“Loucura de Amor” | Os desafios por estar fora dos padrões

“Loucura de Amor” é um filme que, de forma leve e sensível, mostra o cotidiano de pacientes em um hospital psiquiátrico e os desafios pela falta de aceitação social. Confira por quais razões você não deve deixar de assistir!

 

“Loucura de Amor” é uma comédia romântica com cenas quentes de sexo, mas nem por isso fracassa ao tocar em um tema delicado

 

Quem vê título não vê conteúdo

 

Por que será que os filmes às vezes têm títulos tão pouco atraentes? “Loucura de Amor” jamais me chamaria a atenção se eu fosse considerar somente o título, mas ele me pegou pela sinopse.

Adrí é um “pegador” e não passa mais de uma noite com cada mulher que conhece. Mas isso vai mudar, quando cruza com Carla na balada e, após uma noite incrível, quer voltar a encontrá-la.

Entretanto, não sabe nada sobre a moça, a não ser seu primeiro nome. Ele, então, vasculha cada bolso da jaqueta que ela deixa cair quando parte aceleradamente com sua moto. Não encontra nada, ao contrário de sua colega, que resolve verificar um bolso interno.

E é assim que ele descobre seu nome completo e, posteriormente, que está internada em um hospital psiquiátrico.

 

Coragem ou loucura?

 

E o que este homem obcecado faz para reencontrar Carla, já que não lhe permitem entrar na instituição para visitá-la? Simplesmente paga uma fortuna a um psiquiatra para obter um pedido de internação.

É neste ponto que se inicia uma fase de muitas surpresas para o superficial Adrí, um publicitário que vive passando receitinhas de autoajuda para os amigos.

Eram, nada mais, nada menos, que fórmulas simplistas para contornar desafios e resolver dores, como, por exemplo, a famigerada: “Você pode melhorar, é só querer, basta acreditar.”

Como resultado da internação, o rapaz vai sofrer profundas transformações convivendo com os “loucos”, que ele considerava lixo social. Mas é sua atenção e sensibilidade que o leva a rever a visão distorcida.

 

Carla tira Adrí da zona de conforto

 

Rejeição social

 

Está construído o pano de fundo para conhecermos um pouco mais o universo de pessoas que vivem com transtornos psiquiátricos. O filme tem cenas tocantes, que mostram os desafios impostos por amigos e familiares, quando insistem em que elas têm sintomas porque são fracas, ou porque querem.

Paralelamente a isso, também acompanhamos um romance nascente entre dois internos. Ela tem síndrome de Tourette, e ele precisará segurar seu rosto para conseguir beijá-la em meio aos movimentos repetitivos produzidos pelo distúrbio. É uma bela cena!

 

Boa parte do filme se passa no hospital e traz cenas muito engraçadas

 

Leve, mas não superficial

 

O filme é leve e engraçado, mas isso não é empecilho para que toque em um tema importante, denuncie estigmas e proponha uma nova visão.

Não fala de questões ligadas diretamente ao universo das pessoas com deficiência, mas trata de algumas que também nos afetam. Por exemplo, ao mostrar o cotidiano dos internos, nos oferece uma possibilidade de perceber o que significa viver fora dos padrões e não contar com aceitação social.

Gostei dos diálogos, e até deu vontade de decorar algumas falas para usar na primeira oportunidade.

Mas são as considerações finais de Adrí que trago para compartilhar com vocês, porque merecem ir para um porta-retratos. Não expressam mais a superficialidade e seu jeito distorcido de encarar os desafios da vida. Confira:

“Da próxima vez que eu vir alguém triste, não direi que sorria. Nem vou prometer que ficará bem. Para realmente ajudar, vou deixar claro que, mesmo que eu não seja capaz de entender o que lhe passa, estarei lá caso precise de mim.”

Isso resume, talvez, a proposta do filme. E quem sabe seja o grande presente que queremos receber das pessoas, resultado da empatia?

Nada de fórmulas mágicas, e tudo de cumplicidade…

 

Para saber mais:

 

Todas as resenhas de filme no Cadeira Voadora

Crítica jornal A Gazeta | Loucura de Amor: comédia romântica da Netflix é ótima

 

Trailer

 

O filme acaba de chegar na #Netflix, e você pode conferir o trailer abaixo. Infelizmente, não encontrei nenhum com as legendas em português. Mas, caso não entenda espanhol, poderá encontrar o trailer dublado no Youtube.

 

About Laura Martins

Laura Martins criou o blog Cadeira Voadora em 2011 para compartilhar suas experiências de viagem em cadeira de rodas. Para ela, viajar desenvolve inúmeras habilidades, nos faz menos intolerantes por conviver com as diferenças e ajuda a construir inclusão, porque as cidades vão ficando mais preparadas à medida que as pessoas vão se fazendo visíveis. Entre em contato pelo e-mail contato@lauramartins.net.

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