Como escolher uma cadeira de rodas?

É fundamental dedicar atenção à escolha de uma cadeira de rodas, afinal a decisão pode impactar bastante nosso cotidiano. Por isso, entrevistei Rodrigo Moreira, que realmente entende do assunto, para que possamos ter mais clareza na hora de realizar a compra. Vamos saber mais a respeito?

 

Uma cadeira de rodas pode ajudar ou prejudicar muito o usuário. (Imagem: Ottobock)

Uma cadeira de rodas adequada pode ajudar muito o usuário. (Imagem: Ottobock)

 

Não é gasto, é investimento

 

Para começo de conversa, cadeira de rodas não é simplesmente um acessório. Na verdade, usar esse equipamento durante a maior parte do dia, ao longo de anos, faz com que ele se transforme em extensão do próprio corpo.

Por isso, precisamos investir tempo na escolha, assim como dinheiro na compra. Afinal, um equipamento inadequado pode gerar prejuízos que vão além da falta de conforto ou de segurança, o que já seria muito. Ele pode, de fato, causar danos, entre os quais dificuldades posturais, escaras e dores.

Sendo assim, vale a pena encarar a compra de uma boa cadeira de rodas como investimento, e não como gasto.

 

Mas como escolher?

 

Provavelmente você sabe que não faltam textos ou vídeos na internet dando dicas de como escolher cadeira de rodas. Porém, uma grande parte está sem fundamentação, apresentando nada mais que a opinião do usuário.

Então, concluí que seria útil consultar um especialista no assunto. Por isso, convidei Rodrigo Moreira para esta entrevista, já que ele tem não só o conhecimento que provém de estudo como a experiência de anos trabalhando na área.

Antes de entrarmos no assunto, porém, quero fazer um alerta. Aqui, não estamos vendendo cadeiras de rodas. As informações visam, simplesmente, te auxiliar a descobrir qual é a melhor cadeira para você.

Certamente, a marca, o modelo e os acessórios serão decisão sua, e não nossa.

Fazemos votos que, na hora da compra, você tenha acesso a uma boa prescrição e a um revendedor de confiança. E que possa até mesmo fazer um test-drive!

Vamos ouvir o Rodrigo?

[Post escrito em março de 2017 e atualizado em abril de 2021]

 

Entrevista com Rodrigo Moreira

 

RodrigoRodrigo Moreira é fisioterapeuta e mestre em Ciências da Reabilitação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Quando o entrevistei, ele era o coordenador técnico mobility da Ottobock do Brasil. Agora, está na Alemanha, exercendo outras funções.

Eu o conheci há alguns anos, e ele me assessorou na aquisição de duas cadeiras de rodas. Além disso, tive a oportunidade de assistir a algumas palestras que realizou.

Rodrigo é uma pessoa comprometida com a construção conjunta do saber e a troca de experiências com o outro. Tem a escuta atenta, sem julgamentos, conceitos ou determinações prévias. Ou seja, está atento às histórias de cada um, convicto de que são todas cheias de verdades.

Nesta entrevista, ele compartilhou conosco conhecimentos preciosos, como você vai ver.

Dividi as respostas em grupos, para facilitar a compreensão. Vamos em frente?

 

Escolha e prescrição de cadeira de rodas

 

1) Por qual razão não posso usar qualquer cadeira de rodas?

 

A cadeira de rodas é um dos equipamentos dentro do universo da tecnologia assistiva. Esse universo de mobility (cadeiras de rodas, almofadas, adequações posturais/funcionais) é um recorte da vida diária e tem por objetivo alcançar o máximo da funcionalidade do usuário.

A partir de uma entrevista estruturada bem conduzida, o terapeuta buscará recriar e entender todas as demandas diárias do indivíduo. Mais ainda, deverá entender as suas necessidades diante do equipamento desejado, para a finalidade a que se propõe.

A escolha da cadeira de rodas ideal deve vir ao encontro das necessidades funcionais individuais. Do contrário, o usuário que tem plenas condições físicas e expectativas de manter ou aumentar sua funcionalidade, ficará limitado pelo equipamento equivocado. Não conseguirá aproveitar ao máximo o que as atividades do dia a dia demandam e têm a oferecer.

Adicional a esse conceito de escolha, precisa-se entender que uma mesma cadeira de rodas compreende dois sistemas independentes: sistema de seating (conjunto configurado que acomoda o indivíduo na postura sentada) e o sistema de mobilidade (conjunto configurado que permite ao indivíduo a ação de deslocar-se no ambiente, garantindo o direito constitucional de ir e vir).

 

2) Quais itens devemos levar em consideração na hora de comprar uma cadeira de rodas? É suficiente escolher a marca e o modelo?

 

Para além da marca e do modelo, temos que estar atentos à seleção adequada dos acessórios. E, mais do que isso, entender que a cadeira é uma extensão do corpo e precisa ser devidamente dimensionada para que a pessoa aproveite ao máximo o equipamento.

Dentre os itens a serem considerados, mais do que a largura e profundidade do assento e altura do encosto,  é preciso estar atento ao posicionamento desse equipamento no espaço.

As medidas básicas (largura e profundidade do assento e altura do encosto) nos dão uma dimensão da superfície em que o indivíduo irá sentar-se e acomodar-se. Entretanto, não fornece informação suficiente para posicionamento desse equipamento no espaço, e muito menos nos dá informação que seja de uma cadeira de rodas por exemplo.

Diante de nossas conversas terapêuticas, simplesmente as medidas citadas acima nos dão informação de qualquer superfície de sentar, seja uma poltrona, cadeira de escritório, cadeira comum de um restaurante e afins.

Para esclarecer melhor essa questão e configurar devidamente uma cadeira, precisamos considerar outras medidas do indivíduo, como por exemplo a posição do braço (centro de rotação do ombro – articulação envolvida na propulsão independente da cadeira de rodas) em relação ao eixo traseiro da cadeira – centro de gravidade. Pois o posicionamento correto previne lesões no ombro em curto espaço de tempo através da melhoria da eficiência da propulsão independente da cadeira com preservação e conservação de energia por parte do usuário propulsor.

Além disso, podemos pensar em todos os itens da cadeira de rodas separadamente e fazer com que esses itens (por exemplo:  tamanho e material da roda dianteira e traseira, material do chassi, estrutura do assento e encosto, tipo de apoio de pés, amortecimento traseiro e dianteiro etc.) conversem e combinem entre si, favorecendo o equipamento adequado às necessidades individuais.

Resumindo, o processo de compra de um equipamento dessa natureza requer uma entrevista elucidativa a respeito das reais necessidades do indivíduo, para com isso configurar o equipamento de forma assertiva.

 

Se as necessidades e os gostos são diferentes, a cadeira também precisa ser. (Imagem: Ottobock)

Se as necessidades e os gostos são diferentes, a cadeira também precisa ser. (Imagem: Ottobock)

 

3) O que o prescritor precisa saber sobre o usuário para indicar um equipamento apropriado?

 

Cada profissional traz consigo as formações e experiências em prescrição de cadeiras de rodas e equipamentos de tecnologia assistiva.

Como requisito básico, para além das circunstâncias anatômicas e antropométricas do indivíduo, o profissional que lida com esses equipamentos deve possuir a capacidade de recriar e entender ao máximo a rotina diária dos indivíduos.

A responsabilidade da prescrição deve ser sempre compartilhada entre os saberes – técnico do profissional prescritor e vivência dos indivíduos –, pois, apesar de todo o conhecimento adquirido na formação desse profissional, as escolhas/vontades, necessidades e percepções dos indivíduos são fatores importantes e decisivos na seleção e configuração adequada dos equipamentos.

 

Tipos de cadeira de rodas

 

4) Vou apresentar pares de ideias. Poderia fazer uma avaliação a respeito de qual é a melhor opção em cada par?

 

É difícil pensar nesses conceitos isolados; não se pode definir qual a melhor opção sem considerar a história de vida e as necessidades individuais dentro do contexto.

De maneira geral, esse hábito de compararmos uma situação frente a outra, isoladamente, pode proporcionar ideias equivocadas na configuração dos equipamentos e não consegue fornecer informação suficiente para confrontar e embasar essas escolhas. Toda decisão deve ser centrada nas necessidades individuais – a história prévia e expectativa com os equipamentos sempre devem ser contextualizadas e consideradas para uma configuração adequada.

Me sinto mais confortável se puder diferenciar a partir dos conceitos:

 

– Cadeira monobloco ou dobrável em X?

Estamos nos referindo ao tipo de fechamento da cadeira. As cadeiras dobráveis em X têm por objetivo reduzir as dimensões latero-laterais* do equipamento em função do transporte ou da acomodação quando da não utilização.

Já a construção do tipo monobloco é o fechamento em L (através do rebatimento do encosto sobre o assento) e é responsável pela redução em altura do equipamento.

Apesar do fechamento, cada construção em si apresenta suas particularidades (custo-benefício) em comparação com a outra.

Além disso, pode-se pensar no conceito funcional e grau de mobilidade dos indivíduos. Quanto mais alta a avaliação de funcionalidade, maior a demanda sobre o equipamento. Grosseiramente, o peso da cadeira é um dos fatores que devemos levar em consideração (sendo as estruturas monoblocos mais leves que as cadeiras dobráveis em X, salvo construções especiais de cada fabricante e seus conceitos de criação e funcionalidade).

*Eixo latero-lateral: estende-se de um lado ao outro, tanto da direita para a esquerda quanto o inverso. Plano horizontal.

 

Esta é uma cadeira dobrável em X

Esta é uma cadeira dobrável em X

 

 

Esta é uma cadeira monobloco

Esta é uma cadeira monobloco

 

 

– Assento rígido ou flexível? Encosto rígido ou flexível?

 

Não podemos pensar nesses dois conceitos isoladamente. Assento e encostos são estruturas que devem ser pensadas em conjunto, pois referem-se à estabilidade do sentar.

Na posição sentada, o ponto chave para um sentar adequado sempre é a pelve. Devemos oferecer a ela, a partir da superfície de suporte, a estabilidade necessária para o conforto e a preservação de energia.

Os pontos anatômicos na pelve são os ísquios (ossos de sentar), a espinha ilíaca antero-superior (EIAS) e espinha ilíaca póstero-superior (EIPS). Quando ligamos esses pontos virtualmente, temos a figura geométrica de um triângulo invertido.

 

Na figura, você vê a imagem lateral da pelve. Projetado sobre ela, está o desenho de um triângulo invertido.

Na figura, você vê a imagem lateral da pelve. Projetado sobre ela, está o desenho de um triângulo invertido.

 

Na parte de baixo (assento da cadeira), precisamos pensar em promover e selecionar uma estrutura com capacidade de estabilizar os ísquios direito e esquerdo de forma a que o indivíduo possa manter uma postura adequada e que requer menor esforço muscular para permanecer sentado. Daí a necessidade de um assento anatômico adequado para cada indivíduo – diferente de uma almofada plana no assento. Associado a isso, é necessário um bom suporte posterior (na região posterior – encosto) para estabilização e suporte da espinha ilíaca póstero-superior (EIPS).

 

Na figura 2, você vê a pelve posicionada sobre o assento.

Na figura 2, você vê a pelve posicionada sobre o assento.

 

 

– Cadeira manual ou motorizada?

 

Uma decisão não inviabiliza a outra, pelo contrário. Apesar da facilidade de locomoção que uma cadeira motorizada proporciona, a necessidade de uma cadeira de rodas manual ainda se faz presente.

Todo indivíduo que possui uma cadeira de rodas motorizada pode vir a necessitar de uma cadeira de rodas manual, seja para trajetos curtos (deslocamento da residência para ambiente terapêutico, transferências independentes e necessidade do usuário de deslocar sozinho o equipamento para dentro do carro ou situações similares e etc.) ou viagens acompanhadas em que o deslocamento da cadeira de rodas motorizada seja mais difícil ou inviável.

Atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) realiza a dispensação de cadeiras de rodas motorizada (Portaria nº 1.272, de 25 de junho de 2013).

 

A foto mostra uma cadeira motorizada (embora não seja errado, não é adequado falar "cadeira elétrica", por remeter aos equipamentos usadas para eletrocutar condenados à pena de morte)

A foto mostra uma cadeira motorizada (embora não seja errado, não é adequado falar “cadeira elétrica”, por remeter aos equipamentos usados para eletrocutar condenados à pena de morte)

 

A orientação terapêutica geral da portaria prevê a avaliação de requisitos mínimos para uma prescrição assertiva. Dentre eles e resumidamente, faz-se necessária a avaliação de algumas condições individuais, como: avaliação física preponderante em que o indivíduo não seja capaz de realizar a propulsão manual independente; avaliação visual, auditiva, cognitiva e ambiental, além de outras informações pertinentes relatadas pelo usuário. Esses critérios visam não somente à correta indicação/prescrição desse equipamento, mas também à segurança dos usuários e também de terceiros, em ambientes internos e externos (comunitários).

Em situação em que a compra se faz de forma direta (diferente da aquisição pelo SUS), a avaliação de tais critérios se faz necessária da mesma forma, para garantir a segurança dos usuários e de terceiros (fatores contextuais pessoais e ambientais).

 

“Não se pode definir qual a melhor opção sem considerar a história de vida e as necessidades individuais dentro do contexto.”

 

 

5) Usuários de cadeiras de rodas têm ainda pouca informação a respeito de tipo de roda e de pneu. Isso faz, de fato, muita diferença no desempenho da cadeira?

 

As rodas, de uma maneira geral, possuem diferentes configurações, design e materiais estruturais (aço, alumínio, fibra de carbono, nylon) e garantem o sistema de mobilidade do equipamento, bem como a seleção dos pneus de acordo com as necessidades individuais.

Os pneus infláveis promovem a absorção do impacto através das características físicas do ar (capacidade de compressão e consequente redução da transmissão do impacto para a estrutura e para o indivíduo), mas, por outro lado, necessitam de manutenção, como calibração adequada e reparos quando necessário.

Os pneus em poliuretano são pneus de borracha macia em que o núcleo possui menor densidade e, consequentemente, absorvem o impacto do ambiente, impedindo a transmissão para a estrutura e o indivíduo. Não necessitam de manutenções regulares, como calibração, e são de fácil manuseio ao longo do tempo. São excelentes para usuários que não têm condições de fazer manutenções frequentes.

Os pneus maciços (nylon) são pobres em absorção de impacto e, com isso, desconfortáveis, principalmente em terrenos irregulares.

 

Existem rodas e pneus de diferentes tipos, para diferentes usos e situações

Existem rodas e pneus de diferentes tipos, para diferentes usos e situações

 

 

O futuro do usuário de cadeira de rodas

 

6) Muitas pessoas se queixam do preço das cadeiras de rodas. Chegam até a compará-lo com o de uma bicicleta, que, segundo elas, é mais barata que uma cadeira. Qual a sua opinião a respeito?

 

Toda tecnologia está vinculada ao preço exercido no mercado ou nas revendas. Encontramos equipamentos de preços diversos, mas gostaria de considerar que o custo efetivo do produto é muito mais que o valor monetário pago por ele.

Percebo que o valor dado a determinado equipamento deve ser considerado em relação às necessidades individuais, em relação ao que efetivamente custa monetariamente pelo que se paga para aquisição.

A prescrição responsável e assertiva traz consigo uma construção do saber técnico do profissional que possui sensibilidade suficiente para construir o saber junto ao usuário.

Atrás de um bom equipamento, necessita-se diretamente da capacidade de configuração de um produto adequado para oferecer os recursos de forma segura e objetiva a fim de alcançar os objetivos traçados e desejados.

De nada adianta investir uma quantia real de dinheiro em produtos inadequados; o gasto será dobrado, e a insatisfação estará presente nessa situação.

A definição do produto adequado permeia a situação de necessidade e  respaldo de profissionais comprometidos e competentes com o propósito de prescrição e determinação do produto mais adequado.

 

7) Como escolher um bom revendedor de cadeira de rodas? E como saber se a prescrição está sendo bem-feita?

 

Deve-se considerar o contexto da prescrição e o saber profissional. Não é porque alguém faz uso de cadeiras de rodas que necessariamente saberá indicar/prescrever o produto mais adequado para outros.

De uma maneira geral, podemos avaliar a prescrição quando o contexto do usuário de cadeira de rodas está sendo levado em consideração no momento da aquisição. Absolutamente toda nova aquisição é sempre realizada através de entrevista estruturada sobre o contexto funcional, e certamente se apresentará em uma situação diferente da aquisição de uma cadeira prévia (no caso de usuários que já possuem uma cadeira anterior), seja pela necessidade funcional que se modifica ao longo do tempo, seja pelas experiências prévias dos usuários.

Costumo dizer que os usuários podem não saber o que está disponível hoje no mercado da tecnologia. Porém, indicarão precisamente quais os itens/acessórios que não desejam ou que de uma certa forma vivenciaram uma experiência não tão proveitosa. Deve-se levar isso em consideração como fator importante na configuração de uma nova cadeira de rodas.

 

8) Qual o impacto da escolha de uma almofada inadequada?

 

Almofadas, particularmente, fazem parte de um universo que considero a “menina dos olhos”. Não consigo pensar hoje numa prescrição de equipamentos de tecnologia assistiva em que a almofada não seja considerada nesse contexto.

Almofadas, no meu modo de pensar, são acessórios que devem ser selecionados a partir das necessidades diárias e individuais.

Pode-se pensar em um único equipamento – cadeira de rodas – com diferentes almofadas para diferentes contextos funcionais:

  • conforto em momentos de lazer;
  • um sentar anatômico em situações laborais que requerem maior estabilidade;
  • manuseio de situações posturais/funcionais específicas;
  • de diferentes materiais: construção única em espuma, gel, ar, água ou construção híbrida (combinação de materiais diferentes na mesma estrutura), que se propõem atender uma necessidade funcional.

Como você bem citou, almofadas é um tema que merece uma abordagem individualizada.

 

9) Pensando no futuro do cadeirante, e até mesmo no processo de envelhecimento, poderíamos afirmar que uma boa cadeira de rodas evitará lesões ou doenças?

Certamente. Atrevo-me a dizer que todo cadeirante apresentará algum acometimento em ombros, pois estamos transferindo uma situação fisiológica de deslocamento, que deveria ser realizada pelos membros inferiores (pernas), para os ombros. Isso sujeitará a pessoa a uma situação de esforço repetitivo.

A prescrição adequada é uma forma de prevenir ou postergar o aparecimento de lesões nessa estrutura anatômica. Uma prescrição assertiva e acertada evita submeter o usuário a esforço desnecessário e a consequentes desgastes articulares desnecessários.

 

Palestra de Rodrigo Moreira no evento Reabilitar Belo Horizonte, em 2016. (Imagem: acervo Cadeira Voadora)

Palestra de Rodrigo Moreira no evento Reabilitar Belo Horizonte, em 2016. (Imagem: acervo Cadeira Voadora)

 

 

10) Fique à vontade para fazer qualquer esclarecimento adicional.

 

Gostaria de agradecer a oportunidade desse espaço para discutirmos um assunto tão importante e que deveria ser levado a sério pelos profissionais.

Diante de um mercado tão competitivo, afirmo que não existe o que é certo e errado, desde que o profissional que trabalha com tecnologias assistivas, mais especificamente cadeiras de rodas, seja comprometido com o usuário que demanda seu saber técnico.

Uma prescrição acertada e assertiva com certeza favorecerá a funcionalidade e promoverá o bem-estar do indivíduo, bem como favorecerá uma maior autonomia e independência frente aos desafios diários.

Fazer a diferença nesse contexto é, além de ouvir, realmente escutar o que o indivíduo tem a nos dizer. De nada adianta o profissional ter conhecimento de toda a tecnologia disponível se a escuta não for em direção ao que o indivíduo necessita em sua rotina diária.

É para isso que trabalhamos; não somente para a aquisição da cadeira de rodas, mas para configurar o produto adequado às necessidades individuais. Afinal, uma pessoa dificilmente é igual à outra; por que uma cadeira de rodas deve ser padrão?

 

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About Laura Martins

Laura Martins criou o blog Cadeira Voadora em 2011 para compartilhar suas experiências de viagem em cadeira de rodas. Para ela, viajar desenvolve inúmeras habilidades, nos faz menos intolerantes por conviver com as diferenças e ajuda a construir inclusão, porque as cidades vão ficando mais preparadas à medida que as pessoas vão se fazendo visíveis. Entre em contato pelo e-mail contato@lauramartins.net.

13 Comments

  1. Olá. Existe um selo do INMETRO para cadeiras de rodas? É Obrigatório?

    • Olá, Edson! Tudo bem?

      Infelizmente, não consegui encontrar a resposta para a sua pergunta consultando o site do Inmetro, o que me parece um absurdo, mas é a verdade.

      Na parte sobre Avaliação de Conformidade, não consta “cadeira de rodas” nem na lista dos produtos com avaliação compulsória, nem na voluntária. Ver: https://www.gov.br/inmetro/pt-br/assuntos/avaliacao-da-conformidade/produtos-e-servicos-regulados

      Encontrei menção a uma portaria que regula a matéria e esteve em consulta pública em 2016. O site informa a respeito neste link, mas não disponibiliza o texto da portaria definitiva: http://www.inmetro.gov.br/legislacao/detalhe.asp?seq_classe=1&seq_ato=2367

      Não consegui encontrar o texto definitivo no Google.

      Na Revista Reação de março/abril de 2019, especial sobre cadeira de rodas, diversos empresários/especialistas informam que a certificação é obrigatória, tanto do Inmetro quanto da Anvisa.

      Continuarei buscando esta informação, porque acho importante que conste aqui. Por isso, te agradeço pela pergunta!

      Abraço!

    • Essa e a pior marcar de cadeira que existe posso a firma a vcs tenho uma cadeira ventos que deveria suportar até 125 e o quadro partiu e eu só tenho 60 kilos sem conta que eu poderia ter me acidentado não indico pra ninguém são descartáveis só tem caristia

  2. Muito bom e esclarecedor o texto!!

  3. Como sempre muito esclarecedoras suas informações e o modo como conduz a discussão. Parabéns!

  4. Sirlene Maciel Pacheco

    boa noite minha lesão na C5 C6 C7 qual seria a cadeira ideal pois aqui uso muita dor no corpo uso uma cadeira da ortobras só que eu não consigo encontrar uma almofada que diminuísse a dor nas costas e nas pernas vocês tem algum profissional que entenda de cadeira de rodas e almofadas por favor me orientem

  5. Tenho para uso internl uma cadejra star litd , minha.lesao e no nivel T5 .
    A cadeira e leve , me da uma boa autonomia , mas tem me causado fortd dores lombares .
    Pensei em adquir uma M3 , nao sei se vai resolver meus problemas . Para sair , uso uma otfobok B 400.
    Fico grande partd do meu tempo na cadeira , faco artesanato .
    Teria alguma indicacao ?

    • Olá Edileuza,
      Ao se escolher uma cadeira de rodas, é necessário entender sua postura sentada para a melhor indicação de uma almofada apropriada e o sistema de encosto que atenda as suas necessidades.
      Almofadas de espumas planas são sempre uma indicação equivocada para o sentar, independente de qualquer situação.
      Ao adquirir uma nova cadeira, pense em um profissional que possa te auxiliar na correta prescrição e indicação dos produtos adequados.
      Por passar grande parte do seu tempo sentada realizando suas atividades, acredito que a indicação deva priorizar seu conforto e também equipamentos (almofada e encosto) que te auxiliem sentar de forma adequada com menor gasto energético.

  6. Um esclarecimento, por favor? Existem vários tipos de monobloco, mas resumidamente temos estruturas abertas (mono tube) e fechadas (dual tube); gostaria de saber suas vantagens e desvantagens para o usuário em termos de conforto e segurança, dependendo do problema do usuário, claro. Grata.

    • Cadeiras de rodas monobloco são designadas como “open frame – chassi aberto” ou “closed frame – chassi fechado”, trata-se da forma de construção do “bloco único” da cadeira.

      De uma maneira geral, essa característica indica a diferença de fechamento entre uma cadeira monobloco (fechamento em L) e uma cadeira dobrável em “X”.

      A forma mais comum de se tratar essa diferenciação é simplesmente pela diferente entre monobloco e dobrável em “X”.

      Independente da construção da cadeira de rodas monobloco, o objetivo principal é perceber que, como o próprio nome já indica, forma um único bloco (união dos tubos do assento, barra central, apoio de pés é plataforma dos pés) e, consequentemente, como não há ponto de articulação da estrutura da cadeira, essa se faz mais estável, além de reduzir o peso total da cadeira de rodas.

      O conforto, em si, é responsável pela correta indicação do conjunto da estrutura Assento e Encosto (Sistema de Seating), bem como seu posicionamento no espaço, o ideal é encontrar uma cadeira da rodas que permita ajustes e consiga posicionar-se diferentemente às tarefas e permitir ajustes ao longo do tempo para acomodação em função das necessidades estruturais do usuário e necessidades funcionais que se alteram com o passar do tempo.

      Vantagens e desvantagens devem ser discutidas para além das indicações da própria estrutura em si; acredito que a partir de uma avaliação do perfil funcional habitual do usuário, essas características podem se tratadas.

      • Obrigada. Eu tinha visto uma explicação aqui: https://youtu.be/ao6bI21QAAc. Mas ela é mais voltada para a performance da cadeira, e eu elegi a dual (closed) frame. Mas o caso é que eu tenho osteoporose e ossos frágeis, ou seja, preciso de um mínimo de trepidações – e é essa minha principal dúvida em relação a esse tipo de frame. De repente o que se apresenta como vantagem pode não ser o melhor para mim…?

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