Voando pela Gol e pela British Airways: minha experiência

 

Aeronave da British Airways (imagem do Google)

 

Em minha viagem para o Reino Unido, para a temporada de intercâmbio, comprei as passagens para voar pela British Airways. Porém, de Belo Horizonte até São Paulo, de onde  partiria o voo para a Londres, o trajeto foi feito por uma companhia parceira. No caso, a Gol.

Acho muito importante compartilhar minha experiência porque, embora ela não possa ser generalizada, auxiliará você a ficar atento a alguns detalhes importantes. Me acompanha?

 

Alerta inicial

 

Antes de qualquer coisa, quando o assunto é viagem aérea, vale um alerta: sempre, mas sempre mesmo, leia todas as informações que a companhia escolhida disponibilizar sobre o atendimento a usuário de cadeira de rodas ou com mobilidade reduzida. Assim, você não corre o risco de ser pego de surpresa e não saber como realizar os pedidos de que necessitar.

Como eu disse, comprei passagens da British Airways, e fiz isso por muitas razões, entre as quais o fato de ela ser a única companhia que faz Belo Horizonte-Newcastle com conexão em Londres. Outras companhias faziam conexão em Lisboa, Paris ou Amsterdã. Mas eu queria visitar Londres…

No Brasil, fiz a conexão em São Paulo, e, por causa do horário que escolhi, tive de voar pela Gol, que era a companhia parceira naquele horário.

 

Consulte o site da companhia aérea e leia tudo que se refere ao atendimento à pessoa com deficiência, incluindo bagagem e franquias. Não descanse enquanto houver dúvida, e siga todos os procedimentos recomendados.

 

Voando Gol

 

Já vou começar falando de problemas, infelizmente. Enfrentei uma total desorganização no check-in da Gol no Aeroporto de Confins, que atende Belo Horizonte… Fiquei atônita e vou te explicar a razão.

Havia uma única fila para as prioridades (que incluem pessoas com deficiência, gestantes, pessoas com crianças de colo, idosos). Para esta fila, havia apenas um atendente. Fiquei 40 minutos nesta fila, que, repito, é para pessoas que têm necessidade de ser atendidas com agilidade, de modo geral porque não podem ficar de pé durante um período prolongado. A fila ficou, durante um longo tempo, totalmente parada. Ninguém era atendido!

É regra que, para voos internacionais, que o passageiro chegue com 3 horas de antecedência. Não acho prudente o cadeirante descumprir essa recomendação, porque não podemos fazer check-in virtual. Nossa bagagem tem de ser despachada de modo convencional, e o assento é definido na hora. Por isso, sou cumpridora dessa obrigação.

Mas por qual razão a fila não andava?

Porque a companhia aérea deixava passar na frente todas as pessoas que estavam chegando atrasadas para o voo que estava prestes a decolar.

E o que acontecia com quem tinha chegado mais cedo? Ficava estacionado na fila, aguardando os atrasados serem atendidos.

A mensagem que a companhia estava passando é a de que é compensador descumprir a norma e chegar atrasado, concorda? Isso porque, a pessoa chegando atrasada, não precisa enfrentar fila. Eu não sei que nome dar a uma prática dessas, mas considerá-la desrespeito por quem chegou na hora é o mínimo. Lamentavelmente, fiquei sabendo que isso ocorre também com outras companhias.

 

Um mês depois…

 

Bem, agora vamos avaliar o atendimento no retorno da viagem, um mês depois.

Faz parte das normas brasileiras que o passageiro de voo internacional passe pela alfândega no primeiro aeroporto em que pousar no Brasil, e não no aeroporto de destino.

Sendo assim, ao pousar em Guarulhos, eu teria de retirar a bagagem, passar pela alfândega e novamente despachar a bagagem para Belo Horizonte.

Após pousar em Guarulhos e ter feito o check-in de conexão na Gol (que não fica junto do check-in convencional e foi muito competente), o funcionário do aeroporto me conduziu até o balcão da companhia para solicitar assistência especial até a aeronave que partiria para Belo Horizonte. A obrigação dele terminaria ali e passaria a ser da companhia aérea.

Não sei dizer quanto tempo levou para que eu e ele conseguíssemos uma informação sobre como seria o procedimento a partir dali. Os funcionários da companhia não sabiam informar, e o que falavam era contraditório. Foi estressante.

Já dentro da aeronave, o tratamento foi correto, simpático e gentil, fora um copo d’água que a comissária derrubou em mim. Mas sempre tem uma primeira vez, né?

 

British Airways, A380 Airbus - Imagem do site http://citifmonline.com/

British Airways, A380 Airbus – Imagem do site http://citifmonline.com/

 

Voando British Airways

 

Vou confessar logo: fiquei encantada com o atendimento da British. Explicarei por quê, assim como explicitarei os inconvenientes que encontrei, para que, caso algum dia escolha esta companhia, você fique atento. Mas é preciso mencionar que o atendimento muda conforme o aeroporto, o que aconteceu com todas as companhias aéreas que já utilizei, no Brasil e no exterior.

Além disso, vale sempre checar a experiência de outros cadeirantes: isso pode nos auxiliar a prevenir muitas situações difíceis. Por exemplo: eu já tinha publicado no blog o relato da Marília (leia aqui), sobre as dificuldades que ela passou com esta companhia. Por causa da experiência dela, procurei me precaver, como você observará a seguir.

 

Check-in

 

Em Guarulhos foi cordial, atento e correto. O balcão é baixo, adequado para cadeirantes. Em Londres (Heathrow), também foi adequado.

Já em Newcastle upon Tyne, ao fim do intercâmbio, foi abaixo da crítica. Quando cheguei, não havia ninguém atendendo (Como assim??? Não, não era de madrugada; eram quase 13 horas). Após alguma espera, apareceu uma atendente. Uma! O balcão é alto, então tive de conversar com ela pela lateral. Como falei que precisava de auxílio para embarque, ela me instruiu a me dirigir até um outro local, relativamente perto, a fim de solicitar assistência.

Nesse local, o balcão era ainda mais alto… Não havia atendente, que chegou dentro de alguns minutos e começou a me atender assentada, sem olhar para mim, mesmo porque não me enxergava. Nesse ponto, meu sangue ferveu; subi o tom de voz e disse a ela que eu não a estava enxergando nem escutando, quanto mais entendendo o que dizia!!! Foi só então que ela deu um sorriso e ficou de pé para me atender.

 

Procure chegar ao aeroporto descansado e bem-alimentado, a fim de conseguir manter a calma em quaisquer circunstâncias. Isso não significa ficar passivo, mas exigir seus direitos com tranquilidade e firmeza. Imagem: Daiga Ellaby

 

Espaço para pessoas que necessitam de assistência

 

Feito o check-in, tanto em Newcastle quanto em Londres, pessoas com deficiência podem aguardar em um espaço destinado a quem precisa de assistência para embarque.

Em alguns, há um interfone para acionar um atendente caso demorem muito para nos buscar (ou nos esqueçam). Foi o que fiz em uma das vezes, pois fiquei ansiosa com o horário (e eu já havia lido o relato da Marília sobre a British “esquecer” os passageiros). Funcionou.

Mas notei que não havia esse interfone em todos os lugares, então é preciso que o passageiro fique atento com o horário. Tenha em mente, porém, que este alerta vale para qualquer companhia e qualquer aeroporto. Não entregue essa responsabilidade a nenhuma companhia aérea, pois elas falham.

Em Heathrow (aeroporto em Londres), um funcionário da companhia me acompanhou até o portão de embarque. Mas ninguém me acompanhou do portão de embarque até a aeronave, e a distância é longa. Um senhor chegou a comentar comigo, de forma bem-humorada, que era “mais uma viagem” que teríamos de fazer, e foi ele que gentilmente empurrou minha cadeira até a porta da aeronave. Isso aconteceu comigo também no JFK, em NY, pela American Airlines. Então, se precisar de ajuda ATÉ a aeronave, deixe claro, porque parece não ser praxe que isso ocorra em alguns países.

 

Atendimento a bordo

 

Foi muito eficiente e gentil, em todos os voos (fiz 4 voos pela British). Agora, aqui vão algumas dicas e observações:

  • Tive a ideia de combinar, com uma das comissárias, o horário em que eu gostaria de ir ao banheiro (após o jantar e meia hora antes do café da manhã) e deu certo. Achei melhor assim, porque não adianta tocar a campainha, porque nunca aparece ninguém, em nenhuma companhia aérea. Resta também a opção de pedir a seu vizinho do lado para se levantar e laçar um comissário… Claro, isso quando você viaja sozinho.
  • A comida a bordo estava boa e farta. Quando adquirir as passagens, você pode entrar no site e escolher o tipo de refeição. Eu sempre opto pela vegana, até as refeições especiais vêm antes das outras =).
  • A aeronave era mais espaçosa do que a regra geral, incluindo o corredor.
  • Foram cuidadosos para me transportar na cadeira de transbordo (ou aisle chair), uma cadeira estreita que é usada para o transporte do cadeirante dentro da aeronave.
  • O banheiro é pequeno; foi necessário fazer a transferência de frente, e não de lado. Não preciso de ajuda para isso, porque meus braços são fortes. Se você precisa, acredito que não será uma operação simples, em razão do espaço limitado.

 

Acredite: dicas simples podem fazer a diferença para ter um voo melhor!

 

Prêmio para a British

 

De todas as companhias aéreas que já utilizei, a British foi de longe a melhor, pela gentileza, pela eficiência, pelas condições da aeronave (com exceção do banheiro; na TAM e na Tap, por exemplo, foram melhores). Não tive problema com bagagem, mas pode ter sido apenas sorte…

E por hoje é só. Para finalizar a série sobre o intercâmbio, fico te devendo um post sobre o hotel em Newcastle, outro sobre a escola e ainda outro sobre Londres. Ainda tem também um post sobre o que é voo codeshare e por qual razão opto sempre por ele.

Até a próxima!

 

Para saber mais:

 

Site Viaje na Viagem | Companhias low-cost na Europa: cuidados necessários

 

Posts da série Intercâmbio

 

Intercâmbio para cadeirantes: uma experiência possível

Por que escolher Newcastle (UK) para seu intercâmbio

Onde comer, comprar e ir ao banheiro em Newcastle

 

About Laura Martins

Laura Martins criou o blog Cadeira Voadora em 2011 para compartilhar suas experiências de viagem em cadeira de rodas. Para ela, viajar desenvolve inúmeras habilidades, nos faz menos intolerantes por conviver com as diferenças e ajuda a construir inclusão, porque as cidades vão ficando mais preparadas à medida que as pessoas vão se fazendo visíveis. Entre em contato pelo e-mail contato@lauramartins.net.

8 Comments

  1. Oi Laura! Li que vc ia fazer um post sobre a escola de Newcastle, mas não achei… O que vc achou da escola? Obrigada! Bj, Luíza

    • Puxa vida, Luíza! O tempo passou, outros assuntos vieram, e eu me esqueci, acredita?
      Vou tentar fazer um post em no máximo uma semana, ok? Se eu não conseguir, te mando pelo menos algumas informações por e-mail.
      Eu gostei sim, mas preciso explicitar as ressalvas.
      Um beijo e obrigada pela lembrança!

  2. Gostaria de dicas para viagens ao Canada, sou cadeirante moro em OLINDA.GOSTO MUITO DE VIAJAR.

    • Oi, Laércio, tudo bem? Seja bem-vindo ao blog!

      Eu ainda não fui ao Canadá, mas a Michele Simões, que também é cadeirante, fez intercâmbio nesse país. Acredito que vc encontrará dicas no blog dela, o Guia do Viajante Cadeirante.

      Abraço e boa sorte!

  3. Muito legal o seu texto e bem esclarecedor, Laura.
    Tive problemas com a Gol também e os achei bem despreparados quando viajei para Maceió esse ano (saí de Bh). Quero tentar outra cia na próxima.

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