Acessibilidade no SampaSky: de verdade ou maquiagem?

Será que o SampaSky, o novo mirante de São Paulo, tem, de fato, acessibilidade para cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida? Estive lá no início de abril e tive algumas surpresas. Agora, vou te contar tudo, incluindo detalhes sobre prioridade, espaço para circulação, banheiro e lanche. Vem?

 

Sem nenhuma dúvida, a vista é digna de nota! (Eu e Marta no SampaSky)

 

O SampaSky fica no 42º andar do Edifício Mirante do Vale, no centro de São Paulo. Na verdade, a grande atração são os dois boxes de vidro, nos quais você se sente flutuando sobre a cidade. A experiência é ao mesmo tempo emocionante, bela e amedrontadora.

Porém, o SampaSky não se limita às varandas. O local tem vista de quase 360º, pois duas faces do edifício têm paredes de vidro. Além disso, há pufes e bancos espalhados pelo amplo salão, de forma que é possível ficar longo tempo contemplando a paisagem.

Eu acho que vale a pena… Vamos ver o que você acha?

 

O andar praticamente todo oferece belas vistas

 

Mas o SampaSky tem acessibilidade?

 

Para começo de conversa, saiba que prefiro detalhar as características do local para você decidir se ele tem como te receber ou não. Porque, vamos combinar, é difícil encontrar locais acessíveis de verdade.

Infelizmente, o site oficial do mirante não oferece nenhuma informação acerca da acessibilidade. Como vi algumas fotos de cadeirantes no espaço, resolvi ir, mesmo sem saber direito o que iria encontrar. Porém, tive muitas surpresas

Para resumir, posso adiantar que o SampaSky tem como receber cadeirantes, mas não se pode dizer que ofereça acessibilidade.

 

Acesso para cadeirantes (com algumas surpresas)

 

Após passar pela portaria do prédio, siga pelo corredor e vai encontrar seguranças que checarão seu bilhete de entrada. A seguir, seu acesso é liberado, e você utilizará um dos amplos elevadores.

Então, terá a primeira surpresa: saindo do elevador, vai encontrar um pequeno hall, com dois lances de escada, um para subir, e o outro para descer.

Caramba, cadê a vista linda das fotos?

Ah, para chegar lá, terá que descer um lance de escadas… (pausa para o susto).

 

Já ouviu falar do Stair-Trac?

 

Entretanto, os seguranças do térreo já haviam avisado aos do 42º andar que eu estava subindo.

Logo, logo chegou uma moça trazendo um equipamento que seria encaixado na minha cadeira, e só assim seria possível alcançar o deque de observação….

Era o Stair-Trac, que eu já havia utilizado no Museu da Inconfidência, em Ouro Preto, há muitos anos, assim como em aeroportos, inclusive fora do Brasil.

Fiz uma publicação a respeito no Instagram, e as opiniões a respeito da engenhoca se dividiram: uns tiveram reações positivas, outros disseram se sentir inseguros. E houve um alerta sobre o fato de que nem toda cadeira de rodas se encaixa no equipamento, o que é verdadeiro.

Então, vamos a algumas verdades a respeito do Stair-Trac, ou lagarta, como é popularmente conhecido? Antes disso, porém, dê uma conferida no vídeo que fiz:

 

 

Stair-Trac: vantagens e desvantagens

 

Como funciona: Os grampos de fixação são ajustáveis em altura e largura para engatar na empunhadura da cadeira de rodas. É movido a bateria.

Vantagem: O Stair-Trac não precisa ser instalado, pode ser usado em escadas diferentes e até mesmo se faltar energia elétrica. Além disso, requer mínima manutenção.

Desvantagem: Não se adapta a todas as cadeiras de rodas. Mesmo que haja uma cadeira de rodas no local para ser usada em casos assim, seria necessário que o cadeirante se transferisse para ela. Porém, para alguns cadeirantes, a outra cadeira pode não oferecer segurança.

 

Agora, sim!

 

Saindo do Stair-Trac, você passará por uma equipe de colaboradores, pegará uma senha e terá acesso prioritário. No dia em que fomos, as filas não estavam longas, embora a mídia divulgue que algumas pessoas têm permanecido nelas durante horas.

Em cada boxe de vidro há uma fila, e você pode permanecer cerca de 1 minuto e meio em cada uma. Se quiser entrar com acompanhante, não se preocupe, pois os colaboradores até oferecem para tirar fotos.

Fora dessas áreas, há instalações instagramáveis para você tirar quantas fotos quiser!

 

Estou em uma espécie de balanço, mas ele é fixo.

 

Entrada do edifício, banheiro, cafeteria

 

Sem dúvida, o espaço de circulação é bem amplo, então dá pra se movimentar com a cadeira de rodas sem atropelos.

Porém, há alguns problemas de acessibilidade, desde a entrada do prédio:

  • O SampaSky fica num edifício antigo, no centro da cidade. A entrada do prédio tem um desnível transformado numa rampa, curta e íngreme. É possível que você precise de um “empurrãozinho”.
  • O banheiro não é acessível de verdade, mas a porta é bem larga, e é possível usar o vaso sanitário e lavar as mãos. Nem tente usar o espelho…
  • O balcão da cafeteria e do caixa é excessivamente alto.

Por aí se vê que nenhum arquiteto passou por lá, embora a gente saiba que é obrigatório, por lei, que um laudo seja emitido… Então, podemos chegar a algumas conclusões, não é mesmo?

 

Dicas pra não passar perrengue

 

Para finalizar, deixo algumas dicas pra reduzir chances de você ter aborrecimentos.

  • Compre as entradas com alguma antecedência, aqui. Não deixe para adquirir na hora, porque é possível que você não encontre.
  • Vá de táxi ou Uber, porque a região não oferece segurança para ir a pé do metrô até o local.
  • O dia estava nublado, mas valeu a pena mesmo assim. Então, não deixe de ir por causa disso.
  • Há prioridade para nós, por isso não esperamos quase nada. E suspeito que os funcionários tenham nos deixado ficar mais tempo no deque…
  • Sugiro que não compre nada na lanchonete. Tudo é excessivamente caro, e certamente foi o pior lanche que comi na vida.

 

Vale a pena ir?

 

Apesar dos problemas de acessibilidade, e de o ingresso não ser barato, acho que vale a pena sim.

Marta e eu amamos a possibilidade de ver o centro de São Paulo lá do alto, especialmente no fim de tarde. Se não estiver nublado, você terá, então, oportunidade de ver o lindo entardecer.

Hoje fico por aqui, desejando que o post lhe seja útil. Se tiver dúvida, ou se quiser deixar uma sugestão, fica o convite para um comentário. Ah! Não se esqueça de que há diversos links no Para Saber Mais, abaixo, a fim de que você possa complementar estas informações.

Um grande beijo!

Laura

 

Imagem com a frase "Para quem quer se aprofundar no assunto"

SampaSky – Site oficial

Compra de ingressos

Guia São Paulo Acessível

Inauguração do SampaSky

 

Marta Alencar com São Paulo ao fundo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

About Laura Martins

Laura Martins criou o blog Cadeira Voadora em 2011 para compartilhar suas experiências de viagem em cadeira de rodas. Para ela, viajar desenvolve inúmeras habilidades, nos faz menos intolerantes por conviver com as diferenças e ajuda a construir inclusão, porque as cidades vão ficando mais preparadas à medida que as pessoas vão se fazendo visíveis. Entre em contato pelo e-mail contato@lauramartins.net.