Uma ao lado da outra, e uma tão diferente da outra. Quem vai ao Chile não deve deixar de conhecer Valparaíso e Viña del Mar. Vou te explicar por quê!
Valparaíso e Viña del Mar são cidades chilenas que encantam, cada qual por motivos diferentes.
Infelizmente, não são muito amigáveis com cadeirantes, especialmente a primeira delas, por causa da topografia, que lembra as ladeiras das cidades históricas mineiras.
Escolhemos passar primeiro em Valparaíso. Eu, particularmente, estava muito curiosa para conhecer esta cidade histórica, que atrai artistas e encanta com seus grafites. Vamos?
- Todas as fotos pertencem ao meu acervo e foram tiradas por Ulysses Martins, Cláudio Corrêa ou por mim.
Por que não fomos de metrô?
Muito tempo antes de viajar, entramos em contato com uma agência e contratamos um motorista/guia para este passeio. Provavelmente, você já deve estar a par dessa informação, que compartilhei no primeiro post da série #CadeiraVoadoraNoChile,
É possível ir de metrô, mas não optamos por ele devido a várias razões.
Em primeiro lugar, perderíamos muito tempo no deslocamento, e ele não estava sobrando… Em segundo, eu e minha mãe tínhamos o desafio da mobilidade para chegar até o metrô e, depois, para percorrer as cidades a pé, particularmente no caso de Valparaíso.
Por fim, chegamos à conclusão de que iríamos aproveitar muito mais se fôssemos com alguém que conhecia bem as duas cidades. No fim das contas, a escolha se revelou acertada, porque economizamos nossa energia para ver as coisas bonitas!
Rumo a Valparaíso
Viña fica a 105km de Santiago, e Valparaíso a 144km. Para a viagem não ficar cansativa, fizemos uma parada na Vinícola Veramonte. Havia ainda uma outra possibilidade, que é parar no outlet do vinho, logo após.
Valparaiso é uma cidade portuária, com um belo casario colonial declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco. Para o desespero dos cadeirantes, está repleta de morros que se debruçam sobre o Oceano Pacífico. Mas a vista do mar é impagável, pois tem um tom de azul dos mais bonitos que já vi!
Para subir os morros, há os elevadores, que, lamentavelmente, não são acessíveis a cadeirantes.
Se não tiver chegado à cidade de carro, pegue um táxi ou Uber para atingir as regiões mais altas. Afinal, é um programa obrigatório para conhecer as casinhas coloridas de zinco e ver o mar lá do alto. Mas não tente ir a pé, porque te garanto que só é possível para quem tem excelente preparo físico… rs
Não se engane com a primeira impressão da cidade, que a princípio vai lhe parecer desorganizada e feia. Logo ela revelará construções coloridas e alegres, além das vistas surpreendentes. Além disso, você vai amar esse passeio se gosta de cidades históricas e de grafites!
O que você não pode deixar de ver
Clique nas imagens para ampliar:
Como estivemos de carro durante todo o tempo, não terei como lhe falar sobre a acessibilidade nas ruas, lojas e restaurantes, mas me pareceu próxima de zero.
De qualquer modo, nos morros me parece impossível circular com cadeira de rodas ou scooter, por causa da declividade, do tipo de calçamento e também porque ruas e passeios são estreitos.
Tem que ser de carro mesmo, a não ser na parte plana da cidade, onde há belos prédios históricos. Mas as calçadas são estreitas, e as ruas, movimentadas.
Casa do poeta Pablo Neruda
Em Valparaíso, fica La Sebastiana, uma das casas onde viveu o famoso poeta Pablo Neruda.
Se vale a pena visitar? Sim, se você é amante de literatura, para sentir de perto a energia do poeta.
Para não se frustrar, saiba que não tem acessibilidade nenhuma, o que considero um descaso. Afinal, não seria impossível fazer pelo algumas adequações, pelo que pude constatar.
Sendo assim, não vá se não tiver um acompanhante com braços fortes. Com alguma dificuldade e com ajuda do Cláudio e de Ulysses, entrei na lojinha, circulei pela área externa e fui até o deque, com sua vista indescritível do mar.
Mirante do Paseo 21 de Mayo
Outro passeio bacana que fizemos foi até o mirante do Paseo 21 de Mayo, ao qual chegamos de carro. Mas, para os andantes, é possível ir de elevador ou ônibus. A vista é lindíssima, principalmente porque o dia estava claro, e o sol produzia suaves reflexos no mar azul.
Há uma feira de artesanato no local, com produtos bem variados, na qual dá pra circular com facilidade, porque fica numa área plana.
Para o mirante, temos alguns degraus e piso de ripas estreitas e espaçadas. Contei com a ajuda do nosso anjo da guarda/motorista/guia para entrar, e precisei circular na diagonal, para que a rodinha dianteira da cadeira não caísse no vão entre as madeiras.
Mas, caso você não consiga subir, saiba que é possível admirar a vista a partir da feira de artesanato!
A poética Viña del Mar
A vizinha de Valparaíso é sua prima arrumadinha, organizada, florida e limpa. Descobri que é um dos mais importantes balneários do Chile, com águas geladas e vistas lindíssimas!
Lá, também, circulamos de carro. Para tirar fotos, paramos na praia de Reñaca, se não me falha a memória. Como não podia deixar de ser, almoçamos com vista para o mar, num restaurante totalmente inacessível. Mas você já deve ter adivinhado que o acesso aconteceu graças ao nosso motorista, que fez milagres…
Para não dizer que não falei do famoso caranguejo centolla, aproveitamos o almoço para experimentá-lo. Porém, não compramos um inteiro, pois é imeeeensooo e caro. Como alternativa, provamos um prato em que ele era o ingrediente principal e achamos muito bom!
Saindo de lá, paramos no Museu de Artes Decorativas Palácio Rioja, que me encantou. O detalhe curioso é que Ulysses e mãe ficaram dormindo na van, enquanto eu e Cláudio percorríamos cada palmo do local.
É uma construção em estilo neoclássico francês que abriga uma coleção de mobiliário do início do séc. 19, totalmente acessível para cadeirantes, incluindo a entrada, o acesso ao segundo piso, o banheiro e os jardins. E a entrada é gratuita.
Clique nas imagens para ampliar as fotos de Viña del Mar!
Museo Rioja:
Podia ter ficado mais…
O mundo é grande, o tempo é limitado, e a grana também, eu sei. Mas o fato é que gostaria de ter passado mais dias nestas duas cidades…
Sendo assim, se seu gosto for parecido com o meu, não caia neste conto do vigário de que um bate e volta é suficiente. Se puder ficar um pouco mais, não pense duas vezes!
Por fim, dois alertas. Não vá nos fins de semana se você prefere sossego, porque as duas cidades ficam lotadas! Além disso, não vá ao Chile durante o que eles chamam de feriados irrenunciables (confira o link abaixo para saber o que é isso).
Até a próxima!
Para saber mais:
Acesse os links abaixo se quiser se aprofundar no conhecimento destas cidades e do Chile, de modo geral. E bom passeio!
Mobilidade em Santiago, feriados irrenunciables e agência contratada para passeios
Vinícolas: Concha y Toro, Santa Rita e Veramonte
Viagem aérea (Latam) e aeroporto de Santiago
Chile em outros sites e blogs
Indico blogs ou sites mesmo quando não concordo totalmente com as percepções dos autores, principalmente os que oferecem informações sobre acessibilidade. O importante é que oferecem informações detalhadas e valiosas.
E vale um alerta: não se esqueça de prestar atenção nas datas de cada post e se foram atualizados, porque tudo muda o tempo todo!
Dúvidas frequentes sobre viagem para o Chile
A cidade de Santiago no blog Viaje na Viagem
Santiago para cadeirantes no blog Mão na Roda
Chile para cadeirantes no blog Casadaptada
Como é Santiago para deficientes
Metrô de Santiago – acessibilidade
Un recorrido por Santiago: rutas y accesibilidad universal
Estou adorando seus posts e dicas sobre o Chile Laura, daqui a quinze dias estarei embarcando para lá! Tinha tirado este passeio da programação mas inclui de novo depois deste post. Abraços!
Fico muito feliz por saber, Alessandro! Vc não vai se arrepender.
E agora já está nevando na cordilheira, então vc poderá até mesmo tentar esquiar.
Se necessitar de qualquer informação adicional, estou à disposição.
Boa viagem!