A artrite reumatoide do pintor Pierre-Auguste Renoir

Entre os artistas que conviveram com alguma deficiência, está o célebre pintor francês Pierre-Auguste Renoir, que enfrentou uma artrite reumatoide grave nos últimos anos de sua vida.

Fiquei sabendo a respeito há anos, quando assisti ao filme Renoir. Tempos depois, no Facebook de um conhecido, vi a dica de um artigo que trouxe informações detalhadas a respeito.

Vou te contar tudo! Vamos lá?

 

Cena do filme mostra Renoir pintando

 

O papel da arte na saúde

 

Os artistas, os psiquiatras e psicólogos sabem que a arte tem o poder de auxiliar a elaborar sentimentos e, por extensão, atua também nas dores físicas, quando estão relacionadas com as emocionais.

Mas, como todos podemos observar, a arte trabalha não só as emoções dos próprios artistas, mas também as nossas, que somos “apenas” expectadores. A arte é, de fato, um grande remédio!

E é por isso que no Cadeira Voadora tenho trazido reflexões sobre o tema, com posts sobre filmes, artes plásticas, música e por aí vai.

Vale a pena se aprofundar e saber mais sobre o impacto da arte sobre a saúde, além, é claro, de introduzir a arte em seu cotidiano!

 

Detalhe de pintura de Renoir | “Near the lake”

 

Quem foi Renoir?

 

Pierre-Auguste Renoir, um dos grandes pintores impressionistas franceses, nasceu em 25 de fevereiro de 1841, em Limoges (França).

Não parou de pintar mesmo sofrendo intensamente em decorrência da artrite reumatoide. Não é difícil imaginar a razão, pois a atividade artística com certeza o auxiliou a lidar com o impacto emocional e físico da doença.

Tudo indica que as primeiras manifestações da doença surgiram por volta de 1892, quando ele tinha cerca de 50 anos.

No blog Arte Médica (link abaixo), de Renata Viana, lemos que “Apesar da ausência de registros médicos, é possível, graças às fotografias, cartas pessoais e notas biográficas de pessoas que o conheciam intimamente, ter uma ideia razoável sobre o curso de sua doença”.

 

Foto da época mostra as mãos de Renoir bastante afetadas pela artrite reumatoide

 

Progressão da doença

 

Primeiro, Renoir utilizou uma bengala para se locomover, depois duas, e mais tarde precisou usar uma cadeira de rodas. Seus pés tinham de ser envolvidos em chinelos de lã, já que as deformidades progrediram a ponto de impedi-lo de usar sapatos.

Aos 71 anos, o agravamento da artrite reumatoide resultou na anquilose de seu ombro direito e em rupturas de tendões dos dedos e punhos, levando à deficiência das mãos. Mas ele continuou a enrolar seus cigarros e a pintar, provavelmente como vários que estão lendo este texto continuaram suas vidas, exercendo as atividades que amam ou das quais precisam, com o auxílio de adaptações.

Fico imaginando a vitalidade desse sujeito e a força da sua criatividade, que se expressavam através da arte. Provavelmente era isso que o movia, fazendo com que inventasse jeitos de continuar a pintar, numa época em que as ajudas técnicas praticamente não existiam.

Hoje, felizmente, temos acesso a mais formas de reduzir o impacto da doença no cotidiano das pessoas.

 

Detalhe de pintura de Renoir | “A leitura”

 

Onde ver as obras de Renoir?

 

Um dos quadros mais famosos de Renoir, “Rosa e Azul”, está pertinho de nós, aqui mesmo no Brasil, no Masp (Museu de Arte de São Paulo). Fiquei emocionada e hipnotizada quando o vi, em visita ao museu.

O local tem acessibilidade para cadeirantes, e vocês podem obter mais informações aqui e aqui.

#dicadacadeira
Aos domingos, o museu costuma ficar mais cheio. Se a fila estiver muito grande, sugiro deixar a visita para outro dia, porque ela pode ficar desconfortável em razão do excesso de público. Tudo fica mais lento, e até ver as obras fica difícil. Aos domingos pela manhã, o vão livre do Masp recebe uma feira de antiguidades, que é referência nacional no setor, mas não é acessível: o piso é calçado com pedras, e o espaço entre as barraquinhas é pequeno demais.

 

Outras obras estão dispersas em museus pelo mundo. Encontre informações a respeito aqui, na WikiArt, uma enciclopédia de artes visuais.

 

“Rosa e azul” é um dos quadros mais famosos e está em São Paulo, no Masp.

 

 

A beleza permanece

 

Me parece interessante encerrar este texto com uma frase do pintor: “A dor passa, a beleza permanece.”

Ela indica que nossas vidas transitórias podem produzir impactos permanentes na vida das pessoas – e que a beleza pode não ser fugaz como somos com frequência levados a pensar.

Os dias de Renoir em sua passagem pela Terra deixaram como legado as mais belas expressões de arte. Procure conhecê-las!! Não tenho dúvida de que seria a melhor forma de agradecimento que o artista poderia receber!

 

 

Para saber mais:

 

História da artrite de Renoir

O impacto da arte na saúde

A arte como expressão de sentimentos e catarse emocional

Renoir, o filme

Artrite reumatoide | Site Drauzio Varella

 

Filme de 1919 (3min) mostra Renoir pintando em sua casa

O texto a seguir é uma tradução do que acompanha a postagem deste vídeo no Youtube:

“Esta é uma filmagem única do grande pintor impressionista Pierre-Auguste Renoir (1841-1919).

Ele é visto em casa, trabalhando em uma tela.

Estou surpreso de que ele exista – nunca imaginei ver um filme dele pintando. Você até percebe o método dele de aplicar o óleo na tela.

Também estão presentes nesta filmagem o filho mais novo de Renoir, Claude, 14 anos, que organiza a paleta e coloca o pincel na mão de seu pai, e Sacha Guitry, o homem que fez o filme em 1915 e que aparece no meio do filme sentado e conversando com o artista.”

 

Paixão por Renoir | Exposição em 2010, no Museu do Prado

 

 

Filme Renoir | trailer oficial

 

https://youtu.be/fR6y2R5uBko

 

 

About Laura Martins

Laura Martins criou o blog Cadeira Voadora em 2011 para compartilhar suas experiências de viagem em cadeira de rodas. Para ela, viajar desenvolve inúmeras habilidades, nos faz menos intolerantes por conviver com as diferenças e ajuda a construir inclusão, porque as cidades vão ficando mais preparadas à medida que as pessoas vão se fazendo visíveis. Entre em contato pelo e-mail contato@lauramartins.net.

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