Viagem marítima é uma boa opção de turismo e lazer para cadeirantes?
As pessoas têm gostos e expectativas diferentes, além de necessidades diferentes. Por isso, ao planejar uma viagem, é necessário pensar até mesmo em qual tipo de transporte é mais adequado, considerando seu jeito de ser, suas limitações, suas habilidades.
Nunca fiz um cruzeiro marítimo, embora tenha notícias de suas vantagens. Pensando em oferecer informações a respeito, entrevistei Ida Célia Palermo, que tem sequela de poliomielite, por isso se locomove usando scooter, cadeira de rodas e também muletas. Como ela aprecia essa modalidade de viagem, já fez dois cruzeiros.
Bora viajar com a Ida?
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Navio Splendour of the Seas (imagem retirada da Wikipédia)
Entrevista | Ida Célia Palermo
Cadeira Voadora | Uma viagem marítima é uma boa opção para a pessoa em cadeira de rodas?
Ida | Sim, e é muito confortável, pois não precisamos ir a aeroportos ou estações de trem para irmos de uma cidade a outra. E a vantagem maior é que não carregamos as malas.
Com relação ao custo, ela é acessível?
O preço é razoável. A meu ver, até mais em conta, porque as refeições já estão incluídas (não as bebidas alcoólicas) e várias atividades também. Além disso, você pode pagar parcelado. Na hora de viajar, só vai se preocupar com os gastos extras, como compras e passeios nas paradas.
É importante dizer que tem pouca cabine acessível e muita procura, principalmente por idosos. Então, o planejamento é importante para a reserva.
Que tipo de divertimento o cadeirante vai encontrar a bordo?
Eu posso falar do Splendor of The Seas, da Royal Caribbean, que é o que conheço. Nele, tem show todas as noites, vários ambientes com música ao vivo, festas temáticas, boate, piscina, cassino e mini shopping. Também tem programação de recreação, que vai de como dobrar guardanapos até aulas de idioma para iniciantes (oferecidas durante a travessia do Atlântico). Como o navio todo é acessível, você consegue ir a qualquer lugar sem precisar de ajuda.
Acessibilidade no navio
Qualquer viagem marítima é acessível para cadeirantes? A tripulação está preparada para nos atender?
Nas grandes embarcações turísticas, acredito que sim. O que é preciso verificar é a rota, as cidades em que os navios irão parar.
Às vezes, o navio não para no porto, então temos que nos transferir para embarcações menores para chegar até o local. Essas paradas são um pouco complicadas para os cadeirantes. Nesses momentos, a tripulação dá apoio, e os obstáculos são resolvidos facilmente. Em terra também pode ficar complicado, por não ter acessibilidade em alguma cidade.
Quanto à tripulação, eles estão acostumados e treinados a tratar todos bem. E com a gente não é diferente. Para eles, nada é novidade, tudo é natural.
Você acabou de voltar de um cruzeiro. Em que cidades esteve?
Em 2014, fiz o roteiro travessia, que está disponível quando acaba o verão brasileiro e os navios voltam para fazer o verão europeu. Então, fui de navio até Barcelona e de trem até Paris.
Um ano depois, fiz dois cruzeiros. Primeiro, o travessia, até Barcelona. Saiu de Santos e passou pelo Rio de Janeiro, Salvador, Tenerife (Ilhas Canárias), Málaga (Espanha) e finalizou em Barcelona (Espanha).
Depois, em Barcelona, peguei o segundo cruzeiro, que passou em Cannes (França) e depois em Livorno (Itália). Livorno é uma cidade portuária. Em meia hora de ônibus de excursão, cheguei a Florença e voltei ao navio no fim da tarde.
A seguir, o navio partiu para Civitavecchia, onde fui de excursão até Roma. Voltei ao navio e fomos para Nápoles, de onde segui de ônibus até Sorrento (Itália). Depois, de navio até Santorini (Grécia) e Split (Croácia). O cruzeiro finalizou em Veneza (Itália), onde fiquei quatro dias e retornei de avião.
Dificuldades de embarque/desembarque
Qual é o grau de dificuldade de embarque e desembarque nas paradas?
No primeiro trecho, todas as paradas acontecem nos portos. Então, não houve dificuldade.
No segundo trecho, em Santorini, tem que pegar a embarcação menor, e o porto fica na parte baixa da ilha. Para chegar à cidade, você pode subir uma escada de 600 degraus, ir no lombo de burro ou subir de teleférico, onde não entra a cadeira de rodas. Mas o porto é bem simpático e dá para fazer compras, tomar vinho e comer churrasco grego.
É viável para um cadeirante fazer uma viagem deste tipo estando desacompanhado?
Se o cadeirante tiver autonomia de vida diária e gostar de viajar, sem problema algum. Pode ir e vai se divertir muito. Acredito que todas as pessoas que viajam de navio têm um único objetivo: se divertir. Então, as coisas ficam fáceis.
Ida Célia Palermo ama viajar e se autodenomina uma “viajante feliz”.
Ela é graduada em Comunicação Social – Turismo e especialista em Organização de Acervos.
Bastante atuante no movimento das pessoas com deficiência, foi conselheira municipal de Direitos da Pessoa com Deficiência de Campinas em varias gestões. Além disso, compôs a Diretoria do CVI Brasil e foi presidente do Centro de Vida Independente de Campinas.
Para saber mais:
Tem outro post no blog sobre viagem marítima! É um texto da leitora Renata Ruiz, que gentilmente compartilhou conosco suas experiências em uma viagem com o marido, que é cadeirante. Para ler, clique aqui!
Cruzeiros acessíveis – a viagem na medida dos seus sonhos
Lazer para cadeirante – navio de cruzeiro
Como escolher a cabine em um cruzeiro: 8 localizações que você deve evitar
Adorei a entrevista!!
Conheci a Ida no Cruzeiro para Barcelona em 2014.
Ela é incrível! A gente até esquecia sua deficiência, pois ela é muito autônoma e participava de todas as festas! Lembro-me dela entrando e saindo da piscina do solário sem a menor ajuda.
Pena que ela não descreveu mais um pouco sobre a sua experiência e dificuldades em Barcelona e Paris, pois vou fazer a travessia de novo em 2016 com meu pai que é cadeirante e vou fazer um roteiro nestas cidades.
Oi, Marluci, obrigada pela visita!
A Ida é incrível mesmo. Vou passar seu e-mail a ela, ok? Quem sabe ela tope compartilhar mais um pouquinho das experiências?
Beijo!
Obrigada!
Seria muito bom se ela pudesse me passar o resto da experiencia, na terra e no ar.
Oii Laura ! Tudo bem? Espero que sim ! Eu só quero saber uma coisa: vce também é paciente do Dr. José Eduardo Afonso Jr… ??
Beeeijoos ❤
Ei, Isabela, tudo bem, e vc?
Será que vc desejou fazer esta pergunta a mim mesmo (sou a autora do blog) ou à Ida, que é a entrevistada?
Se for a mim, não sou paciente do Dr. José…
Um beijo!!!!