No início do ano, conversando com Mônica Coimbra no Instagram, ela me contou que, ao ver o post do Cadeira Voadora sobre meu intercâmbio, isso a motivou a ir para Londres, onde ficou durante 40 dias estudando. Então, perguntei se poderia compartilhar a experiência conosco, e que bom que ela aceitou! Mais uma cadeira voadora com experiência de intercâmbio!
Por Mônica Coimbra*
Após ter lido sobre o intercâmbio de cadeirantes aqui no Cadeira Voadora, resolvi procurar uma agência no Rio de Janeiro, a STB.
A atendente Natália foi extremamente atenciosa e anotou todas as minhas dúvidas e necessidades; era a primeira vez que ela preparava um intercâmbio para uma cadeirante. Tive dúvidas, no início, quanto ao destino – Inglaterra ou Canadá –, mas fui vencida pela Inglaterra (amo a Europa).
Eu queria aproveitar minhas férias no trabalho. Então, tudo organizado, passagens compradas, optei por contratar um receptivo de chegada e saída em Londres e lá fui eu.
A viagem
Viajei dia 01/10/2016, pois minhas aulas começavam dia 03, para ficar 40 dias estudando. Escolhi um voo noturno; fui de TAP com conexão ida e volta em Lisboa. Não tive problema algum na viagem.
Mas bateu medo, desespero, afinal estaria em outro país de cadeira de rodas (manual) e sozinha pela primeira vez. Já havia ido a Londres quando andante.
Qual não foi a minha surpresa quando me deparei com uma cidade de arquitetura antiga, porém bem adaptada, calçadas planas, segurança para ir e vir sozinha e o principal: o transporte público funcionando maravilhosamente.
Aqui onde moro, no estado do Rio de Janeiro, só ando de carro, pois é inviável o transporte público. Moro em uma cidade um pouco afastada da capital; da minha casa ao escritório onde trabalho são cerca de 70km. Para esse percurso, infelizmente só tem trem, e a estação não é acessível. Quanto aos ônibus, quase nunca funcionam. Por questão de segurança, prefiro o carro mesmo.
A escola
Escolhi fazer o curso em uma escola em Greenwich, que fica a uns 20min de Londres.
Greenwich é um bairro na parte sudeste de Londres, atualmente um distrito do real borough de Greenwich. É famoso por lá se situar o Observatório Real de Greenwich a partir do qual é definido o Meridiano de Greenwich, onde por definição a longitude é 0º 0′ 0″ E/W, e que serviu de base para a definição do tempo médio de Greenwich (GMT). (Wikipédia)
A escola fica dentro de um complexo estudantil que dá suporte também à Universidade. Há tanto apartamentos convencionais quanto adaptados. Os apartamentos são individuais, tipo uma kitnet. Têm tudo: cozinha completa, banheiro adaptado, cama confortável e serviço de limpeza diário. Perfeito, não?
Eu saía do apartamento direto pra escola; eram 2 minutinhos rodando
A escola, que é totalmente adaptada, está acostumada a receber cadeirantes de diversos países.
As aulas eram de 9 às 12:30 e de 14 às 16:30, fora as classes extras de leitura e conversação. Professores maravilhosos e todos falando em inglês do início ao fim; só havia eu de brasileira. Ou aprendia ou aprendia. Foi uma experiência maravilhosa.
Nem tudo é estudar
A escola também oferecia passeios após as aulas, então aproveitei ao máximo tudo o que podia. Do Museu Britânico ao Palácio de Buckingham e até um concerto no Albert Hall, curti cada dia, cada minuto, usando metrô e ônibus na maioria do tempo.
Dá medo do novo? Dá, mas faria tudo novamente (pretendo! rs).
Minhas dicas:
- Tenha a certeza de que está fechando contrato com uma empresa séria.
- Tire todas as dúvidas possíveis (não tenha vergonha, pergunte mesmo).
- Certifique-se de que você tenha capacidade de viajar desacompanhado (ou com companhia; algumas escolas permitem).
- Confirme se o local possui as adaptações necessárias, prepare as malas e vá conhecer este mundão.
Só conseguiremos as mudanças que precisamos se formos vistos.
Mônica tem 36 anos, trabalha com auditoria e consultoria.
Se locomove com cadeira de rodas há cerca de 3 anos, por causa do agravamento da artrite reumatoide degenerativa que tem desde os 18.
Ela é independente, leva uma vida ativa e viaja sempre que possível.
Agradecemos por compartilhar sua experiência conosco, Mônica!
Para saber mais
Intercâmbio para cadeirantes: uma experiência possível
Passeios em Londres usando cadeira de rodas