Acessibilidade em Tiradentes | Parte 2

Neste post, continuaremos conversando sobre a acessibilidade em Tiradentes, mas agora iremos investigar se temos como passear pela cidade usando cadeira de rodas ou qualquer outro equipamento para locomoção. Já te adianto que é possível conhecer alguns lugares sim, e é isso que vou te mostrar! 

Já há dois posts sobre a cidade aqui no blog, sendo um sobre lugares onde comer, e outro sobre pousada com (alguma) acessibilidade. Vou deixar os links a seguir, assim como no final deste texto. Assim, você escolhe o melhor momento de ler, combinado?

Pousada acessível em Tiradentes

Tiradentes | Acessibilidade para cadeirantes – Parte 1

 

Obs.: Todas as fotos pertencem ao meu acervo e podem ser usadas somente com autorização.

⇒ Esta visita aconteceu em 2019. Por isso, lembre-se de confirmar todas as informações, nos links indicados ao final deste post. Afinal, tudo muda o tempo todo…

 

Laura está sob chuva fina. Sua cadeira de rodas tem uma 5a roda acoplada na frente, entre os pedais. Esta roda eleva as rodinhas dianteiras, tornando a circulação mais fácil.

Para desbravar Tiradentes, a roda Freewheel foi realmente útil. Ela fica na frente, encaixada entre as rodinhas dianteiras da cadeira, elevando-as. (Foto: Marta Alencar)

 

Como circular em Tiradentes

 

Sem dúvida, é um grande desafio circular na cidade, tendo deficiência ou não. Afinal, as ruas têm um calçamento terrível, irregular, com poças d’água e pedras se soltando. Para piorar, não há passeios, e, quando eles existem, também não há uniformidade na largura, nem na altura do meio-fio.

Sendo assim, penso que o melhor, especialmente para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, é circular de carro.

Ou, se quiser dar uma voltinha “a pé”, talvez consiga atingir seu objetivo usando scooter ou cadeira motorizada. Eu utilizei uma roda Freewheel acoplada à cadeira de rodas (ver fotos acima e abaixo). Para minha alegria, funcionou razoavelmente bem… rs

 

Laura usa sua cadeira de rodas, mas, na frente, acoplou um roda extra, que se chama Freewheel. Ela eleva as rodas dianteiras da cadeira, fazendo com que a circulação em pisos difíceis seja facilitada

Observe as pedras. [foto: Marta Alencar]

Desesperar, jamais!

 

Esta foi minha segunda vez Tiradentes. Porém, na primeira, eu me locomovia usando órtese (aparelhos ortopédicos) e bengalas canadenses. Por causa disso, consegui entrar em alguns lugares que não tinham acessibilidade.

Em compensação, não consegui circular nas ruas, porque é realmente penoso, senão impossível, enfrentar as pedras usando muletas/bengalas/andador. Desta vez, tudo mudou, por estar usando cadeira de rodas.

Ficamos apenas três dias, então não foi possível conhecer muitos lugares, até porque optamos por assistir a um seminário sobre acessibilidade que estava acontecendo na cidade. Mesmo assim, foi possível visitar alguns museus e dar uma volta no povoado do Bichinho, para checar se havia algum lugar que tivesse como receber cadeirantes.

São essas as experiências que compartilho agora, ao montar este roteiro com acessibilidade em Tiradentes! Como elas já foram publicadas no Instagram, deixarei os links para vocês conferirem, combinado?

 

Roteiro em Tiradentes

 

Três dias deram para garantir bons passeios sem pressa, mas creio que o ideal sejam cinco. É preciso levar em consideração que cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida podem precisar de mais tempo que outras pessoas para realizar as atividades.

Um passeio de automóvel pelo centro histórico de Tiradentes rende um belo espetáculo, mesmo que a gente não saia do automóvel. Vou provar isso com as fotos abaixo, que tirei de dentro do carro.

 

Colagem com 3 fotos mostrando ruas de Tiradentes vistas de dentro do carro

Fotos tiradas de dentro do carro

 

Uma história pra contar

 

Começo compartilhando com vocês os stories que publiquei no Instagram enquanto os passeios aconteciam. Nada como acompanhar a emoção do momento, concordam? E essa história começa com a gente na estrada, debaixo de chuva, como vão ver! Depois, tem a chegada à cidade, a parada para comer e muito mais! Tomara que gostem!

É só clicar aqui para conferir todos os stories!

Agora, vou contar sobre os três museus que visitamos, que nos surpreenderam pela beleza, modernidade e… acessibilidade!

 

1 – Museu de Sant’Ana

 

Para ser honesta, este museu, dedicado à avó de Jesus, roubou meu coração! Sabe por quê?

 

Jardim interno convive com lojinha e cafeteria. Ao fundo, elevador.

 

Em primeiro lugar, pelo investimento em acessibilidade, ainda mais levando-se em consideração o fato de ocupar um local histórico: a cadeia de Tiradentes. Em segundo lugar, por ter transformado um local de dor (no local havia inclusive masmorra) em um templo de esperança, amor e paz.

Talvez você esteja pensando ser impossível um acervo de imagens de uma santa ter algum interesse, mas não se engane. Estou certa de que ele agradará a todas as pessoas que apreciam arte, história e cultura, não importando se sejam religiosas ou não. É necessário, apenas, sensibilidade!

 

“A cadeia que antes prendia agora acolhe o Museu de Sant’Ana. A ternura e compreensão substituem a força. Nossa tarefa foi a de criar espaços para proteger e exibir essas peças de talha inspirada e de origem diversa que homenageiam a mãe de Maria, avó de Cristo. Os gestos serão sempre de gentileza, miméticos e reverentes.” Equipe Gustavo Penna Arquiteto e Associados, responsável pelo projeto arquitetônico do Museu de Sant’Ana

 

Restaurando as energias

 

Nas salas, a iluminação suave e os grandes pufes permitem a contemplação das obras, sem pressa. A música ambiente revela uma trilha sonora belíssima, que toca baixinho, ajudando a compor uma atmosfera de paz e aconchego.

É incrível como é bonito, e a acessibilidade não deixa a desejar.

 

Colagem com 3 fotos. Na primeira, Laura Martins tenta subir um meio-fio usando sua cadeira de rodas, com a roda Freewheel acoplada.

 

 

Acessibilidade

 

Logo na entrada, uma plataforma elevatória permite que pessoas com deficiência se livrem dos degraus que levam ao piso inferior, onde estão a cafeteria, a lojinha, os jardins e os banheiros, sendo um deles adaptado. Ali também está o elevador que leva ao piso onde fica o acervo.

Este elevador fica ao lado da escada. Como as paredes dele são de vidro, podemos visualizar, tanto quanto quem sobe pela escada, a alvenaria original do edifício.

 

Nas salas, temos áudios à disposição, descrevendo as peças. Como recurso de acessibilidade, algumas delas podem ser tocadas. A maior parte das imagens está ao alcance do olhar de uma pessoa em cadeira de rodas, o que também acontece com os textos descritivos e explicativos.

Visite! Garanto que não vai se arrepender! A seguir, compartilho um videozinho que fiz para te mostrar um pouquinho do lugar:

 

 

 

2 – Museu da Liturgia

 

Clique na imagem para ampliar e ler um belo texto sobre os objetivos do museu

Foi uma alegria conhecer o belo Museu da Liturgia, que nos mostrou muito investimento em acessibilidade para pessoas com deficiências diversas.

Tudo é de impecável beleza neste local que fala de fraternidade e transcendência. Além disso, percebe-se zelo e cuidado em cada passo.

Mais uma vez, não desconsidere a visita caso não seja uma pessoa religiosa, ou mesmo caso não professe a fé católica. Vale a pena conhecer ainda assim.

Tivemos a honra e a alegria de ser recebidas pelo pelo próprio diretor, o Rogério de Almeida, que nos acompanhou na melhor visita guiada que poderíamos ter, apresentando o espaço orgulhosamente.

A seguir, num curto vídeo, ele nos mostra um pouco do acervo, usando tecnologia multimídia.

 

 

Acessibilidade

 

Infelizmente, a administração não conseguiu intervir na calçada (passeio) do museu, por isso será preciso ajuda para sair do carro e entrar no local. O meio-fio é muito alto, e há degraus no portão. Mas não desanime, porque, a partir daí, toda a circulação foi muito fácil.

Na verdade, tem elevador, banheiro e bebedouro adaptados, assim como bastante espaço de circulação.

 

Antes de serem encontradas as palavras, ações, ritos, devoções e objetos litúrgicos no interior do Museu, o pátio acolhe e convida ao encontro com o outro, com as cores e os aromas da natureza, com a luz do dia ou da noite, com as sombras que refrescam o corpo e a alma, e com as experiências e histórias diversas que podem ser relatadas e comungadas ao redor de uma mesa. [Retirado deste documento]

 

Do pequeno hall no segundo piso, vê-se o céu através do vidro, além de parte do piso inferior.

Percurso

 

O museu recebe os visitantes em um pátio destinado ao acolhimento, à meditação e ao encontro. Há bancos, árvores e totens para ouvirmos trechos bíblicos. Clique aqui para saber a respeito dos totens.

No belo hall de entrada, que tem pé-direito duplo, encontramos imagens de devoção popular. Em sala ao lado, podemos conhecer os paramentos e os missais.

Este ambiente interliga os dois andares do Museu e oferece um elevador, para quem não consegue usar as escadas. No piso superior, as paredes com vidro nos permitem uma visão do céu e das árvores, assim como do piso inferior.

Nesta sala, um terminal multimídia, que você conferiu no vídeo com a entrevista, traz documentos históricos, imagens, vídeos e fotos referentes a cada uma das peças do acervo.

 

3 – Casa de Padre Toledo

 

Sem dúvida, quem aprecia História não pode deixar de conhecer este museu, pois seu acervo está relacionado ao importante movimento conhecido como Inconfidência Mineira. Ali morou o inconfidente e padre Carlos Correia de Toledo e Melo, razão do nome do museu.

Além disso, o espaço guarda mobiliários e adornos da época.

 

Acessibilidade

 

No dia de visita aos museus, enfrentamos forte tempestade, especialmente ao chegar à Casa de Padre Toledo. Porém, lá nos deram permissão para entrar na área fechada, para que eu desembarcasse, com a ajuda de Marta e de um gentil funcionário do local.

Havia rampa na entrada, e circulei pelos ambientes sem enfrentar degraus. Porém, não havia banheiro com acessibilidade, nem acesso ao pátio interno.

Para os que não desejarem ou não puderem enfrentar esses desafios, está disponível visita virtual aqui.

 

Na colagem de fotos, a rampa da entrada, o piso de tábua corrida e uma mesa com espelhos, para que possamos contemplar a bela pintura do teto.

 

 

Fica pra próxima!

 

Como ficamos poucos dias, não deu tempo de visitar lojas de artesanatos e empórios, mas, sem dúvida, esta não deixa de ser uma desculpa para retornar e te mostrar as maravilhas que a comunidade de Tiradentes produz!

Até mais!

Laura

 

 

Para saber mais

 

♥ Posts sobre Tiradentes neste blog

 

Excelentes dicas sobre a cidade no Viaje na Viagem

Tiradentes: roteiro para uma viagem bem-sucedida | Blog Matraqueando

 

Museu da Liturgia

Museu de Sant’Ana | arquitetura e fotografias

Instagram do Museu de Santana

Museu Casa de Padre Toledo

 

About Laura Martins

Laura Martins criou o blog Cadeira Voadora em 2011 para compartilhar suas experiências de viagem em cadeira de rodas. Para ela, viajar desenvolve inúmeras habilidades, nos faz menos intolerantes por conviver com as diferenças e ajuda a construir inclusão, porque as cidades vão ficando mais preparadas à medida que as pessoas vão se fazendo visíveis. Entre em contato pelo e-mail contato@lauramartins.net.

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