Sem dúvida, Buenos Aires rende muitos passeios acessíveis em cadeira de rodas, apesar dos desafios de acessibilidade. Vamos conhecer algumas possibilidades?
Este post faz parte da minha série sobre a charmosa capital da Argentina, e o texto foi transcrito do antigo endereço deste blog, com alterações. Como a viagem foi feita em 2011, não se esqueça de conferir tudo, antes de ir, combinado?
E abaixo, no Para Saber Mais, você sempre tem acesso a links que deixo de presente. Desta vez, deixo todos os posts sobre Buenos Aires neste blog, e links para outros blogs que falam da cidade.
Vambora?
Obs.: Todas as fotos pertencem ao acervo Cadeira Voadora e só podem ser usadas com autorização expressa.
Minha mãe e eu em frente ao palácio que abriga o Congresso Nacional. Ele está em um dos extremos da Avenida de Mayo; no outro, está a Casa Rosada e o Cabildo Histórico, formando um eixo cívico.
Passear sem rumo por Buenos Aires
Adoro andar sem destino em cidades que têm muito a oferecer, em matéria de paisagens, belos edifícios, equipamentos culturais… Isso pode render muitas descobertas, ou simplesmente representar um descanso para a cabeça.
Vá por mim: é gostoso flanar por Buenos Aires. Para começar, há muitas áreas arborizadas, casas e edifícios que valem uma lenta contemplação. Também encontramos lojinhas deliciosas e encantadoras (para todos os gostos!), assim como gente simpática com quem trocar dois dedos de prosa…
Ufa! Você vai ter trabalho para escolher onde passear! Vai precisar voltar várias vezes à cidade. Que sacrifício…
Mas agora, após ler estes posts, seus passeios também poderão ter um rumo bem bacana, porque saberá onde pode ir sem passar perrengues. E, por outro lado, poderá evitar locais que representam dor de cabeça certa… rs
A elegante Recoleta
Passeamos bastante pela famosa e bela Recoleta, o bairro mais parisiense de Buenos Aires.
Visitamos o cemitério, que é imperdível por causa dos túmulos majestosos e das belas esculturas e completamente plano. Lá, você vai poder visitar o túmulo da Evita Perón.
Também visitamos o belo Alvear Palace, assim como batemos ponto nos cafés La Biela e Josephine. Caminhamos por toda a Av. Alvear, povoada de lojas sofisticadas, como Cartier, Ermenegildo Zegna e Versace. Lá e nos arredores estão também palácios luxuosos e mansões, hoje ocupados por embaixadas e hotéis cinco estrelas.
Acessibilidade na Recoleta
Nessa região, muitas ruas são planas, o que facilita bastante os deslocamentos. Foi possível entrar em alguns cafés e lojas e apreciar as coisas boas do bairro.
Ao lado do Centro Cultural Recoleta, está o Buenos Aires Design, centro comercial voltado exclusivamente para a arquitetura, o design e a decoração. No seu terraço você encontra o Paseo del Pilar, onde há restaurantes com mesinhas externas e vista para a Plaza Francia. Uma delícia!
San Telmo, a “casa” da Mafalda
San Telmo é um bairro histórico, que conserva as marcas da antiga Buenos Aires e abriga dezenas de antiquários.
Aos domingos, acontece lá a famosa feirinha, que reúne antiguidades, artesanato — e milhares de pessoas. Afe. Fiquei até temerosa de ir nesse dia e ser pisoteada. Afinal, quem enxerga uma pessoa em cadeira de rodas no meio da confusão?
Mas não foi o que aconteceu, pois, apesar da quantidade de gente, o movimento nos pareceu calmo e civilizado.
Acessibilidade a poder de magia
Nesta parte da cidade, as ruas são pavimentadas com pé-de-moleque, então será necessário usar o passeio, se quiser sobreviver. Mas eles são bastante estreitos, às vezes quebrados e, nos dias de feira, algumas vezes tomados por feirantes que estão próximos às suas barraquinhas.
Bem, Josane e eu superamos isso tudo usando magia. Duvida? Não, nada de “Expecto Patronum”! De 5 em 5 segundos, dizíamos “permiso” (que significa “com licença”, em espanhol). Pode acreditar, não houve uma vez em que alguém tenha feito cara feia. Todo mundo se afastava, e alguns ainda se desculpavam por estar no meio do caminho. Mas uma hora cansa, né? hahaha
Deixando a brincadeira de lado, Nas imediações da feirinha, há rebaixamentos de calçada, mas quebrados e sujos, muito sujos. Porém, encontramos, na Rua Chile, faixa de segurança no nível da calçada. Que bênção! Atravessamos com a maior tranquilidade.
Mafalda e seus cutucões para nos tirar da zona de conforto…
Estou fora da cadeira de rodas para me sentar ao lado da irresistível Mafalda
A verdade, somente a verdade
Mas vocês sabem mesmo o que fomos mesmo fazer em San Telmo?
Sim, fomos conhecer a estátua da garotinha Mafalda, a inesquecível personagem criada pelo cartunista argentino Quino. Foi uma luta tirar uma foto com ela, porque brota gente de todos os lados para fazer o mesmo, mas conseguimos.
Ela está na esquina das Ruas Chile e Defensa, e é lindinha demais! Dá vontade de fazer carinho, mesmo sabendo que é de pedra.
Mas é irresistível, por causa do simbolismo que carrega a menininha precoce, questionadora do mundo e de seu destino. Ela está presente em todos nós que estamos insatisfeitos com as injustiças sociais, a política mal feita, a alienação e por aí vai.
Para finalizar esta parte, creio que San Telmo vale a visita, apesar das condições difíceis para nós, cadeirantes. Vale para conhecer a parte histórica de Buenos Aires, ver a Mafalda e também porque a feirinha é bonita, divertida e alegre.
De lá, descemos a pé a Av. 25 de Mayo em direção a Puerto Madero.
O charme de Puerto Madero
Em 2010, visitamos Puerto Madero ao cair da tarde, então as fotos ficaram prejudicadas. Em 2011, fomos curtir o início da tarde e não poderia ter sido melhor.
Esta é uma área de cais restaurada, que recebeu restaurantes sofisticados, corporações multinacionais e a graciosa Puente de la Mujer, obra do arquiteto espanhol Santiago Calatrava, o mesmo que fez o Museu do Amanhã, no Rio.
Circular no local foi uma delícia, pois nos encontramos com as pessoas passeando às margens dos diques para aproveitar o suave sol de outono.
Então, não há dúvida: é preciso ir várias vezes lá, durante o dia e à noite, para contemplar a beleza do local, andar sem rumo, escolher algum bom café ou restaurante.
Há uma extensa variedade de espaços gastronômicos, para todos os gostos. Não se iluda achando que Buenos Aires se resume a churrasco… Se você curte massa, há ótimos restaurantes; peixe, também; comida oriental, idem; e por aí vai.
Para saber mais
Buenos Aires de cadeira de rodas com a Luana
De cadeira de rodas em Buenos Aires – Parte 1
Hotel acessível para cadeirantes em Buenos Aires: Meliá Reconquista
Baixe o Guia de turismo accesible Buenos Aires!
Acessibilidade em Puerto Madero
Dica do Eduardo Câmara, do blog Mão na Roda:
- Consulte o Guia Óleo, pois, segundo ele, “Esse guia de restaurantes tem uma busca (http://www.guiaoleo.com.ar/nav_pro.php) que mostra os lugares com acesso e também com banheiro adaptado. As informações são corretas e há quase 1.000 restaurantes com banheiro adaptado no guia!”.
- Minha dica é que você consulte também o Google Maps e o app Guiaderodas.
