Cirurgia do tendão de Aquiles, vulnerabilidade e força

Mary está assentada em uma escada. A bota robofoot protege o pé.Uma cirurgia no tendão de Aquiles abriu, para Mary Arantes, as portas de um universo paralelo. E, como você vai ver, ele tem muletas, cadeira de rodas, andador e perda de privacidade.

Sem dúvida, as consequências de tantas mudanças não seriam poucas, nem suaves. Eu já esperava, porém, que esta grande designer mineira produzisse preciosidades a partir do que estava vivendo. Afinal, passou a vida criando bijuterias com o que estivesse à mão…

Pouco tempo após a cirurgia, que ocorreu no final do ano passado, Mary me enviou um texto com reflexões sobre a nova fase. Para ser bem sincera, ele me impactou, e não sem razão.

É que se encontravam havia ali coisas que eu tinha vontade de dizer, mas estavam entaladas.

Para você ter uma ideia, a narrativa está longe de ser fria ou impessoal, pois a autora se envolveu profundamente com os fatos. Por isso, as emoções brotam dos acontecimentos, e as frases deixam mostrar ironia e indignação, mas também ternura e amor. Em resumo, ela não se poupou, nem fez isso conosco.

Agora, é a sua vez de ler a produção de Mary Arantes! Bora conferir?

 

A “Quermesse da Mary” estava acontecendo logo após a cirurgia, então era preciso arranjar logo uma cadeira de rodas. Com Mary, está a amiga Mailda Costa.

 

Obrigada, querida Mary, por dividir conosco sua história e dar ao Cadeira Voadora a honra de publicá-la!

[Todas as fotos pertencem ao acervo de Mary Arantes, a autora do texto a seguir. Suas divisões em parágrafos e subtítulos, os negritos e itálicos e as legendas das fotos são de inteira responsabilidade de Laura Martins, autora do blog Cadeira Voadora]

Transformamos pequenos objetos, aparentemente desprezíveis, em produtos preciosos, com significado. Assim como o poeta Manoel de Barros, fazer o desprezível ser prezado é coisa que nos agrada. (Mary, aqui)

 

Pernas, pra que te quero?

Por Mary Arantes

 

Mary está assentada em seu quarto, após a cirurgia do tendão de Aquiles

Era preciso começar o ano com o pé direito!

Seguimos o corredor em bando, como numa excursão. Um guia, à frente, nos levava a uma espécie de closet cirúrgico, sala que reunia todos os que seriam operados naquele horário. Fomos recebidos pelos assistentes de cada cirurgião.

Partes do corpo foram marcadas com canetas, tatuando o órgão a ser operado. Recebemos um kit de roupas a serem usadas na cirurgia e cada pessoa saiu dali vestindo o ridículo avental hospitalar, com a abertura pra trás. Todos, sem exceção, se agarravam às fendas da maldita veste, como a tapar a bunda, como se, naquele lugar, aquele órgão saliente, a maioria nem tão saliente assim, fosse muito importante para não ser visto!

Fui a última a relutar em tirar a calcinha…

Só agora percebo o quanto esta acolhida coletiva nos igualou. Não era eu a única a ser operada.

 

Cenário hospitalar

 

Na primeira refeição pós-cirurgia, ao comer o pão, migalhas caíram sobre o avental; não era mais importante retirá-las, poderiam permanecer ali pelo tempo que quisessem.

Também passou a ser desimportante o fato do avental da cirurgia estar totalmente aberto, ombros caídos, corpo à mostra. Em pouco tempo, muitas coisas perderam o significado, o excesso pela limpeza, o pudor com o corpo.

Privacidade é palavra que não existe no dicionário hospitalar.

Operei o tendão de Aquiles do pé esquerdo, estimativa de dois a três meses sem colocar o pé no chão. Bota robofoot, cadeira de rodas e de banho, andador e muletas estavam à minha espera.

Na loja em que comprei a bota, sapatos Usaflex na vitrine indicavam o que me aguardava, um caminho nada fashion. Bem-vinda, Mary, à sexta temporada!

 

O preconceito manda lembranças

 

Sei que operar o tendão de Aquiles pode acontecer com jovens e atletas, mas, quando acontece com uma idosa de 65, me fez sentir ainda mais velha. Cheguei a pensar que precisaria de uma cuidadora.

No quarto, Darth de plantão e cadeiras á espera de visitas…

Um irmão me emprestou uma comadre, uma amiga me aconselhou a usar fraldão. Estes acessórios foram criados para nos ajudar, no entanto vêm carregados de preconceito, com um selo do envelhecimento e ou deficiência.

Antes da cirurgia, ciente de que passaria mais tempo na cama do que de costume, fiz uma maquiagem no quarto, pintei-o em três cores, instalei quadros novos e mudei outros de lugar.

À decoração do quarto, foram acrescidas duas cadeiras, à disposição das visitas que não vieram…

Deitada por longos períodos, pude entender o redemoinho que os velhos passam a ter no cabelo, marca amassada do tempo parado, uma condecoração às avessas.

 

Novas perspectivas

 

Ninguém falou que eu teria que ter feito aulas de como andar de muletas.

Descer e subir escada passou a ser uma aventura, feita inicialmente de bunda. Sem poder apoiar no chão o pé operado, a vida passou a ser vista por outra ótica, assentada.

O banho, antes das coisas mais prazerosas do dia, passou a ser recheado de perigo, quase uma tormenta. Saía exausta de cada um deles.

 

Novas perspectivas povoam o horizonte de Mary

 

Sentada numa cadeira de banho, a perna operada envolvida em saco plástico, apoiada sobre um banco, me obrigava a ficar numa rígida posição. A temperatura da água, regulada próximo ao chuveiro, foi contestada; quando quente demais, exigia de mim uma mudança de posição do inverno pro verão, próxima ao chuveiro e ao contorcionismo.

Devo confessar que, toda vez que abria a torneira da água do chuveiro, a do esfíncter também se abria, mas sair do box para ir ao vaso era missão árdua, quase como pro Ziller escalar o Everest. Na verdade, foram ninharias de xixi água abaixo, coisa pouca.

Chorei ao caminhar lateralmente dentro do box, com um pé só, sem tirá-lo do chão, como a fazer um passo de dança. Descobri naquele movimento tácito a presença da querida Yone Laurents e sua ginga corporal para andar com sua muleta.

 

Sabia que o tendão calcâneo, ou tendão de Aquiles, é um dos mais importantes e resistentes do corpo? Não é sem razão que essa cirurgia produz tamanho impacto.

 

Nem no meu tempo, nem do meu jeito

 

Impossível não pensar no outro, nos que já nasceram com deficiência física, nos que vivem sobre cadeiras, cama ou que dependem da ajuda de outros pra viver.

A visão da vida sobre a cadeira, de baixo pra cima, modifica nosso olhar sobre o mundo. A leitura passa a ser inversa à maioria dos códigos que existem. Nesse lugar de ser ajudada, limitada temporariamente de andar, percebo também o lugar em que fomos colocadas, o da mulher forte que dá conta de tudo.

 

Mary com tudo à mão, para facilitar a vida.

 

Djamila Ribeiro, em “Cartas para minha avó”, diz que: “A gente dedica tanto tempo arrumando fora que se esquece de organizar por dentro, dentro da gente”.

Cheguei ao cúmulo de pensar que quem inventou o andador só poderia ter sido uma mulher, pois ele já vem com um mini varal pra dependurar sacolas, cabides, calcinhas e flanelas… A tarefa mental imposta, até então, ao feminino, ainda teima em não nos abandonar.

Descubro, neste tempo, que não preciso mais fazer tudo, que alguém pode fazer por mim, e não mais no meu tempo nem como eu faria.

Aceitar isto tem sido difícil, porém libertador, pra mim e certamente pra este outro que se chama Zé de Paula, vulgo Moreco. Minha dívida de gratidão pra com ele é impagável, mas morro de medo do meu casamento não sobreviver a esta cirurgia do pé!

 

As mãos de Moreco e Mary denunciam a cumplicidade

 

Saindo de casa

“Desce pra ajudar a descarregar a mamãe” (Gabriel)

Sair de casa passou a ser uma operação planejada.

Passamos o Natal no apartamento da minha nora e do meu filho mais velho. Gabriel, o mais novo, veio nos ajudar a levar mamãe, sacolas de presente, taças com sobremesas, cadeira de rodas, andador, muletas e Canjica (minha netinha vira-lata do cu riscado).

Avisados de que não teríamos acessibilidade pelo jardim da frente do prédio, deveríamos apear pela garagem e, de cadeira de rodas, ter acesso direto ao elevador. Quase chegando na rua, ligo pro Juliano.

Com o áudio ligado, Gabriel pede pro irmão em alto e bom tom: “Desce pra ajudar a descarregar a mamãe”!!!

Foi uma gargalhada geral, e, quanto mais ele tentava consertar o “descarregar”, mais a gente ria! Eu ciente de que estava sendo um belo de um trambolho.

 

Cada qual com seu instrumento, né?

 

Lugar de fala

 

Acredito ter sido a consciência da limitação transitória, o que não me deixou deprimir.

Foi um tempo de imersão sobre como é a vida de quem até hoje luta por acessibilidade e tantos outros direitos que ainda lhes são negados. Uma amiga definiu muito bem meu dia a dia neste pós-operatório: misto de paciência, “puteza” e reflexão, não necessariamente nesta ordem.

No réveillon me deu nas tamancas de ir ao salão, ter um dia de princesa! Fiz sobrancelha, mãos e apenas um pé… Questionei se tinham tabela para um pé, e isto não existe.

Quanto ainda falta pra existir?! Venda de sapatos pra quem tem só um pé…

A dor é só de quem a tem. A expressão “o lugar da fala” nunca fez tanto sentido!

 

Também tem espaço pra celebrar e agradecer!

 

post scriptum

P.S.

Este textão foi pra dizer que não vejo ninguém, nas mídias sociais, dizer que operou de hemorroida, catarata (eu mesma não contei) e outros perrengues. Ao mostrar aos outros nossa vulnerabilidade, muitas vezes os libertamos de amarras que doem.

A vida por aqui tem sido de capa de revista, mesas lindas, comidas em “still”, drinques e praias espetaculares, lanchas que respingam água fria nos que passam fome. A vida real tem ficado cada vez mais distante.

Dedico este texto à Laura Martins, da @cadeiravoadora, que neste período de recuperação esteve comigo o tempo todo, mesmo sem saber. Laura é palestrante, escritora, consultora e cadeirante e em seu Instagram mostra como viajar com cadeira de rodas.

Agradecimento às @mariasbonitasdelourdes, rede de apoio às mulheres, pelo empréstimo do andador, através do Banco do Bem, e à minha fisioterapeuta, Letícia Aguiar, que amorosamente reverte dores, em ganho de movimentos.

 

Nota da autora:

A tendinite do tendão de Aquiles acomete mulheres e homens. Mas, segundo Dr. Otaviano de Oliveira Júnior, que me operou, é comprovado que 90% dos pacientes atendidos pelos ortopedistas são mulheres. Vocês já viram falar em salto alto, sapatos de bicos finos que estrangulam e quase gangrenam os dedos… É por este motivo que só mulheres operam de esporão!

 

Imagem com a frase "Para quem quer se aprofundar no assunto"

Instagram de Mary Arantes

Quermesse da Mary

Sobre a grife Mary Design

Minas Trend e a moda para todos

 

 

Borboleta e libélula na blusa de Mary [presente de Graça Ottoni] não deixam margem para dúvida: a vida passa por transformações, mas renasce.

 

About Mary Arantes

Mary Arantes* nasceu no Vale do Jequitinhonha. Por 34 anos, manteve em BH uma empresa de bijuterias de nome Mary Design. Tem verdadeira paixão pelo artesanal, e o evento Quermesse da Mary, da qual é curadora, é um exemplo desse apreço. Mary é escritora e leitora voraz, consultora para empresas de bijus, curadora do artesanato e da arte popular brasileira. Nas horas vagas, a jardinagem é seu maior refúgio. Para conhecê-la melhor, seu endereço no Instagram é: @coisasdamary

51 Comments

  1. Renato Gomes Pereira C

    Boa tarde. Me chamo Renato Pereira. Vou deixar um pouco da minha experiência com essa abençoada cirurgia rs. No dia 27/12/22 numa partida de peteca, pra quem não conhece o esporte, é ótimo, tente experimentar, vai gostar. Voltando ao aquiles, nesse dia 27 eu percebi algo diferente, uma pancada no calcanhar, olhei para meu amigo parceiro de peteca, e disse: vc me chutou? “Não Renato, chutei não “. Uai, parece que recebi um chute! Bom, não consegui mais jogar, até tentei, sem êxito, tive de ir embora. No outro dia trabalhei, andei de moto, porém mancando e sentindo dor. Minha esposa e filha já sustentavam de rompimento de tendão, já eu não queria acreditar nessa hipótese, afinal sou representante comercial, trabalho viajando, vendendo, visitando clientes Minas Gerais afora. Bom, não teve jeito, fomos ao hospital, quando o médico fez o teste na panturrilha, pronto, me deu o diagnóstico, tendão de aquiles rompido, ainda olhou p mim é disse, seu caso é cirúrgico, e tem de fazer logo. Vixi, fiquei frustrado, desanimado, caramba, o que fazer? Como trabalhar? Como vai ser……? Bom, resumindo, marcamos a cirurgia para o dia 30/12/22, com 5 dias de operado eu tomo um tombo e rompo de novo o mesmo tendão operado há apenas 5 dias 😥. Volto eu pro bloco cirúrgico e faço nova cirurgia. Agora estou com 30 dias de operado e iniciando as fisiotetapias. Deus abençoe a todos.

  2. Mary, vc muito me encoraja…fiz a cirurgia dia 22 de agosto . Bota gessada por 3 semanas, cadeira de rodas e andador. Há duas semanas meus primeiros passinhos sem suporte, mas sinto muita dor no pé e na coxa da perna. Não é fácil…ás vezes me sinto muito deprimida 😔😢,..é necessário ter fé, muita fé . Obrigada Mary, vc é maravilhosa e seu texto? Leio e releio, nem sei por quantas vezes. Obrigada por tudo pessoa linda 🌹❤️🌹🙏🙏

    • Um dia de cada vez, querida! Pense sempre que estamos assim, temporariamente, e quantos vivem na cadeira a vida toda?!
      Deprimir é normal também, mas com certeza também, um momento de muito aprendizado, força!

  3. Alexandre Gonçalves dos Santos

    Boa tarde a todos !!!
    Me chamo Alexandre, também sofri uma rompitura total do tendão de aquiles do pé esquerdo, isso ocorreu no dia 19/09/22 jogando bola com os meus amigos do trabalho. Como está difícil a recuperação, sempre tive uma vida corrida e ficar em casa sem colocar o pé operado no chão e dependendo dos outros. Como aceitar isso?
    Sempre acreditei em Deus, e depositei toda minha recuperação na fé.
    Fiquei 3 semanas com tala gestação, e agora coloquei o robofoot cano alto. Isso melhorou bastante, porém ainda tenho que completar 3 semanas para iniciar o tratamento com carga na perna lesionada.
    A parte psicológica é a mais difícil, tentar aceitar tudo isso e seguir toda recomendação médica. Hoje tenho um par de moletas e uma cadeira de rodas emprestadas que consegui na igreja, todos os dias é uma batalha contra o tempo, cada consulta vou empolgado imaginando que logo estarei iniciando a fisioterapia.
    Me ocupo dando auxílio para meu amigo no trabalho que está me substituindo. Qdo não estou com meu filho jogando vídeo game.
    As contas chegando e o dinheiro acabando e esperando a Caixa depositar para pelo menos minimizar as pendências.
    Todos estamos sujeitos, mas nunca imaginamos que será com a gente, estou levando uma grande lição para vida.
    Me importa mais comigo, dar mais valor a família (esposa e filhos), nunca esquecer de dizer te amo e valorizar as pessoas que realmente se importam com a gente. Logo isso acaba e voltarei a rotina, mas pretendo voltar diferente. Acredito nisso e Deus está no meu coração.

    • Alexandre, obrigada pelo seu depoimento. falar do que dói é muito importante, até mesmo para que possamos parar de comparar nossas dores, pois são únicas.
      O bom da vida é que ela está sempre a nos ensinar, até mesmo quando dói!
      obrigada

  4. Oi!!!! Mary estou passando isso tudo,afff que pesadelo, estava sempre na correrrria, casa trabalhos academia filho casamentos tudo indo em vento e popas de repente… em uma descida de ônibus para o trabalho pizei o pé todo pra frente né onde rompi o tendão de Aquiles…hoje tem 10 dias que fiz a cirurgia pelo sus,e sempre rezando mas querendo preencher o tempo ou os pensamentos porque sei que minha recuperação vai ser demorada,penso a Deus paciente e ao mesmo tempo agradeço…as dores ainda tem bastante hoje tbm deixo de tomar o afalexicina ,mas já quero ocupar o tempo em leituras vídeos bons!!! Pra passar as horas….obrigada pelo depoimento e é tudo isso é mais um pouco, vai dar condições de cada um…..

    • Luciana, obrigada pelo seu depoimento, só doí em quem está sentindo, a isto chamamos o lugar da fala. Quando estava em meio ao turbilhão, achei que nuca mais faria diversas coisas que hoje ja faço, o bom da vida é isto, tudo passa e enquanto estamos nesta condição, passamos também a fazer e pensar outras coisas. melhoras pra vc

      • OLÁ, em 2014 rompi do tendão de Aquiles do pé esquerdo, quanto sofrimento, mas voltei ao esporte aos poucos, esse ano senti umas fisgadas jogando meu amado basket, não sei bola, mas infelizmente, quase sem acreditar, rompi o tendão do pé direito, hoje faz 25 dias que estou operado, tirei os pontos hoje, cicatrização nada boa, hoje mesmo abriu um ponto e expôs um ponto interno, o que me desanimou e preocupou, pois devia estar bem cicatrizado pelo tempo. Sei que tudo passa, mas estou naquela fase, desanimado e cansado com o desgaste dessa operação. Queria ter um controle como do filme Click e pular essa fase, mas volto a realidade e tento concentrar as forças. No momento só quero cicatrização e recuperação normal, obrigado pelo espaço para desabafar. Que venham dias melhores …

        • Boa tarde, então aconteceu a mesma coisa comigo, joguei muitos anos basquete, e fizemos um time agora depois de 10 anos, no primeiro baba , infelizmente a menina pisou, q dor meu Deus
          Fiz cirurgia tem 26 dias, mas q cirurgia chata e dolorida, minha vida não era nem um pouco calma e agora me vejo parada , más Deus está no controle

          • Eliene, boa noite!
            A sensação que tenho é que estas coisas acontecem pra nos colocar no lugar de que não temos controle de nada, nem da nossa vida, e , de repente tudo pára e passamos a depender dos outros e perceber nossa fragilidade. Minha cirurgia não doeu nada, mas o seu teve rompimento o que muda tudo. Bom tempo de recuperação pra você.

          • Adriana da Silva Meneghetti

            Boa tarde,
            Estou com cirurgia marcada para dia 20/0/23 agora semana que vem.Estou me preparando psicologicamente e fisicamente hehehe, pé esquerdo, tô adiando essa cirurgia faz tempo, só que não aguento mais…bom ler seu relato.
            Tenho muitas pessoas pra me ajudar graças a Deus 🙏

    • Só quem passa né, e eu é a segunda vez, pois rompi do pé esquerdo e agora do direito! Quero que o tempo passe logo….🤦‍♂️

    • Olá me chamo Ricardo tenho 43 anos, hoje faz 3 semanas que rompi o meu tendão de Aquiles do pé direito.
      Uma simples brincadeira de futebol com os amigos da empresa onde trabalho, fui dar uma arrancada e senti aquela pAncada do tendão se rompendo como se alguém tivesse me dado uma pancada no tornozelo.
      Foi horrível senti o pé todo mole e sem equilíbrio algum do corpo.
      Fiz minha cirurgia pelo SUS após 3 dias do rompimento, hoje após 25 dias de pós operatório vejo a cicatrização bem encaminhada,
      Retornei ao médico no dia 31 de agosto para retirar os pontos e colocar uma tala gessada nova, o médico liberou o uso da bota robofoot.
      Meu retorno está marcado para o final de setembro, creio que após essa consulta o médico me libere para fazer fisioterapias, não vejo a hora.
      Deixo aqui o meu recado a todos que fizeram essa cirurgia, o que eu posso dizer é que a paciência e ajuda de alguém tudo vai se reconstruindo.
      Se concentre no que é bom na sua vida, leia livros veja séries, filmes para poder passar o tempo, esse é um momento de reflexão onde conseguimos pensar em muitas coisas da vida.
      Valores!
      Sei que tenho muito tempo de recuperação pela frente ainda não coloquei peso algum encima do pé operado.
      Tiro a tala toda vez que vou tomar banho e fico um tempo sem ela para a cicatrização respirar e etc.
      Sinto algumas pontadas no calcâneo, não sei se isso é normal, alguém de vcs nesse blogue sentiu ?
      Agora estou focado na recuperação, amo atividade física e não vejo a hora de poder correr e me exercitar como era de costume.

      • Boa tarde me chamo Rodrigo tudo bem tenho 41 anos passei pela mesma situação que vc operei dia 10/08 dia 10 agora de outubro vai fazer 60 dias também foi jogando futebol com os amigos da empresa e fui da uma arrancada e aconteceu o mesmo estou reta final doido pela fisioterapia não é fácil para todo pra fica imobilizado mais logo logo volto a rotina meu único medo é não fica como antes fica com sequelas mais estou confiante que vai dá tudo certo pra nós..

      • Sim a figada é normal, senti muito tmb.
        O q mais incomoda é a durmindo uffa

  5. O olhar poético é nosso melhor refúgio!E a vivência árdua, que em muitas vezes nos atropela, possibilita uma legitimidade de perceber intimamente sobre o desconhecido,,o ,transformar, o se adaptar e o sobreviver ao inusitado!Para esse encantamento das infinitas possibilidades que nascemos, mesmo que à duras penas, esse é o sentido desse nosso doce e breve viver!Essa magia de poder mudar o amargor de uma experiência em um manjar para as nossas existências!Do contrário não teríamos a chance de nos encantar com a dor já que o êxtase do prazer puro sera sempre um instantes volátil l!Sigamos transformando para transbordar como nesse rico relato de Mary!Nos encanta, nos encoraja a ‘caminhar” descobrindo nossos novos e necessários aparelhos de acesso!Te amo mayrinha!Gratidão!

    • Amigo mais que querido, das horas alegres e das dores tb, sempre disponível quando a palavra é ajudar. Seu depoimento me faz calar, é tão belo que me deixa muda, como se você tocasse lá dentro da alma, num bolsinho, que como diz o Rib Alves, é onde ela guarda, tudo aquilo que provou e aprovou. Juntos continuaremos, partilhando das dores e alegrias! Amo-te!

  6. O comentário a seguir é de Ana Maria Coutinho. Estou publicando, porque ela não conseguiu postar.

    Mary,
    O seu texto é impactante! Não tem como lê-lo sem se emocionar e sem se deixar tocar pelas dificuldades que foram enumeradas, mas que não deixam de ser, por outro lado, denúncias de uma vida com tantas dificuldades e limitações.
    Ao narrar as peripécias e os percalços, você aponta problemas e faz denúncias, e nos ensina sobre essa realidade. Fico pensando que a impotência diante da falta nos imobiliza às vezes, mas também nos transporta para uma outra realidade que, até então, não havíamos percebido no cenário social. É como se de repente observássemos a vida do outro que tem a sua realidade continuamente tecida em cima de uma cadeira de rodas ou daquele que não enxerga ou que não ouve e, assim, a seus modos crescem descobrindo como enfrentar os espaços das cidades esburacadas, da falta do semáforo com som e da sua ausência em cada esquina para atravessar as ruas.
    Faltam letreiros, faltam os ícones para o outro sem leitura poder se locomover, falta o intérprete de libras nos diversos espaços da vida social, falta o banheiro adaptado, faltam ainda a rampa, o elevador, o ônibus para levar a pessoa na cadeira de rodas.
    Faltam o tempo, a paciência e o cuidado com o outro.
    Imagina, falta de tudo um pouco!
    Mas a sensibilidade de pessoas como você nos leva a sair do lugar e nos chama a atenção para essas situações e, ainda, nos incita de alguma maneira a nos mexermos em defesa de medidas e/ou de estratégias para que as vidas de cada um, nas suas impossibilidades, possam se realizar com mais facilidade e bem-estar.

  7. Beleza de texto Laura !!!! Um despertar para as dores e sofrimentos de tantos esquecidos e pouco noticiados . Que bom que o grito de dor da mana deu voz e expressão para tantas reflexões tão sensíveis e tão fraternas !!!

    • Vc foi no alvo, Luiz! Muito grata pela visita e pelo feedback!
      Abs!

    • Amado mano, bom ter vc comigo sempre, nas alegrias e tristezas.

    • Renilson teixeira galvão

      Boa noite,na verdade sao 04 da manhã, lindo o texto e verdadeiro, obrigado a minha esposa cecilia que no segundo dia arrumou a cadeira de rodas ,sem ela seria mas difícil, não urinar,não evacuar de imediato…sao tantas coisas…persistência, amor,paciência para cuidar
      Da gente mesmo,tudo passa…

      Obrigado pelas verdades,as vestes do hospital, passei por isso kkkkkk,cirurgia de bruços…

      • Renilson, só pode falar disso quem passa por isto, e isto se chama “ o lugar da fala”, melhoras pra você e persistência no seu tratamento!

  8. Mary é um ser humano raro. Dentro desse momento complicado, com certeza encontrou a alegria e não resumiu sorrisos. De mente turbilhonada e de natureza “fazer acontecer” encontrou espaço para mais uma edição da Quermesse, para o descer “de bunda” uma escada. Um trabalho contínuo de olhar pelo outro com certeza também não deixou de existir. Quem é uma cadeira de rodas ou um andador ( faz a dor andar?) para segurar ser tão elevado!? Compartilhar esse seu momento comprova a grandeza e a beleza dessa “menina” do Jequitinhonha! Uma cirurgia mesmo necessária a tirou totalmente da zona de conforto e ela conseguiu com maestria fazer do “limão uma limonada”, acredito piamente! Compartilhar e se “desnudar” para o outro só a engrandece amiga querida!!! Com certeza seu texto deve ser lido e relido zilhões de vezes. Não temos o mínimo de ideia do sofrimento alheio e se temos por vezes esquecemos, porque nos foi ensinado que “meu problema é pior” ! É preciso sim ter esse “olhar atento” para com o outro e se não puder mudar o que já está, é de bom tom ajudar, o que na pior das hipóteses faz um bem danado para a alma!!! Fica a lição é preciso sim ter um “misto de paciência, “puteza” e reflexão” para sobreviver às intempéries!! Te amoooooooooo ainda mais amiga Mary 💙

    • Amiga do coração, mulher maga e feiticeira, moradora doa floresta e guardiã dos seres invisíveis. Obrigada por registrar o que flore e me enviar a beleza da vida, obrigada por cuidar dos buracos da estrada, com enxada e amor, para que outros possa passar. obrigada por enfeitar os bolos que faz com flores comestíveis, para que sementes de cuidado e amor ao planeta, brotem dentro da quem os coma. Obrigada pela generosidade de suas palavras e por achar que as mereço> Gratidão

  9. O máximo esse texto incrível da minha amiga mais incrível ainda. Me sinto muito culpada por não estar presente para carregar suas pernas, braços, seja lá o que for. Vou estar sempre disposta a fazer. A sua coragem te enobrece mais ainda. Te amo querida. E estarei sempre participando da sua vida 😄😄😄

    • Querida, seu depoimento generoso, muito me emocionou e as palavras que eu quisesse dizer pra te responder á altura, ficaram pequeninas… que vc possa estar sempre comigo e continuar me mostrando Abelzão das coisas mínimas! Love you

    • Querida, vc nunca está longe de mim, cuida de mim mesmo á distância, seja com mensagens, fotos, energia e sorrisos que emanam, como um reiki á distância, me colocam sempre em seu colo terno

  10. Valéria Cristina Souza Silva Mendonça

    Mary vc passou fielmente a descrição de um pós operatório ortopédico, sabendo q ficaria de molho por um tempo, sentiria a impotência dos movimentos, o medo, a ansiedade de se colocar no lugar antes nunca ocupado. Valorizando cada movimento conquistado com o gostinho da superação.
    O olhar e as possibilidades faziam parte do seu dia- a-dia.
    A cadeira de rodas, a muleta, o andador, o espaço…tudo.
    Mas, sabia q seu tempo seria pouco para reabilitação mas, refletindo sobre os q não podem abrir mão destes equipamentos.
    Sua experiência muito nós engrandeceu, você é muito sensível sem deixar passar nenhum detalhe.
    Parabéns por ser esta pessoa e trazer para nós reflexões de gratidão e crescimento

    • Tia Léa querida, vc mais do que ninguém sabe o que é esta dor, em sua lida diária, há anos com tudo aí citado e muito mais que nem eu imagino. Mas precisamos falar dela, pra que muitos que não a teem sejam tocados pra que o mundo desperte em relação ao outro, este espelho tão próximo, e ao mesmo tempo, tão esquecido. Num mundo cada vez mais onde a individualidade é avivada, pensar no coletivo nos faz crescer. Por maus acessibilidade no mundo

  11. Cassia Adi Lopes de Brito

    Uma delícia ler esse texto que transborda e borda as palavras em sentimentos! Passei por uma cirurgia ortopédica , não só passei,eu fiquei!
    Aprendizados mil e versões de um mundo diferente; nos deparamos com nossas fragilidades e também com as dos outros que não sabem o que fazer conosco kkk nunca nos viram frágeis, nunca nos enxergaram assim! Mas o aprendizado é geral! Aprender a sentar, a caminhar ,a deslocar, a virar, passam a ser as coisas mais significativas nesse período! Aprender sobre o tempo, aprender que a espera é dolorosa, mas é também o que te dá esperança! Dizem que sou bionica porque tenho articulação de titânio, mas sou mesma feita de carne e muita coragem!
    Amei o texto da Mary! Super bem colocado! Obrigada por compartilhar a sua e a minha,a noitada experiência

    • Cassia querida, te conheci faz pouco tempo e ja estou forçando amizade pra gente ficar íntima… Vc passou por uma experiência muito maior que esta e sabe falar do aprendizado que a vida nos deu: estar no lugar do outro, obrigada

  12. Amei o texto, Mary!
    Cherei e dei risada.
    Você é inspiradora, parabéns pela sua coragem e honestidade!
    Obrigada, Laura, por conpartilhar o texto da Mary com a gente

    • Lindeza do meu coração, mulher que tanto admiro, obrigada pela delicadeza de existir no mesmo tempo em que vivo, obrigada por rir e chorar comigo

  13. Quanto sensibilidade em sua fala Mary. Gratidão por compartilhar seus aprendizados.

    • Obrigada à você pelo amor e carinho, que sempre me dedicas e pela arte que faz à espalhar leveza e beleza no mundo

  14. Quanto desprendimento da minha querida amiga Mary em relatar sobre a cirurgia, o viver pós operatório…texto que muito me emocionou , pois tenho vivenciado várias situações parecidas dentro da minha própria família ( sou de uma família de 06 mulheres guerreiras e idosas) uma irmã levou uma queda , outra fez uma cirurgia delicada de coração , outra fez recentemente uma cirurgia de catarata…. Obrigada minha querida Mary por compartilhar suas experiências de vida com tanta verdade e clareza!!!!

    • querida, pena essa cidade sua ficar longe da minha, pena nossa casa não ser parede e meia pra que a gente pudesse trocar, xícaras de açúcar, cebola e choros

  15. Maravilhoso depoimento, só uma pessoa sensível como a Mary para me fazer rir dos momentos dolorosos que passou.
    Parte do depoimento, eu passei também, só faltou a experiência de voar como cadeirante (no Brasil e na Austrália) entrar no avião como se fosse carga, colocada num elevador que vai até a porta da aeronave e nos corredores do aeroporto numa cadeira voadora ou num carrinho voador com uma bandeira escrito “Caution” rsrsrs

  16. Belo texto, realmente “a dor é só de quem tem”. Difícil mesmo mostrar nossas vulnerabilidades, faz pensar e tentar nos colocar no lugar do próximo.

  17. Genteeeeeeee!!!!!
    Estou chapada de emoção!! Aliás, qdo se trata de Mary Arantes, se prepare… vem coisa boa por aí.
    Estou numa praia paradisíaca e ontem dei um tropicao e acho que quebrei um dedinho do pé…na hora, além da dor, uma “puteza”: pronto! Atrapalhou minhas férias! Mas mesmo assim, fazendo caminhada na areia, pensei que falta faz um dedinho!!! Andava torta e encolhendo o pé. Agora, depois desta lição dada por este texto maravilhoso, tô nem aí pra uma dor quase imperceptível! Pena a gente só lembrar de como nosso corpo , todo, funciona tão bem qdo “falta” um pedacinho. Imagine o tal “tendão”….
    Mary , obrigada pela lição! Laura, você é um show!!
    Beijos, Ilma

    • Amiga que a vida me deu de presente, vc é preciosa demais mulher, fico até com dó de te usar, pois queria te guardar num cofre, feito joia preciosa, tamanho o seu valor para mim. Obrigada pelo seu depoimento. Amo-te!

  18. Que linda é forte história…Lindura da minha vida é sobrevivente do “Aquiles” !!! Uhuuuu…como sempre proseando sorridente né? DEUS continue te abençoando!!!

    • Berinja, você me deu tantas coisas lindas na vida, um nome que ninguém mais tem, Meirelles, uma amizade incondicional, na primeira aula de culinária, me ensinou o que era fouet e tantas outras coisas preciosas. Ah, me ensinou a falar o que mais falo, lideza, lindura, lindurice e que Deus continue também te abençoando, de “preferença”, pertinho de mim

  19. Texto maravilhoso, tão leve e tão reflexivo. Conseguir olhar e acolher nossa vulnerabilidade, nos faz também acolher a ajuda do outro. Existe um lugar de fala, um lugar de olhar, um lugar de escutar…um lugar em que todos podem ser diferentes e ao mesmo tempo iguais, este lugar começa a partir de nós!

    • Amiga, a cada dia que passa me surpreendo com vc, vejo que aquela mulher que conheci com “olhos de coruja”, agora enxerga mais do que vê. Obrigada por cuidar de mim e por me acolher sempre, sou sua fã

  20. Mary Figueiredo Arantes

    Laura querida, acordar com este presente seu é como acordar num dis de sol, recebendo a luz incidindo sobre o corpo. Luz que ilumina não apenas a minha pessoa, mas todos aqueles que estão nessa posição. Desde que te conheci e que te sigo, aprendo muito com você, a como ser uma ativista com leveza, a como passar recados com delicadeza. Obrigada por existir e fazer o seu papel que com certeza, é deixar o mundo melhor pros que virão. Que possamos todos, te ajudar a faze “ rampas” pra um mundo mais acessível! Obrigada pelo presente!

    • Mary, eternamente grata! Por tudo!

      Para começar, pelas sementes de papoula que compartilhou comigo há alguns anos, pra fazer bolo, lembra? Fui ao seu ateliê buscá-las e me surpreendi com a quantidade, que deu pra fazer 3 bolos, qdo um já teria me trazido muitas alegrias. Vc foi tão generosa, como tem sido – comigo e com tantas outras pessoas, ao longo dos anos.

      E, para terminar, porque senão a lista ficaria imensa, muito obrigada por este comentário. Nem vou falar mais nada, porque fiquei entalada de novo… hahaha

      Eita! Este texto tem motivado tantas exclamações e emoções, hein?

      Se eu não ganhasse mais nada da vida (mas eu ganho…), ficaria feliz, simplesmente, se, ao partir deste planetinha, no final dos meus dias por aqui, algum espírito protetor aparecesse com uma simulação de diplominha em que estivesse escrito: “Cumpriu sua tarefa de deixar o mundo melhor para os que virão”.

      Não preciso de mais nada.

      Obrigada, Mary! Obrigada, obrigada, obrigada!

      • querida, só agora vi este comentário, que é um texto generoso e ao mesmo tempo um poema… o diplominha é a coisa mais linda que já vi, mas tenho certeza que o Moço que de lá de cima tudo vê, deve estar computando notas para nossa apresentação final na escolinha da vida!

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