Tecnologia assistiva não é luxo: 8 dicas para aprender a escolher

Costumo dizer que tecnologia assistiva, para a pessoa com deficiência, não é luxo, mas necessidade básica.

É ela que nos possibilita o acesso àquilo que não alcançaríamos caso fôssemos contar exclusivamente com nosso corpo, já que ele apresenta limitações. Graças a ela, podemos nos locomover, escrever, ler e muito mais.

Por possibilitar aumento da independência e da autonomia, é uma aliada de peso no processo de inclusão. Porém, precisamos aprender a escolher o que comprar, para não investir em algo que não irá nos atender.

Vamos lá?

Nota: todas as fotos pertencem ao acervo Cadeira Voadora

 

O atleta Edson Dantas, eu, o atleta Fernando Aranha e o fisioterapeuta Rodrigo Moreira. A tecnologia assistiva é o que possibilita independência e autonomia aos três primeiros. E praticamente tudo o que aprendi sobre o assunto eu devo ao Rodrigo!

 

Evolução da tecnologia assistiva

 

A tecnologia assistiva evoluiu bastante em alguns países, mas é uma área relativamente recente no Brasil.

Quando eu era criança, só se tinha acesso a próteses feias e desconfortáveis, cadeiras de rodas do tipo hospitalar e órteses pesadas, que feriam a pele. As muletas canadenses eram pesadas, de ferro, com ponteiras que escorregavam, fazendo com que as quedas fossem frequentes.

Hoje temos acesso a boas cadeiras de rodas, órteses elaboradas e próteses que parecem ter saído de filmes de ficção científica. Contamos também com leitores de tela, implante coclear, aplicativos e muito mais.

Infelizmente, ainda são poucos os que têm acesso a esses equipamentos, mas isso não acontece só com o segmento das pessoas com deficiência. É um problema maior, que diz respeito à falta de inclusão num nível amplo.

E é bom lembrar que o Banco do Brasil oferece a linha BB Crédito Acessibilidade para a compra de produtos e serviços de tecnologia assistiva. Clique aqui para se informar.

Abaixo, o atleta Edson Dantas conversando com o público sobre tecnologia assistiva na feira Hospitalar.

 

 

O mais adequado para cada um

 

Mas como saber qual é a melhor tecnologia para mim?

Não é raro a gente ficar sonhando com aquele equipamento importado que só falta fazer a cadeira voar… Mas será que ele funciona nas calçadas brasileiras, cuja maioria está em péssimas condições de manutenção?

E aquela cadeira levíssima? Vai dar conta da minha circulação dentro de casa e no escritório, mas e nas ruas? Será que compensa investir tanto dinheiro nela?

Essas são questões pessoais, que devem ser avaliadas com calma quando precisarmos adquirir tecnologia. Sendo assim, atenção para as dicas seguintes!

 

O atleta Edson Dantas mostra tecnologia de ponta no que se refere a próteses de membro inferior

A cadeira que uso atualmente é uma Ventus customizada, o que mostra que não é necessário equipamento top de linha para a gente ficar feliz. Comigo, os queridos Edson Dantas e Fernando Aranha, ambos atletas cheios de medalhas 😉

8 dicas para tomar sua decisão

 

Pesquisar é o segredo

1) Frequentem as páginas de pessoas com deficiência que falem do modo mais imparcial possível sobre o que experimentaram. Mesmo que sejam patrocinadas, há pessoas que apontam qualidades e limitações dos equipamentos com objetividade e sinceridade, e entregam informações relevantes. Lendo sempre, vocês certamente aprenderão a separar o joio do trigo. Encaminhem mensagens ao proprietário da página, caso sintam necessidade.

2) Antes de comprar, pesquisem, pesquisem, pesquisem. Façam buscas no Google, pelo menos em português e inglês.

3) Tenham cuidado em feiras, porque é arriscado comprar no calor da empolgação. Além disso, não é simples a gente se decidir diante da variedade de oferta, do barulho, da confusão. Então, vale pedir a maior quantidade de informações possível sobre o produto, testar, anotar dados. A seguir, respirem fundo e, se possível, voltem no dia seguinte.

4) Não se deixem encantar por vendedores, pois muitas vezes eles omitem as limitações do equipamento. Se perguntar e testar não for o suficiente, não se acanhem de relatar isso e de pedir referências sobre quem comprou, para que possam entrar em contato com a pessoa.

 

Paciência é a alma do negócio

5) Quando necessitarem adquirir equipamento customizável e sob medida, tenham paciência até conseguir um profissional competente para orientá-los na escolha.

Ele precisará levar em consideração não só as medidas do usuário, mas também seu cotidiano, o que ele espera do equipamento, onde irá usá-lo e por aí vai.

Isso é fundamental, por exemplo, para definir a cadeira de rodas mais adequada, o que pressupõe escolha de almofada, rodinhas dianteiras, rodas e pneus traseiros etc. Um pneu inadequado pode deixar a cadeira pesada para tocar, por exemplo.

6) Quando o equipamento ficar pronto, no caso de ser produzido sob medida, experimentem com paciência antes de sair da loja.

Tive problemas com as duas últimas cadeiras de rodas que adquiri, ambas compradas em lojas conceituadas e prescritas por profissionais treinados para isso.

E tive ainda mais problemas quando decidi comprar uma motorização para a cadeira manual.

7) Cuidado com compra on-line de equipamento customizável. Se um técnico que foi capacitado para isso pode errar, e errar feio, imaginem alguém que não compreende o que deve ser levado em consideração. Acreditem: as medidas são só uma parte das definições importantes.

8) Conheçam seus direitos, a fim de serem justos com vocês mesmos caso haja problemas com o item adquirido.

Mas sejam justos também com o vendedor. Se não prestamos atenção nas explicações, ou não compramos o mais adequado por falta de conhecimento ou de atenção, ou mesmo se o equipamento quebrou por mau uso, não temos o direito de exigir que o técnico se responsabilize.

 

Agora, vamos às compras?

 

Ficando atentos a esses critérios, há mais possibilidade de termos uma boa experiência de compra e de ficarmos satisfeitos com o equipamento.

São dicas básicas, mas fundamentais. Se tiverem outras, anotem aí nos comentários! E cliquem aqui se quiserem se aprofundar nas questões a considerar quando for adquirir uma cadeira de rodas.

Que possamos aprender a fazer boas escolhas!

 

Nos próximos posts, vou falar mais dos equipamentos que uso. Um deles, que curti demais, é este aro para tocar a cadeira. Me aguardem!

 

 

About Laura Martins

Laura Martins criou o blog Cadeira Voadora em 2011 para compartilhar suas experiências de viagem em cadeira de rodas. Para ela, viajar desenvolve inúmeras habilidades, nos faz menos intolerantes por conviver com as diferenças e ajuda a construir inclusão, porque as cidades vão ficando mais preparadas à medida que as pessoas vão se fazendo visíveis. Entre em contato pelo e-mail contato@lauramartins.net.

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