interesse por promover a inclusão vem crescendo.
Esperamos que outras ações se somem a esta e que tanto o setor público quanto a iniciativa privada possam compreender o turismo acessível como oportunidade de desenvolvimento para todos.
Os prestadores de serviços podem ter ganhos estratégicos a partir do posicionamento de suas ofertas para turistas com deficiência. Prefeituras podem incrementar o turismo local oferecendo a acessibilidade como diferencial. E, por fim, a pessoa com deficiência terá a grande oportunidade de se beneficiar com todas as possibilidades que o turismo pode oferecer.
Especialmente afetado pela pandemia da Covid-19, o turismo pode aproveitar o momento de crise para crescer, e o turismo acessível aparece como uma das estratégias para superar a crise.
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