Curitiba: atrações com acessibilidade para cadeirantes

Curitiba, além de bela e organizada, oferece muitos passeios viáveis para cadeirantes. Descubra!

 

Calçadão da Rua XV de Novembro tem revestimento de pedra portuguesa.
(Todas as fotos pertencem ao acervo de Laura Martins)

 

Estive em Curitiba em 2014, com minha mãe. Fazia muitos anos que desejava conhecer a cidade, principalmente as intervenções que Jaime Lerner havia promovido.

O arquiteto e urbanista, ex-prefeito de Curitiba e ex-governador do Paraná, ganhou minha admiração por transformar Curitiba na capital verde do país e em referência mundial em planejamento urbano.

 

Primeira rua fechada para pedestres no Brasil

 

Em 1972, Lerner transformou a Rua XV de Novembro em um calçadão para pedestres, o primeiro do Brasil. Em 1992, implementou grandes mudanças no transporte coletivo, inclusive com acesso para usuários de cadeiras de rodas. Além disso, promoveu ações para a proteção do meio ambiente. Por exemplo, ampliou os espaços verdes, introduziu a reciclagem do lixo e levou ovelhas para o parque, a fim de aparar a grama mas também encantar as crianças.

Por fim, criou locais emblemáticos, como o Jardim Botânico e o Teatro Ópera de Arame.

“As transformações ousadas que promoveu em Curitiba mudaram a face da cidade e a autoestima da população. De aldeia recatada e tímida a cidade passou a modelo de planejamento urbano e de qualidade de vida no país.”, disse o jornalista Fábio Campana aqui.

 

Minhas primeiras impressões

 

Estive na cidade em 2014. Na época, infelizmente, estava bastante abandonada, em vários aspectos. Para começar, as calçadas do centro estavam sujas e muito danificadas. Na Praça Osório, havia numerosos pedintes espalhados. Por fim, a Ópera de Arame estava fechada há mais de um ano (felizmente, já foi reaberta).

Mas nada disso ofuscou o brilho de outras atrações, sobre as quais falarei neste e em outros posts. No de hoje, também indicarei hotel e taxista. E já fiz um post sobre o Jardim Botânico, que você pode ler aqui !

Antes de prosseguirmos, que tal assistir a este belo vídeo sobre Curitiba?

 

 

Hotel perto das atrações do Centro

 

Optamos por ficar em hotel no centro da cidade por estar próximo de várias atrações, incluindo o próprio centro histórico. Ao longo dos dias, vimos que esta escolha foi acertada.

Ficamos no Hotel Centro Europeu Tourist, em frente à Praça Osório, pertinho da Boca Maldita (não se assuste com o nome! rs), da Feirinha do Largo da Ordem, da Rua 24 Horas, das estações-tubo (corredores de ônibus) e de vários restaurantes.

Lembre-se de que nos hospedamos lá em 2014, então espero que tenham sido realizadas reformas com vistas a melhorias.

À época, era modesto no que diz respeito à estrutura. O restaurante era pequeno e simples, o quarto em que ficamos era excessivamente simples, e o hotel não tinha área de lazer.

Por outro lado, já tinha wi-fi gratuito, e o valor das diárias era muito em conta. E o melhor: os funcionários eram gentis e proativos, dos melhores que já encontrei. Eles compensaram com louvor todas as deficiências do estabelecimento.

Pontos negativos:

  • Pequeno degrau na entrada (2 ou 3cm)
  • Não há toalete no lobby
  • Restaurante pequeno com pouco espaço entre as mesas. Como eu mal conseguia me aproximar do buffet, pedi para falar com o gerente. Sugeri que uma das mesas fosse retirada, pedido que foi atendido prontamente.
  • Os móveis estavam mal distribuídos no quarto, o que dificulta a passagem de uma cadeira de rodas maior. Mas isso se resolve, pois é possível mudá-los de lugar, caso necessário.
  • Guarda-roupa inadequado para cadeirantes.
  • Banheiro do quarto não tinha boxe, nem cortina, o que resultava em alagamento… Não chega a ser grave, pois há um pequeno desnível na área do banho. Pelo menos o quarto não é alagado, como já ocorreu comigo em outros hotéis…
  • O pior de tudo: um cheiro horrível e constante no banheiro, possivelmente o retorno do esgoto. Reclamamos com o gerente, e a funcionária dos serviços gerais fez uma excelente higienização, o que fez o problema desaparecer – para retornar cerca de 24 horas depois… Tínhamos de cobrir o ralinho com a tampa da lixeira. Parece que isso é recorrente, porque já vi outras pessoas reclamando do mesmo problema em sites de hotéis.

 

Pontos positivos

 

  • Funcionários nota 10. Para você ter uma ideia, a cadeira de banho não era adequada para mim. Sem que eu pedisse, eles adquiram uma banqueta de plástico, que resolveu o problema.
  • Corredores iluminados e arejados.
  • Boa ventilação, pois o quarto tinha janela que abre, além do ar-condicionado (mas era um modelo antigo).
  • O quarto para cadeirantes fica na lateral do prédio. O que parecia ser um ponto negativ, pois não há vista, se transformou em positivo, porque ameniza o ruído que vem da rua.
  • Bom café da manhã
  • O hotel oferecia um buffet de cortesia à noite, com sopa, lanches, chá, café, leite, sucos, água. Isso resultou em uma mega economia…

 

Palácio Avenida e Bondinho da Leitura, na XV de Novembro, pertinho do hotel

 

Praça Osório

 

A Praça Osório é bonita e agradável, arborizada, e tinha várias bancas de revista e de flores, algumas com rampinhas, pois as bancas em Curitiba são elevadas. No local, também havia ponto de táxi, de ônibus e travessia elevada para pedestres.

Porém, como já disse, estava bastante descuidada, à época. A calçada portuguesa, que recobre toda a praça e é comum no centro, estava danificada e cheia de ondulações, provavelmente por causa das raízes das árvores. E havia uma população de rua no local e nas imediações, com pessoas dormindo nos bancos. Porém, aparentemente, não havia perigo, pelo menos até o início da noite.

Talvez os problemas já tenham sido resolvidos, uma vez que se passaram alguns anos.

 

Belos prédios históricos no calçadão

 

Calçadão da XV. No fundo, a Boca Maldita e a Praça Osório.

 

Outras atrações próximas ao hotel

 

A meia quadra do hotel, está a Boca Maldita, que é o início do calçadão da XV de Novembro, ou Rua das Flores. A Boca é, historicamente, ponto de encontro dos que fazem protestos políticos. Por ali, é sempre movimentado, por causa dos que passam para ir ao trabalho, tomar um lanche, passear ou fazer compras. Há bancos, floreiras, ponto de ônibus da Linha Turismo, livraria e muitas lojas. Sem dúvida, um local muito agradável.

A duas quadras do hotel, está a Rua 24 Horas, que só funcionava das 9 às 22 horas (!!!). Tinha lojas, cafeteria, fast-foods, e havia acesso para cadeiras de rodas. Me contaram que também havia banheiro acessível, mas, pasme, a chave ficava com o segurança. Estranhamente, não o encontramos em canto algum, ainda que algumas pessoas do local nos tivessem ajudado a procurá-lo.

Pertinho da Rua 24 Horas, está o Shopping Omar, que é pequeno, mas com uma boa praça de alimentação, para quem quer dar uma economizada. O banheiro não era tão bom, porque era pequeno e tinha vaso com abertura frontal.

 

No calçadão da XV, muitas floreiras com amores-perfeitos; há muitos bancos também!

 

Táxi acessível

 

Não sei se ainda é assim, mas, à época, os táxis acessíveis de Curitiba eram veículos do modelo Spin com rampas, não elevador. São chamados de táxis compartilhados, porque qualquer pessoa pode pegar, e não somente as que têm deficiência. O problema é que o teto é baixo; se você for alto, desista, pois vai bater a cabeça.

Os táxis de Curitiba, mesmo os adaptados, não têm autorização para buscar os cadeirantes no aeroporto, porque são municípios diferentes. Em Belo Horizonte também é assim, o que é um absurdo.

Mas, para ir ao aeroporto, não há problema.

A Rosalinda, leitora do blog de Curitiba, foi gentilíssima em nossa estadia na cidade. Ela me indicou o taxista Rafael, muito simpático. O telefone era (41) 9840-1441.

 

Este é o Rafael, a simpatia em pessoa. O carro é um Spin adaptado.

Amigos em todo lugar

 

Uma das boas coisas que este blog me traz é ter amigos em toda parte! Pelo Facebook do blog, conheci a Rosalinda.

Entrei em contato com ela quando estava preparando a viagem, a fim de pedir dicas. Outros amigos virtuais tinham me passado várias, mas nada como as informações de uma pessoa que vive na cidade.

E a Rosalinda foi mesmo muito gentil e me forneceu diversas informações. Ela é uma moça simpática, bonita, articulada e inteligente. Tinha uma folga no serviço e a dedicou a um passeio conosco, que foi extremamente agradável!

 

Rosalinda passeia comigo pelo Shopping Omar.

 

Passeio de trem pela Serra do Mar

 

Ir a Curitiba rende uma atração adicional, que é o passeio de trem pela Serra do Mar. E este é o assunto do próximo post, porque fiz o passeio e vou te contar tudo! Até a próxima!

[Nota: Post publicado em set de 2017 e atualizado em 02/03/2021]

Que passeio lindo, viu, gente?

 

 

About Laura Martins

Laura Martins criou o blog Cadeira Voadora em 2011 para compartilhar suas experiências de viagem em cadeira de rodas. Para ela, viajar desenvolve inúmeras habilidades, nos faz menos intolerantes por conviver com as diferenças e ajuda a construir inclusão, porque as cidades vão ficando mais preparadas à medida que as pessoas vão se fazendo visíveis. Entre em contato pelo e-mail contato@lauramartins.net.

2 Comments

  1. Roseli Maria Garcia kamozaki

    Eu gostei muito e para minha mãe não sai de casa

Comments are closed