Dos lugares que já visitei, o Instituto do Mundo Árabe foi um dos que mais impacto me causou. Isso aconteceu tanto pela arquitetura, quanto pelo acervo, quanto pela acessibilidade física e atitudinal.
Era o ano de 2008, e eu fazia minha primeira viagem internacional. Àquela época, a surpresa pela acessibilidade tinha ainda mais razão de ser. Continue comigo que vou te contar os detalhes!
Por que visitar?
Este post estava escondido no antigo endereço do blog, mas achei que valia a pena transferi-lo para cá. Isso, porque o Instituto permanece desconhecido dos brasileiros, até porque a maior parte dos viajantes fica pouco tempo em cada cidade e acaba apenas batendo ponto nos “cartões postais”.
Mas a cultura árabe é riquíssima, e o Instituto do Mundo Árabe mostra isso muito bem, num edifício que é uma obra de arte.
Ainda no Brasil, quando me ocupava em traçar um roteiro de Paris, anotei o Instituto como local a ser visitado principalmente pela curiosidade que me causara a estrutura metálica que filtra a luz na fachada sul. Além disso, como eu ficaria três dias sozinha na cidade, dos dez programados, vi que lá seria um dos locais onde eu poderia ir sem o auxílio de um acompanhante.
Quem desenhou esta obra de arte?
O edifício foi desenhado pelo ilustre arquiteto Jean Nouvel, um dos maiores do séc. XX e XXI, um sujeito com ideias próprias, que ressalta que a arquitetura deve ter uma função social.
#dica O canal Globonews tem um programa Milênio especial sobre Jean Nouvel, que vale a pena ser visto. Quem assina Net pode acessar o Now ou ver pela internet na Globo Play. Encontrei no Youtube aqui. E assista aqui a um pequeno trecho (4min) da entrevista, no site G1.
O Instituto do Mundo Árabe recria elementos da arquitetura árabe. A fachada sul é uma linda releitura dos “muxarábis”, uma treliça de madeira com o objetivo de filtrar a luz e dar privacidade.
No Instituto, essas “treliças” são diafragmas metálicos, como numa câmara fotográfica, que se abrem e fecham de acordo com a luz, controladas por células fotossensíveis. Quando estive lá, infelizmente o sistema não estava funcionando, o que, evidentemente, não tira a beleza da construção.
Internamente, as paredes são de vidro, e o elevador panorâmico. Imaginem a sensação vertiginosa!! Para acessar as salas de exposição, que me fizeram ficar de boca aberta, há outro elevador, escondidinho. Eu vi peças do início da civilização, astrolábios, tapetes persas… Essa experiência jamais vai se apagar da minha memória.
Como foi minha visita
Para começar, é preciso levar em consideração que estas informações são da viagem que fiz em 2008. Sendo assim, é possível que esse roteiro tenha se modificado.
Ao transpor o belo portal (confira foto abaixo), recebi o impacto da mencionada fachada composta de diafragmas metálicos. É realmente uma obra de arte, tanto quanto de tecnologia. Visto de perto, por dentro do prédio, é um curioso engenho. Meu olhar brilhou de encantamento, porque amo arte, assim como tecnologia.
Adentrando o prédio, tomei o elevador panorâmico até o 7º andar, onde teria acesso à exposição permanente. Senti um frio no estômago, porque a engenhoca era muito veloz. Além disso, toda a estrutura do prédio é transparente, de vidro. No elevador, vemos tudo ao redor.
Dá uma sensação de falta de referência, pois a gente não sabe para onde olhar: no meu caso, eu queria ver tudo, já que tudo estava à vista.
A visita começa no 7º andar, mas há um elevador discreto, na extremidade do recinto, que dá acesso ao 6º e ao 4º andares, onde continua a exibição do acervo. Para os que amam estudar história, é um verdadeiro tesouro.
Acervo riquíssimo
Encontrei no local uma extraordinária coleção de objetos da civilização e da arte islâmica – origens, formação e desenvolvimento. Havia desde peças arqueológicas mostrando objetos da vida cotidiana – utensílios domésticos, por exemplo – até tapetes preciosos. Fiquei fascinada com a coleção de astrolábios.
Outro “detalhe” do museu é que, em todo o percurso, se tem uma bela vista do Rio Sena, através da fachada Norte, voltada para a Paris histórica.
Que tal um docinho?
Após a visita, peguei novamente o elevador principal até o 9º e último andar, onde fica o restaurante panorâmico. A vista é linda, mas lamentavelmente era pouco acessível a alguém sentado em uma cadeira de rodas, por causa do parapeito…
Descendo, e fazendo uma pausa para um breve descanso, aproveitei para comer docinhos na cafeteria árabe do térreo. Afinal, tudo era novidade para mim!
Após, dei uma passada pela lojinha a fim de comprar uma lembrancinha para alguns amigos que curtem a cultura árabe.
Acessibilidade no Instituto do Mundo Árabe
Não me recordo de ter encontrado problemas de acessibilidade no local, mas não verifiquei os banheiros. As informações a seguir foram retiradas do site do Instituto, para evitar repassar dados desatualizados.
- Duas cadeiras de rodas estão disponíveis na recepção.
- Cães-guia são aceitos no estabelecimento.
- Nenhuma estação de metrô nas proximidades é acessível a usuários de cadeira de rodas. A RATP* criou um serviço para atender às necessidades individuais dos viajantes.
- Você também pode clicar aqui para ter acesso a um serviço de informações de transporte para pessoas com deficiência.
- Somente a parada do ônibus 67 do Instituto do Mundo Árabe em direção a Stade Charléty não é acessível para cadeirantes.
*RATP é a empresa responsável pelos transportes públicos em Paris e arredores. A empresa gerencia o serviço de metrô, a rede de ônibus, o sistema RER e ainda oito linhas de tramways.
Acessibilidade atitudinal: nota 10!
Como em praticamente todos os lugares da França que visitei, o atendimento da equipe de funcionários foi gentil. Porém, note que essa não é a experiência de todas as pessoas. Creio que não tive problemas porque falo francês, e eles ficam muito felizes quando são abordados na língua pátria.
#DICADACADEIRA sugiro que você aprenda pelo menos as frases de cortesia, para começar e terminar sua abordagem em francês. Após a saudação inicial, diga que infelizmente não fala a língua e pergunte se pode continuar em inglês.
No caso do Instituto, foram mais que gentis. Ao chegar, um segurança notou minha confusão e simplesmente me adotou, explicando calmamente como eu faria para me localizar naquele labirinto transparente. A partir de então, notei que ficou me observando (na verdade, me seguindo), a fim de verificar se eu precisava de alguma coisa.
Como regra geral, os seguranças de todos os lugares se antecipavam às minhas necessidades, sem que eu precisasse pedir. Que bom!
Aqui me despeço por hoje, pessoal!
Aguardem a próxima parada: Musée Rodin. Mais um local imperdível em Paris. Aliás, Paris é imperdível!
Para alugar cadeiras de rodas, scooter, etc.
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