Atualizado em 26/6/2017
Parklets ainda constituem novidade para muita gente; em Belo Horizonte, faz apenas dois meses que o primeiro foi instalado. Mas eles são, simplesmente, a transformação de vagas de estacionamento de rua em varandas urbanas ou minipraças – uma ideia da qual eu gostei muito.
A instalação dessas estruturas é um sinal de que os pedestres estão começando a receber mais atenção, em cidades que tradicionalmente concedem todos os privilégios aos automóveis. É que aos poucos se percebe a inviabilidade de perder tanto tempo parado em engarrafamentos, assim como não dá mais pra conviver com ruas abarrotadas de carros que carregam apenas uma pessoa. A poluição é cada vez mais grave, e as consequências ambientais cada vez mais preocupantes.
Muitos ainda não compreenderam que uma boa mobilidade urbana depende de transporte público de qualidade, e não de que cada pessoa tenha automóvel próprio. Mas, que bom, as coisas estão mudando.
Então, que tal um passeio para visitar os parklets que vêm surgindo em BH? Mas você pode me perguntar: eles são acessíveis a pessoas em cadeira de rodas ou com mobilidade reduzida?
Acessibilidade dos parklets em BH
O site da prefeitura de BH explica que a instalação do parklet é temporária (dois anos) e que ele é implantado e mantido pela própria população, com a finalidade de trazer maior vitalidade e diversidade ao espaço público. A ideia é transformar as ruas em espaços de confraternização e de permanência, e não apenas corredores de carros e ônibus; dar espaço à recreação, ao descanso, ao convívio e a manifestações culturais.
Não há um projeto padrão e único para os parklets. Em Belo Horizonte, o Decreto nº 15.895, publicado em março de 2015, estabeleceu as regras e condições para a instalação desse tipo de mobiliário urbano no município. Clique aqui para conhecer os pontos principais do decreto, que lista os critérios para localização e projeto, o roteiro para o licenciamento, além de exemplos de parklets de sucesso instalados em outras cidades do Brasil e do mundo.
Fazem parte das regras básicas para implantação dos parklets em BH:
- Não ocupar vagas de estacionamento destinadas a idosos, a pessoas com deficiência e outras que possuam regulamentação especial.
- Atender as normas de acessibilidade, especialmente no que se refere ao nivelamento entre o piso do parklet e a calçada existente.
Em 8 de agosto, Tina Descolada, Marta Alencar e eu fomos à inauguração do parklet da Rua Orenoco, o primeiro do Brasil feito com um contêiner, que foi decorado com grafites do artista plástico Rogério Fernandes. Ficou lindo!
Além de muito bonito, ele é confortável, coberto (já que é um contêiner…), iluminado com energia fotovoltaica, tem lixeira, plantinhas e bicicletário. A lei exige que seja acessível, e a empresa que construiu o parklet providenciou uma rampa que busca nivelar a calçada, a fim de que pessoas com deficiência física tenham acesso ao interior.
Contudo, resta uma inclinação, uma vez que ele foi montado em uma área que deve ter sido, um dia, uma entrada de garagem. Então, tem aquele declive típico. Além disso, para ter acesso à área onde fica o parklet, o cadeirante vai precisar rodar uns metros, já que não conseguirá entrar pelo rebaixamento de garagem mais próximo (ao lado), porque ele é íngreme demais.
Isso, porém, não chega a ser um entrave para que vc vá passar uma tarde de sábado por lá, como fizemos. No dia da inauguração, a rua estava muito agradável, com bastante gente descolada, diversos tipos de food-trucks (churros, cerveja artesanal, crepioca e muito mais!) e DJ. Fomos premiadas com um flash-mob de dança flamenca, com uma dançarina que tem síndrome de down. Amei.
Aproveitei para conferir a Galeria Rogério Fernandes. Eu já conhecia a obra do artista plástico, e até já tinha objetos produzidos por ele, mas não conhecia o espaço de exposição das telas e dos produtos. Dá pra entrar com cadeira de rodas e circular pelo local, que tem um jardim interno com mural pintado pelo artista. Mas há alguns desafios para cadeirantes: um trilho de fixação de porta, na entrada. Será preciso saltá-lo com a cadeira; para mim, não foi problema, mas dependerá do equilíbrio de cada um, certo? No jardim, outro pequeno ressalto. E os corredores são um pouco estreitos. Gosta de arte? Não deixe de ir! Lá, vc vê como fazer pra se virar, certo?
Atenção: a galeria Rogério Fernandes mudou de endereço, e com ela, o parklet. Sendo assim, precisarei fazer uma nova visita para conferir a acessibilidade!
Outros parklets
Clicando aqui, você terá acesso aos endereços dos demais parklets de BH. Pelas fotos que vi, parece que todos respeitaram o critério da acessibilidade. Lembre-se: o parklet é aberto à população. E costumam oferecer alguma programação, como parte do projeto de manter as ruas vivas. Gostou do programa? Caso resolva passear por algum deles, dê notícias. Eu e os leitores do blog vamos adorar saber se de fato são acessíveis!
Para saber mais:
Conheça os parklets: as extensões temporárias que promovem uma renovação dos espaços públicos
No vídeo abaixo, acompanhe a instalação do parklet com arte de Rogério Fernandes.
Muito legal o post. Estou compartilhado com a equipe… mais informações no site oficial dos parklets: pbh.gov.br/varandasurbanas
Obrigada, Sérgio.
Já citei o site oficial acima, mas vou inserir a informação com este nome, no Para Saber Mais, a fim de facilitar a consulta… 😉
Abs!
Muito bom, com informações importantes, Laura!
Amo os seus posts!
Bj
Marta
Obrigada, Marta! Seu parecer conta muito!
Bjo